Reclamação é um hábito que envenena a convivência. Só que não adianta combater a reclamação reclamando da reclamação. Fazer isso é como tentar apagar um incêndio jogando gasolina. A única maneira eficaz de combater a reclamação é através do esclarecimento. É preciso descascar a reclamação feito cebola com o discernimento. Sem clareza sobre o que está por trás da reclamação é impossível sair desse equívoco e desse hábito. Espero que esse livro lhe ajude a despertar a consciência para a armadilha da reclamação, possibilitando se libertar dela e viver melhor. Qualquer reclamação sobre o que for explicado aqui, dirija-se a própria consciência e reclame a si.
Você sabe o que é reclamar. Todo mundo sabe. Quem nunca reclamou ou ouviu uma reclamação? O que você não sabe é o que está escondido por trás da reclamação. Para que o lado oculto da reclamação venha a tona, para ficar explícito, óbvio, ululante, o primeiro passo é entender que reclamação é uma estratégia. Toda estratégia tem um objetivo. Sendo assim, surge a primeira pergunta reveladora: qual é o objetivo da reclamação?
Está preparado para ouvir a resposta? Afinal, sua vida inteira tem sido uma lamúria. Você acorda reclamando. Escova os dentes reclamando. Toma café reclamando. Vai trabalhar reclamando. Almoça reclamando. Volta para casa reclamando. Assiste televisão reclamando e dorme reclamando. Tem certeza que quer ficar consciente do que está fazendo? Ok! Vou responder à pergunta. Mas depois não vem reclamar comigo.
O objetivo da reclamação é se colocar no lugar de vítima. Esse é o lado oculto da reclamação. Reclamação é vitimização (vitimismo). E o que é vitimismo? Vitimismo também é uma estratégia. E qual é o objetivo do vitimismo?
Mais uma vez te pergunto: está preparado para ouvir a resposta? Afinal, sua vida inteira tem sido um vitimismo de cabo a rabo. Você acorda vitimista. Escova os dentes vitimista. Toma café vitimista. Vai trabalhar vitimista. Almoça vitimista. Volta para casa vitimista. Assiste televisão vitimista e dorme vitimista. Tem certeza que quer ficar consciente do que está fazendo? Ok! Vou responder à pergunta. Mas depois não venha se fazer de vítima.
O objetivo da reclamação é fugir da culpa, ou seja, da responsabilidade. Duvida? Não precisa acreditar em mim! Comprove por si! Observe quantas vezes você já reclamou de algo com o objetivo de se colocar no lugar de culpado? Nunca! Zero vezes! E por que não? Porque culpado é o oposto de vítima e a reclamação é uma estratégia para se colocar no lugar de vítima e fugir do lugar de culpado (lugar de responsável).
Kabum! Não tem mais volta! Sua ignorância sobre a reclamação foi atingida como um navio em alto mar. Quanto mais você continuar lendo esse livro, mais sua ignorância será bombardeada. Recomendo que continue até que sua ignorância naufrague completamente. O hábito da reclamação parece ser positivo, parece até nobre, mas como acabou de descobrir, é vitimismo, que além de equivocado, só serve para fazer você viver mal.
Invictus é um poema de autoria do poeta inglês William Ernest Henley (1849–1903), que ficou famoso por causa de Nelson Mandela – o maior símbolo da luta contra o Apartheid na Africa do Sul. Os versos fortes e empoderadores desse poema inspiraram Mandela em seus dias mais difíceis durante o período que passou em Robben Island, prisão em que cumpria pena de trabalhos forçados.
Do fundo desta noite que persiste a me envolver em breu – eterno e espesso, a qualquer deus – se algum acaso existe, por mi’alma insubjugável agradeço. Nas garras do destino e seus estragos, sob os golpes que o acaso atira e acerta, nunca me lamentei – e ainda trago minha cabeça – embora em sangue – ereta. Além deste oceano de lamúria, somente o Horror das trevas se divisa; porém o tempo, a consumir-se em fúria, não me amedronta, nem me martiriza. Por ser estreita a fenda – eu não declino, nem por pesada a mão que o mundo espalma; eu sou o senhor de meu destino; eu sou o capitão de minha alma.
