Você acredita que o universo é aquilo lá. Você abre a janela, olha para o céu e fala: “Olha o universo lá!”. Ou então, você lembra do que viu nos filmes, nas reportagens, nos documentários. Tudo isso faz você acreditar que o universo é o que você está vendo. Não é! Isso que você vê quando olha para fora da janela, não é o universo, é sua experiência de olhar para fora da janela. Só isso. É muito importante que você entenda o que é o universo. A 1ficina é universalista. Quando você entender o que é o universo, você entenderá muito melhor o que é a universalidade. A função desse livro é ser o mais didático possível para que você entenda porque a realidade não é externa, porque matéria não existe, do que matéria é feita, e o que é o universo. Boa leitura e muitas EUrekas!
Essa imagem demonstra a forma como você vive rotineiramente e como acredita que as coisas funcionam no seu dia a dia. Existem duas partes principais: você, o observador, e as coisas que você vê, o observado. A todo instante, você está nessa dinâmica: você, o observador, está observando algo, o observado.
Note sua situação atual: você está lendo este texto em seu celular ou computador. Você pode olhar ao redor e ver a parede, o teto, uma cadeira, uma mesa, ou qualquer outra coisa no ambiente. Em cada uma dessas situações, você é o observador e aquilo que você vê é o observado: cadeira, mesa, celular, copo, telefone, lâmpada, televisão e assim por diante.
Porém, há um erro nessa compreensão. Falta algo importante nessa imagem e nesse entendimento. O que está faltando?
A ciência já explicou que sua percepção do mundo não é direta. Quando você olha para um passarinho, seu cérebro cria uma imagem mental desse passarinho. Você não está vendo o passarinho em si, mas uma representação mental dele. A visão envia a informação para o cérebro, que cria a imagem com formas mentais, resultando na experiência do passarinho. Assim, o que você realmente vê é uma experiência mental gerada pelo seu cérebro.
Durante muito tempo, acreditou-se que a percepção era uma experiência direta do mundo externo, mas hoje sabemos que não é assim. A visão é um processo onde o cérebro recria o mundo dentro da sua cabeça, resultando na experiência da realidade. Embora pareça que a realidade está lá fora, essa é uma ilusão criada pela sua mente, que reconstrói o mundo com altura, largura e profundidade, gerando a sensação de espaço externo.
Portanto, o que falta na primeira imagem e entendimento, é reconhecer que a sua experiência do mundo é uma construção mental. Este conceito é explicado detalhadamente no vídeo e no livro “Fim do Mundo Externo”. A visão e a percepção são processos internos, onde o cérebro cria uma representação mental do mundo. Reconhecer isso é fundamental para você entender a verdadeira natureza da sua experiência cotidiana.
Porém, há um erro nessa compreensão também. Falta algo importante nessa imagem e nesse entendimento. O que está faltando?
Você acredita que o mundo é como você o vê? Você já se perguntou se o mundo que você vê é real? Se existe um mundo de verdade lá fora? A verdade é que não existe o mundo “real” lá fora. Existe apenas a experiência do mundo dentro da sua cabeça.
É normal pensar o contrário, afinal, não é isso que os nossos sentidos nos dizem. Mas essa é a grande pegadinha da realidade: você supõe que, por estar vendo um mundo dentro na sua cabeça, ele também existe lá fora, cheio de objetos independentes.
Pense em um óculos de realidade virtual. Quando você vê algo no óculos virtual, não significa que aquilo realmente exista fora dos óculos. Da mesma forma, quando você sonha, as coisas que você vê e experimenta no sonho não são reais no mundo exterior.
Imagine que você e sua família estão usando óculos de realidade virtual e veem uma barata. Cada um tem a mesma experiência visual, mas isso não significa que existe uma barata real lá fora. A informação que chega aos seus sentidos cria uma experiência que parece real, mas é uma construção interna.
Agora, pense no sonho. Quando você sonha, tudo parece tão real quanto o mundo acordado. Você pode sentir, ver, ouvir e até mesmo experimentar o ambiente do sonho, mas tudo isso acontece dentro da sua mente. Não há um mundo externo de fato.
