Quando o monge vai para caverna, ele não vai sozinho. O monge leva o mundo inteiro na memória dele. Ele olha para parede da caverna e vê o pai, a mãe, as cidades e tudo que já viveu. Então, não está sozinho. Quando se vai praticar Zazen, por exemplo, você deve ficar sentado em posição de lótus, de olhos abertos, olhando para parede. Uma hora assim: olhando para parede. Quem é leigo em autoconhecimento pensa “Pra que ficar uma hora olhando para uma parede?”. Simples! Se durante essa uma hora você conseguir ver a parede por pelo menos um segundo, é gooooooool, você atingiu a iluminação. Durante a prática do Zazen, você vê de tudo na parede, menos a parede. Você vê seus pais, todos seus relacionamentos, a crise política, o shopping center, sua caixa de esmaltes, a cor do sabonete em cima da pia, a viagem que irá fazer no mês que vem, tudo que aconteceu nessa viagem que ainda não aconteceu, e assim por diante. Você vê tudo na parede, menos a parede. O mesmo com o monge dentro da caverna. Ele fica meditando dentro da caverna até conseguir ver a caverna. No dia que ele finalmente vê a caverna, sai da caverna e medita em qualquer lugar.