Já senti. Atualmente não sinto mais. Na juventude, por exemplo, minha mãe entrava no quarto quando estava tocando violão e pedia para eu ir ao banco. Eu dizia que ia depois, pois estava tocando violão. Ela ficava irritada, me chamava de vagabundo e dizia que a vida não era feita só de tocar violão. Eu me sentia um inútil e ia ao banco. Duas horas em pé na fila, sem fazer absolutamente nada, só para não ser considerado vagabundo. Quando voltava para casa, antes de entrar no quarto, minha mãe já tinha outra coisa útil para eu fazer, muito mais útil que tocar violão. E assim por diante. Até que adquiri autonomia financeira, afetiva e intelectual. Hoje em dia a mentalidade utilitarista não me pega mais. Se pegasse, não estava há 12 anos trabalhando de graça na 1ficina.