Você está vendo um passarinho no seu sonho, mas não existem dois passarinhos: um no sonho e outro na realidade. Existe apenas o passarinho “sonhado”, dentro da sua imaginação. O mesmo princípio se aplica à sua vida “acordada”.
Pegue um objeto qualquer que esteja na sua frente. Você vai jurar de pé junto que ele está do lado de fora, porque está tendo uma experiência tátil, visual, sensorial em três dimensões. Mas, na verdade, o objeto que você está segurando, a garrafa, o copo, só existe dentro da sua cabeça.
A realidade virtual e os sonhos são as melhores analogias para entender que a experiência de mundo não é uma realidade externa objetiva. O que você vê, sente e experimenta é uma interpretação interna da informação que recebe do universo. O que você chama de mundo externo, não é um mundo externo.
“Mas se não tem mundo, porque eu vejo um mundo?”, você deve estar se perguntando. Você vê um mundo porque recebe estímulos.
Pense na internet. As informações que você recebe da internet não têm nenhuma forma, são dados brutos esperando para serem processados. Quando você se conecta à internet, esses dados viajam pelos cabos, chegam ao seu dispositivo e passam por um processo de decodificação. Essa decodificação converte dados sem forma em imagens, palavras e sons.
O mesmo acontece com a sua experiência do mundo. Você não vê os impulsos que recebe. Existe um fluxo de informações que chega até você, através dos seus sentidos, e esse fluxo é processado e decodificado pelo seu cérebro. O resultado é: o mundo.
Imagine que você conectasse um cabo de internet diretamente no seu olho. O que você enxergaria? Nada. Você só iria levar um choque. Da mesma forma, você não pode ver o fluxo de informações “cruas” que chegam até você. Você só pode ver a versão decodificada, interfaciada, que o seu cérebro cria e que você chama de realidade.
Porém, há um erro nessa compreensão também. Falta algo importante nessa imagem e nesse entendimento. O que está faltando?
A ideia de que você, observador, é o corpo, é um dos maiores obstáculos à compreensão da sua verdadeira natureza. Você acredita que o seu corpo é físico. Mas a verdade é que o seu corpo também não é físico nem externo, também é uma construção mental dentro da sua cabeça, logo também é uma experiência.
Você está tendo a experiência do seu corpo, da mesma forma que está tendo a experiência de um passarinho, de uma mesa, de uma cadeira. O que você chama de corpo não está observando o resto da experiência que você chama de realidade, está sendo observado.
Porém, há um erro nessa compreensão também. Falta algo importante nessa imagem e nesse entendimento. O que está faltando?
Entendido tudo explicado até agora, você pode pensar: “Se nada está no mundo, se não existe mundo externo, se tudo está dentro na minha cabeça, inclusive minha cabeça, onde eu estou?”
Você está no universo.
E o que é o universo? É esse mar de impulsos que você experimenta por meio de uma interface. A realidade que você conhece é o resultado dessa interface. Você é um ser universal, emitindo e recebendo impulsos. Todos os seres do universo estão fazendo o mesmo, emitindo e recebendo impulsos uns dos outros.
Esses impulsos são decodificados por seu “sistema operacional” humano, permitindo que você tenha experiências humanas. Sem esse sistema, você não poderia ter experiências. Seu sistema operacional transforma esses impulsos em percepções de dimensões, cores, sons e cheiros. Ele cria sua realidade.
Na verdade, não há um “lá fora” ou um “aqui dentro”. Existem apenas experiências de externalidade e internalidade. Experiências de distância e proximidade. Tudo o que você conhece são suas experiências, ocorrendo no vazio absoluto do universo.
Então, o que é iluminação existencial? É o processo de despertar para essas verdades. Você começa na ignorância, acreditando em um mundo material e físico. Gradualmente, você percebe que está equivocado. Você começa a entender que o mundo lá fora é uma construção da sua mente.
O primeiro passo no despertar existencial é perceber que não há um “lá fora” para se agarrar. Você ainda pode se agarrar a si, pensando que tudo está na sua cabeça. Mas quando você percebe que se até sua cabeça está dentro da sua cabeça, então, onde está sua cabeça? Você se dá conta que é o experimentador da sua experiência. Quem mais poderia ser você, senão aquele que está tendo a experiência que você está tendo? É simples e óbvio: você é o experimentador da própria experiência.