O mestre deixou uma tarefa para seu discípulo antes de viajar: “Sabe aquela pedra enorme que fica atrás da casa? Quero que você acorde cedo e empurre-a o dia inteiro. Faça chuva ou faça sol, nunca pare de empurrá-la. Empurre-a com toda sua força e toda a sua vontade”.
No dia seguinte, o discípulo acordou cedo e começou a empurrar a pedra. Só que a pedra era muito grande e não se movia. No dia seguinte, empurrou mais forte. Nada da pedra se mover. No dia seguinte, empurrou mais forte ainda. Todo dia o discípulo empurrava a pedra com mais força, só que a pedra não se movia.
Depois de passar três anos empurrando uma pedra que não se movia e sem notícias do seu mestre, o discípulo concluiu que seu esforço havia sido em vão e desistiu da tarefa.
No dia seguinte, o mestre voltou de viagem. Já era quase meio dia e o discípulo ainda estava dormindo.
O mestre acordou o discípulo e questionou: “Esqueceu da tarefa? Por que não está empurrando a pedra como lhe pedi?”.
O discípulo respondeu: “Passei três anos empurrando aquela pedra, de manhã até de noite, com todas as minhas forças, cada vez mais forte, só que a pedra não se moveu um milímetro sequer. Por isso, desisti”.
O mestre disse ao discípulo: “Você entendeu errado a tarefa. Eu não pedi para que você movesse a pedra, pedi para que a empurrasse. Olhe para você! Seus braços estão fortes e musculosos. Suas costas estão largas. Suas mãos estão curtidas. Suas pernas se tornaram firmes. Tudo isso porque você se exercitou empurrando a pedra. De que vale mover uma pedra? Não vale nada! Mas você se desenvolveu, se superou e se autorrealizou. Isso sim é valioso!”.
Essa metáfora ilustra um equívoco que você vem cometendo desde sempre. Você tem gratidão pelas portas abertas, por tudo de bom e por tudo que deu certo na sua vida, mas tem mágoa das portas fechadas, de tudo de ruim e de tudo que deu errado. Só que deveria ser o contrário.
Portas abertas é vida boa, vida sem ruim, sem infortúnio, sem problemas. Vida boa só serve para criar pessoas preguiçosas, tolas e mimadas. Pessoas incapazes de resolver problemas, incapazes de lidar bem com frustrações, infortúnios, rejeições, contrariedades e mosquitos. Pessoas incapazes de viver bem quando a vida está ruim.
Vida boa não te faz levantar e andar, pelo contrário, te mantém engatinhando no chão feito neném. É o ruim que te faz ficar bom.
Maestria não é um produto de portas abertas, é produto de portas fechadas. Basta você olhar para qualquer competência sua e verá que é fruto de portas fechadas. Porta aberta te fecha, porta fechada te abre.
Demora um tempo para você entender isso. E, enquanto não entende, vive na lamúria e na mágoa, reclamando das portas fechadas e das pedras no meio do caminho. Acreditando que portas fechadas são castigo, azar, etc. Quando você entende que portas fechadas são uma benção: fim da mágoa. Você cai de joelhos arrependido da sua ignorância e acende velas de gratidão para cada uma das portas que lhe foram fechadas.
Nesse dia, finalmente, a porta do bem viver se abre para você.