A professora pediu aos alunos que fizessem um verso com rima de tarefa. No dia seguinte, foi verificar a tarefa.
— Leia seu verso, Mariazinha — disse a professora.
— A rosa é formosa — ela disse.
— Muito bem, Mariazinha! — disse a professora.
— E você Joãozinho, qual é sua rima?
— Urubu tem pena no cu — ele disse.
— Tá errado! — disse a professora — Refaz a tarefa que amanhã vou perguntar novamente.
No dia seguinte a professora voltou a perguntar:
— Qual é sua rima, Joãozinho?
— Urubu tem pena no cu — ele disse.
— Já falei que tá errado! — disse a professora — Refaz a tarefa que amanhã vou perguntar novamente.
Depois de um mês fazendo a mesma tarefa, Joãozinho já estava de saco cheio da professora. Então, quando a professora perguntou:
— Qual é sua rima, Joãozinho?
Ele disse:
— Urubu tem pena no pé, porque no cu a professora não qué.
Eis a dificuldade de viver autoísta. Seu urubu é seu, você é livre para colocar a pena onde quiser. Sua vida é sua, você é livre para viver como quiser. Mas os professores (religiosos, morais, sexuais, etc) te reprovam e te mandam refazer a tarefa, até você aprender, até você viver do jeito que eles querem. E o pior é que não fazem isso por mal, fazem isso porque os professores deles fizeram o mesmo com eles.
Essa rima se chama uniformidade, é triste, mas é verdade. Acontece o tempo todo, desde sempre, em todo lugar. E se você não suportar a rejeição, a punição, e a discriminação por viver sua própria rima, vai acabar rimando amor com dor, se transformando em mais um professor da uniformidade e enfiando a pena no cu dos outros. É isso que você quer?