Você, assim como todo ser humano, tem plena convicção de que merece ser feliz. Por isso você reclama da vida toda vez que experimenta infortúnio, revés, insatisfação, decepção, etc. Você pensa assim: “Se eu mereço ser feliz, porque a vida não está me fazendo feliz?”. Você rapidamente conclui que tem algo errado com a vida e começa a reclamar da vida. Claro que tem algo errado nessa história, só que não é com a vida, é com você.
“Quer dizer que eu não mereço ser feliz?”, você pode estar se perguntando. Não é isso! Isso está correto! Você merece ser feliz. A felicidade é para todos. Seu erro é acreditar que a função da vida é te fazer feliz. Não é! Isso é um equívoco. A vida é uma escola de auto-realização. A função da vida não é te fazer feliz, é te ensinar a se fazer feliz.
Conhece aquele ditado do peixe e da vara? “Dê ao homem um peixe e ele se alimentará por um dia. Ensine um homem a pescar e ele se alimentará por toda a vida.” É isso! A função da vida não é te dar o peixe, a função da vida é te ensinar a pescar, ou seja, te deixar cada vez mais competente e autônomo em se fazer feliz.
Infortúnio, revés, insatisfação, decepção, etc. Tudo isso é a vida te ensinando a produzir o oposto: benefício, satisfação, confiança, realização, etc. Se a vida fosse só benefício e zero infortúnio, como você iria aprender a produzir seu próprio benefício? Se a vida fosse só satisfação e zero insatisfação, como você iria aprender a produzir sua própria satisfação?
“A função da vida não é me fazer feliz, é me deixar competente e autônomo em me fazer feliz”. Lembre-se disso quando estiver reclamando da vida. Isso irá lhe ajudar a ficar consciente que você não é vítima da vida, é aluno. Assim, ao invés de reclamar da vida e continuar vivendo mal, você irá aprender com a vida e começará a viver bem.
A vida é um jogo que envolve vários tipos de experiências: físicas, sensoriais, emocionais, afetivas, intelectuais, entre outras. Independente disso, a vida é um jogo. Quanto antes você despertar e se conscientizar disso, mais rápido você irá se libertar do hábito da reclamação. Por que digo isso? Porque só existe reclamação onde existe injustiça. Quando você reclama, você está dizendo que você não merece o que está recebendo, que é injusto. Sua reclamação é simultaneamente uma afirmação de injustiça e um pedido de correção. Só que todo jogo é um conjunto de regras imparciais, então, não existe injustiça em nenhum jogo, menos ainda no jogo da vida que é um jogo regido por regras universais.
Todo jogo é meritocrata: você experimenta o resultado do seu arbítrio dentro das regras do jogo. Observe qualquer jogo e isso ficará óbvio. O que é preciso para você ganhar no jogo de roleta, por exemplo? Você precisa apostar no número que será sorteado. Quando você aposta no número certo, você experimenta o resultado do seu arbítrio: você ganha. Quando você aposta no número errado, você experimenta o resultado do seu arbítrio: você perde. Onde existe regra não existe privilégio. Regra é um juiz cego, recompensa todos os jogadores sem distinção. O mesmo acontece com o jogo da vida. Não existe injustiça. Você não é vítima da vida, você é um jogador. Sua realidade é o resultado do seu arbítrio dentro das regras do jogo da vida. Então, que sentido tem você reclamar se é decisão sua? Que sentido tem se fazer de vítima se você é único culpado por suas escolhas?
