“Ninguém nasce sabendo”, diz o ditado popular. Isso é um equívoco. Claro que você não nasce sabendo andar, falar português, nem nada do que aprende depois que nasce. Mas se você não nascesse sabendo, como saberia que nasceu? E mais! Quando você não sabe de algo, como saberia que não sabe?
O que você aprende depois que nasce, não é saber, é sabedoria. Andar é sabedoria, falar português, é sabedoria. Você pode aprender infinitas sabedorias, desde fazer tricô a dar um salto duplo mortal carpado, mas é impossível aprender a saber. Se fosse possível, bastaria matricular um cego em um curso de ótica e ele começaria a enxergar.
Saber é capacidade perceptiva inata. Saber é anterior ao que você está sabendo. Por isso que toda experiência passa e o saber permanece. Saber é parte da sua natureza existencial. Você é saber. Só que você não sabe disso. Você ignora sua natureza existencial. Por quê?
Imagine que você fosse incapaz de fechar os olhos, o que aconteceria?
(1) Você confundiria o que você está enxergando (visto) com a visão (ver).
(2) Você não saberia o que é enxergar porque não saberia o que é não-enxergar.
É impossível não saber, por isso:
(1) Você confunde o que está sabendo (sabido) com o saber.
(2) Você não sabe o que é saber porque não sabe o que é não-saber.
Resumindo: você ignora que é consciência porque é consciência.