Na infância, eu tinha um amigo nerd que montava umas maquinetas malucas. Eu, que era fã do Professor Pardal, ficava vidrado nas produções dele. Um dia, ele me levou até a sala da casa dele e me mostrou uma tábua cheia de fios e interruptores.
“O que é isso?”, eu perguntei.
“É um computador”, ele respondeu.
Depois ele conectou a tábua na televisão da sala, mexeu nos interruptores e fez nascer um quadradinho branco que se deslocava pela tela preta.
Passado um ano, meu amigo comprou um TK85. Creio que foi o primeiro PC do mercado brasileiro. O TK85 não tinha entrada para disket. Nem existia disket ainda. Os programas vinham em fitas K7 e os usuários tinham que fazer uploud usando um toca-fitas.
Fiquei entusiasmado para jogar os joguinhos. Abri a caixa de programas e peguei uma fita K7 com um jogo chamado “jogo da vida”. Coloquei a fita K7 no toca-fitas e apertei o play.
Só que esqueci de ligar o fio que conectava o toca-fitas ao computador. Por conseqüência, comecei a escutar uns barulhos: “pi-pu-iiii-uu-oo-eoeoiii-tu-xiii”. Fiquei assustado. Achei que tinha estragado o computador.
“O que é isso?”, perguntei.
“É o código do jogo da vida!”, respondeu meu amigo.