29 | TUDO É VAIDADE

15/09/2022 by in category Mayasang with 0 and 0

A festa de Nossa Senhora de 2009 foi em Uberlândia, cidade que moro atualmente. Foi nessa festa que conheci minha terceira e atual esposa. Joaquim pediu que ela organizasse o encontro. Ela não tinha ideia de como fazer isso. Ele falou para ela entrar em contato com o moxo conome ducarro. Muitos anos depois, vim morar em Uberlândia e nos casamos.

Nesse dia, dei uma palestra sobre certeza. Primeiro rodeei o problema. Faltava dar a solução.

— Então, Ferrari, qual é a solução? — me perguntaram.

— A solução é trocar de certeza — respondi.

O tema da palestra estava escrito na lousa: “A busca pela certeza”. Peguei o apagador e apaguei a letra “c” de certeza. Ficou escrito: “A busca pela _erteza”.

— A solução é trocar a letra “c” por outra letra — eu disse.

Perguntei qual era a outra letra, mas ninguém conseguiu formar uma palavra compreensível na língua portuguesa. Passado um tempo de burburinho, escrevi a letra “s”. Ficou escrito assim: “A busca pela serteza”. A platéia fez cara de ué. Eu expliquei.

— É impossível ter certeza, é uma busca sem fim, igual procurar um pote de ouro na linha do horizonte. Porém, você pode ter serteza, aqui, agora e sempre. Não precisa nem buscar. SERteza é estar consciente de si, de ser, da própria existência.

Mais uma vez fui demasiado espiritual para uma plateia demasiada humana. Mas estava melhorando. Pelo menos, dessa vez, não usei o código-fonte da Matrix.

Vaidade de vaidades! Tudo é vaidade! Que grande ilusão! Nada faz sentido! Que vantagem tem o ser humano em todo o seu trabalho, em que tanto se dedica debaixo do sol? Gerações nascem e gerações morrem, mas a terra permanece sempre do mesmo jeito. O sol se levanta no horizonte e ao fim do dia se põe, e depressa volta ao lugar de onde se levanta para um novo dia. Os ventos sopram para o sul, depois viram para o norte; dão voltas e mais voltas e cessam no ponto de partida. Todos os rios correm para o mar; contudo, o mar nunca se enche; ainda que sempre se dirijam para o mar, para lá voltam a correr. Todas as atividades humanas geram cansaço. Nenhum ser humano é capaz de dar uma boa explicação sobre isso. Mas os olhos nunca se saciam de ver, nem os ouvidos de escutar. O que foi voltará a ser, o que aconteceu, ocorrerá de novo, o que foi feito se fará outra vez; não existe nada de novo debaixo do sol. Será que há algo do qual se possa dizer: “Vê! De fato, isto é absolutamente inédito?” Não! Já existiu em épocas anteriores à nossa. Ninguém se lembra dos que viveram na antiguidade. Não há recordações do que aconteceu no passado, e mesmo o que ainda vier a ocorrer de significativo não será lembrado por todos que vierem depois disso.

Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém. Empreguei todo o meu coração a investigar e a fazer uso do saber para explorar tudo o que é realizado debaixo dos céus. Que fardo pesado Deus colocou sobre os ombros dos seres humanos para dele se atarefarem. Examinei todas as obras que se fazem debaixo do sol e cheguei à conclusão de que tudo era vaidade e aflição de espírito. Tudo é inútil, é como uma corrida sem fim atrás do vento! Não se pode endireitar o que é torto; da mesma maneira que não se pode contar o que está faltando! Então fiquei meditando: “Ora, aqui estou eu com tanto conhecimento acumulado que ultrapassa a sabedoria dos meus predecessores em Jerusalém; minha mente alcançou o ponto mais alto do entendimento e do saber. Por esse motivo me esforcei ao máximo para compreender a sabedoria, bem como a loucura e a insensatez; contudo, também isto era aflição de espírito. O que aprendi, de fato, é que isso igualmente é correr atrás do vento. Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor”.

Eclesiastes 1:2-18

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