Tem uma segunda descoberta que me faz entender que não sou absoluto. Tem uma segunda ferida narcísica. E essa é a pior de todas. Se trata de uma ferida tão dolorida e tão inconveniente que eu tento ignorá-la até hoje. A convivência me mostra repetidas vezes que estou equivocado, mas ainda assim eu reluto em me conscientizar desse equívoco. Que ferida narcísica é essa?
Minha vontade não é absoluta.
E como descubro isso?
Quando estava no útero a alimentação era contínua, sem intervalo, eu não chegava sequer a sentir fome ou sede. Agora, além de sentir sede e fome, eu desejo o seio da minha mãe, mas minha mãe não satisfaz meu desejo só porque eu quero.
Para meu mais absoluto espanto, sou obrigado a ficar consciente que minha mãe tem vontade própria e que minha vontade não é absoluta. Tem minha vontade e tem a vontade do outro. E por enquanto está tranquilo, porque só tem duas vontades: a minha e a da minha mãe. Imagina quando eu descobrir que são 8 bilhões de vontades independentes andando pelo mundo.