Errar não basta para aprender

07/08/2021 by in category Capitulos, Textos, Três passos tagged as , , with 0 and 0

Tentamos encaixar a peça quadrada no buraco triangular. Não funciona. Erramos. Tentamos encaixar a peça redonda no buraco triangular. Não funciona. Erramos. Tentamos encaixar a peça triangular no buraco triangular. Funciona. Acertamos. O mesmo processo se repete para infinitas outras aprendizagens que temos no decorrer da vida. Então, errar parece mesmo ser o único requisito necessário para aprendizagem. É errando que se aprende. Só que não! No processo de desenvolvimento pessoal, errar não é sinônimo de aprendizagem. Errar é o primeiro passo, mas não é suficiente. Além de errar é preciso admitir o erro. Enquanto não admitimos nosso erro, não aprendemos e não melhoramos como pessoas. E não me refiro a admitir o erro para os outros, mas admitir para si mesmo.

É por isso que uma das principais práticas religiosas é a confissão. Na terminologia religiosa, o erro recebe o nome de pecado. Confessar os pecados é admitir os erros. Com a advento da psicologia, os confessionários religiosos foram transferidos para os consultórios dos psicólogos. Ao invés do pecador ficar de joelhos, ele se deita em um divã, ao invés de receber uma penitência, recebe um diagnóstico e uma prática terapêutica. Mas a prática da confissão continua a mesma.

Admitir foi, é e sempre será o primeiro passo para começar um processo de desenvolvimento pessoal. É preciso parar de defender a doença para dar início ao processo de cura. Os médicos sabem disso, os religiosos sabem disso, os terapeutas sabem disso. Até aqueles que defendem suas doenças sabem disso, apenas não admitem. E por que não admitem? Porque preferem fingir um ideal. Não suportam assumir e encarar seus erros. Vivem ilhados no medo de errar. Não sabem perdoar seus erros.

Você nasce em absoluta ignorância, sem saber sequer que existe. Então, se tem algo certo na vida humana, é que você vai errar. Quer uma certeza? Pode ter certeza que você vai errar, o tempo todo, até morrer. E isso é ótimo! Isso é seu processo de despertar acontecendo. Mas quando você nega seus erros, você bloqueia seu despertar e fica atolado no remorso. É isso que acontece com Ted, o protagonista do filme Ilha do Medo. Ele comete um erro, mas não é capaz de admitir, logo, não consegue se perdoar, fica atolado no remorso. Só tem um jeito de sair da ilha do remorso e chegar na ilha do perdão, pegando uma balsa que se chama “admitir”. Essa balsa está disponível para todos, 24 horas por dia. O bilhete para entrar na balsa se chama “arbítrio”. Vai pegar a balsa hoje?

© 2023 • 1FICINA • Marcelo Ferrari