Imagine que você virou um boneco de marionete. Você anda para frente quando os fios te puxam para frente. Você anda para trás quando os fios te puxam para trás. Você dá cambalhotas quando os fios te puxam para cima. Você acorda, vai trabalhar e volta para casa puxado pelos fios. Você gosta quando os fios te puxam para gostar. Você não gosta quando os fios te puxam para não gostar. Você concorda quando os fios te puxam para concordar. Você discorda quando os fios te puxam para discordar. E assim por diante.
Lembre-se que você nasceu pelado, livre, leve e solto. Sem qualquer fio de obrigação ou proibição. Você era você, simplesmente você, espontaneamente você e não estava preocupado em ser útil ou agradar ninguém. Você rolava no chão, comia e dormia. Só isso e era feliz. Mas através da educação muitos fios de obrigação foram sendo amarrados em você. Lembre-se de alguns deles. São fios azuis que dizem: tem que!
Eu tenho que ser bom filho.
Eu tenho que ser inteligente.
Eu tenho que ser gentil.
Eu tenho que amar meus pais.
Eu tenho que acreditar em deus.
Eu tenho que ser bonito.
Eu tenho que ser magro.
Eu tenho que ser boa mãe.
Eu tenho que amar meus filhos.
Eu tenho que ser abnegado.
Eu tenho que ser alguém na vida.
Eu tenho que ser rico.
Eu tenho que ser triangular.
Eu tenho que ser azul.
Eu tenho que, tenho que, tenho que…
Muitos fios de proibição também foram amarrados em você. Lembre-se de alguns deles. São fios vermelhos que dizem: não pode!
Eu não posso ser um filho ruim.
Eu não posso ser burro.
Eu não posso ser mal criado.
Eu não posso odiar meus pais.
Eu não posso ser ateu.
Eu não posso ser feio.
Eu não posso ser gordo.
Eu não posso ser uma mãe ruim.
Eu não posso odiar meus filhos.
Eu não posso ser egoísta.
Eu não posso ser um zé ninguém.
Eu não posso ser pobre.
Eu não posso ser quadrado.
Eu não posso ser roxo.
Eu não posso, não posso, não posso
Imagine que você tem vivido sua vida inteira assim, se deixando ser manipulado por esses fios que foram amarrados em você. Mas agora você entendeu isso e não quer mais viver assim. Você não quer mais viver sendo puxado pelos fios das obrigações e proibições que os outros amarraram em você. Você quer viver sendo você mesmo, sendo puxado pelos próprios sentimentos, valores, crenças e desejos. Mas para isso você precisa cortar cada um desses fios que foram amarrados em você, um de cada vez, usando a tesoura da consciência.
Olhe para sua mão e veja que tem uma tesoura dourada sobre ela. Essa é a tesoura da consciência. Pegue um fio azul de obrigação. Olhe bem para esse fio e identifique que obrigação ele representa. A tesoura da consciência corta através do processo de conscientização. Então, para cortar o fio que você pegou, se conscientize que você é um ser único, singular, impar, e que não tem nenhuma obrigação de ser diferente do que você naturalmente é. E mais! Se conscientize que isso é impossível: você só pode ser você!
Por exemplo, se você pegou o fio azul que representa “eu tenho que ser bonito”, faça a seguinte reflexão:
— Eu não tenho que (ser bonito). Eu posso ser eu. Ser eu é fácil e simples, pois eu já sou eu. Ser eu não requer esforço, nem mudança, nem aprendizagem, pois eu já sou eu. Então, aqui e agora, eu corto essa obrigação e me permito ser eu.
Agora corte um fio usando uma obrigação escolhida por você:
— Eu não tenho que (…..). Eu posso ser eu. Ser eu é fácil e simples, pois eu já sou eu. Ser eu não requer esforço, nem aprendizagem, pois eu já sou eu. Então, aqui e agora, eu corto essa obrigação e me permito ser eu.
Muito bem, agora corte um fio vermelho de proibição. Por exemplo, se você pegou o fio vermelho que representa “eu não posso ser feio”, faça a seguinte reflexão:
— Eu posso (ser feio). Eu sou eu. E eu só posso ser eu. Ser eu é fácil e simples, pois eu já sou eu. Ser eu não requer esforço, nem mudança, nem aprendizagem, pois eu já sou eu. Então, aqui e agora, eu corto essa proibição e me permito ser eu.
Agora corte um fio usando uma proibição escolhida por você:
— Eu posso (….). Eu sou eu. E eu só posso ser eu. Ser eu é fácil e simples, pois eu já sou eu. Ser eu não requer esforço, nem mudança, nem aprendizagem, pois eu já sou eu. Então, aqui e agora, eu corto essa proibição e me permito ser eu.
Repita esse processo mentalmente toda vez que encontrar um fio azul de obrigação ou um fio vermelho de proibição que não venha do seu próprio sentimento e juízo. No começo, você fará o processo lentamente e com pouca habilidade. Isso é natural para tudo que você ainda não tem prática e você não tem obrigação de fazer com máxima competência. Apenas prossiga praticando. Com a prática, a identificação dos fios e aplicação da tesoura, será cada vez mais rápida e eficiente. Boa prática!