Você não vai acreditar. Mas você cabia aqui. Eu segurava você e dizia Esse menino vai ser o melhor menino do mundo. Esse menino vai ser melhor do que qualquer um que conhecemos. E você cresceu bom, maravilhoso. Aí chegou a hora de você ser adulto e conquistar o mundo. E conquistou. Mas em algum ponto desse percurso, você mudou. Você deixou de ser você. Agora deixa as pessoas botarem o dedo na sua cara e dizer que você não é bom. Eu vou te dizer uma coisa que você já sabe: O mundo não é um grande arco-íris. É um lugar sujo, é um lugar cruel. Que não quer saber o quanto você é durão. Vai botar você de joelhos e você vai ficar de joelhos para sempre se você deixar. Você, eu, ninguém vai bater tão duro como a vida. Mas não se trata de bater duro. Se trata de quanto você aguenta apanhar e seguir em frente. O quanto você é capaz de aguentar e continuar tentando. É assim que se consegue vencer. Agora se você sabe o seu valor, então vá atrás do que você merece. Mas tem que ter disposição para apanhar. E nada de apontar dedos, dizer que você não consegue por causa dele, dela ou de quem seja. Só covardes fazem isso e você não é covarde. Você é melhor do que isso!”
Reclamar é um dos seus mecanismos psicológicos de defesa. A função da reclamação é alterar sua percepção de si, feito um entorpecente. A reclamação retira você do lugar de culpado e faz você se sentir correto, nobre, justo. Reclamar é lutar contra o erro e a injustiça. Então, reclamar faz você se sentir bem, como se você fosse um super-herói lutando contra um monstro. Esse é o “lado bom” da reclamação. Por isso você permanece reclamando. A reclamação é seu super poder de super-herói. O lado ruim, é que você é o único culpado por suas escolhas, então, fugir da sua culpa não lhe ajuda a fazer melhores escolhas, apenas lhe mantém na reclamação.
Quando estava no último ano do ensino fundamental, o professor de história fez uma atividade que jamais vou me esquecer. Primeiro ele pediu que lêssemos uma série de livros sobre a segunda guerra mundial e o holocausto. Depois, ele dividiu a classe em dois grupos, feito um tribunal e pediu que fizéssemos o julgamento de Hitler. Um grupo eram os advogados de ataque, eles tinham a missão de condenar Hitler pelos seus erros. Outro grupo eram os advogados de defesa, que tinham a missão de defender Hitler.
Assim que o professor explicou sobre o julgamento de Hitler, começou um tumulto na sala. Ninguém, absolutamente ninguém, queria fazer parte do grupo dos defensores de Hitler. E mais! Os alunos ficaram indignados com a proposta do professor. Onde já se viu defender Hitler! Mas o professor sabia o que estava fazendo e continuou fazendo. Primeiro ele escolheu os dois melhores alunos da sala e os colocou como líderes de cada grupo. Depois foi dividindo o resto dos alunos entre um grupo e outro.
Quando chegou o dia do julgamento, tinha certeza que a condenação de Hitler era causa ganha. Mas para o meu espanto, Ulisses, que era o melhor aluno da sala e estava no grupo de defesa, apresentou argumentos que fizeram as pessoas, senão mudarem de ideia sobre Hitler, pelo menos, ir além da superficialidade. Outra coisa que me chamou a atenção no julgamento de Hitler, foi que os sólidos argumentos de Ulisses eram sempre contra-atacados como frases carregadas de ódio e que diziam sempre o mesmo: “Hitler é um monstro!”.
Muito bem, o que essa história sobre o julgamento de Hitler tem a ver com o hábito da reclamação? Simples! Você já viu alguém ser condenado por heroísmo? Claro que não! Só vilões são condenáveis. Agora, observe quando está reclamando de alguém. Sua reclamação visa colocar o outro na posição de herói ou de vilão? Visa colocar o outro na posição de vilão. Visa transformá-lo em um monstro. E por quê? Porque você precisa que o outro seja o culpado para você ser a vítima. Porque você precisa que o outro seja o monstro para você ser o herói.
Quando você demoniza o outro, reclamando do outro para todo mundo, isso se chama maledicência. A maledicência é o super escudo do super-herói. É através da maledicência que você se impede de olhar para si e assumir a culpa pelo seu arbítrio. “Olha o que o outro fez! Ele é um monstro! Olha como a culpa é dele!”. Claro que o outro é culpado pelo arbítrio dele, mas você é o culpado pelo seu, e a maledicência é um mecanismo de defesa que você coloca em prática justamente para se esquecer disso.
Sendo assim, para se libertar do hábito da reclamação, é fundamental que você observe o funcionamento da sua maledicência toda vez que estiver sendo maledicente. Observe que seu objetivo com a maledicência não é demonizar o outro, mas se colocar na posição de vítima. Por fim, observe que esse jeito de viver não lhe ajuda a fazer melhores escolhas e viver melhor, apenas lhe mantém preso ao outro e a reclamação.
Quando o outro tem um comportamento que lhe desagrada, você imediatamente deseja reclamar. Isso é natural, inevitável e saudável para a convivência. Só que tem três jeitos de você lidar com esse desejo:
1) Reclamação vitimista direta.
2) Reclamação vitimista indireta.
3) Reclamação responsável.
Reclamação vitimista direta é a reclamação de vítima para culpado. É quando você reclama do outro para o outro. Você é A e o outro é B. Na reclamação vitimista direta você se coloca na posição de vítima e atribui ao outro a totalidade da culpa por sua experiência. Você nega que é culpado pelo seu arbítrio e coloca tudo na conta do outro. “Eu sou vítima e você é culpado”. Você acredita nisso e sua reclamação é você exigindo reparação (justiça).
Reclamação vitimista indireta é a reclamação de vítima para jurados. É quando você reclama do outro para os outros. Na reclamação vitimista indireta você também se coloca na posição de vítima, mas você não reclama diretamente com quem lhe desagradou (B), você reclama com C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, X e Z. Você reclama sobre B com seu marido, esposa, vizinhos, o frentista do posto de gasolina, o padre, seu psicólogo. Enfim, você reclama sobre B com qualquer orelha que aparecer na sua frente e for capaz de ouvir sua maledicência. Você também nega que é culpado pelo seu arbítrio e também coloca tudo na conta do outro. “Eu sou vítima e o outro é culpado”. Você acredita nisso e sua reclamação é você buscando convencer os jurados (outros) dessa sua crença.
Reclamação responsável é a reclamação de culpado para culpado. É quando você reclama com o outro diretamente (A para B), mas você não se coloca na posição de vítima, você se coloca na posição de co-responsável. Você está ciente que você é culpado pelo seu arbítrio e o outro é culpado pelo arbítrio dele. Não há vítimas, todos são culpados. Você expressa ao outro seu desagrado em relação ao comportamento dele, mas não para jogar a totalidade da culpa sobre o outro, mas para possibilitar que o outro entenda como o comportamento dele afeta você e assim possibilitar outras opções e melhorias na convivência.
Eram quatro pessoas: Todo Mundo, Alguém, Qualquer Um e Ninguém. Havia um trabalho a ser feito. Todo Mundo tinha esperança que Alguém faria. Qualquer Um podia fazer. Mas Ninguém fez. Todo mundo ficou esperando Qualquer Um fazer. Terminou Todo Mundo culpando Alguém porque Ninguém fez o que Qualquer Um podia ter feito.
Uma pessoa vai ao médico e reclama de dor.
— O que está acontecendo? — o médico pergunta.
— Sinto dor no corpo inteiro! — diz a pessoa.
— Como assim? — pergunta o médico.
— Todo lugar no corpo onde eu coloco o dedo, dói. — diz a pessoa — Se coloco o dedo na perna, dói. Se coloco o dedo na barriga, dói. Se coloco o dedo no nariz, dói. Se coloco o dedo na cabeça, dói.
— Vamos fazer alguns exames — diz o médico.
O médico faz vários exames e depois diz:
— Já sei porque dói em todo lugar que você coloca o dedo.
— Por que, doutor?
— Seu dedo está quebrado!
Você reclama de tudo e todos porque acredita que o culpado pela sua infelicidade são os outros, assim como a mulher na piada acredita que a dor no corpo inteiro é culpa do corpo. A mulher na piada está equivocada igual você. Você é único culpado pela sua felicidade e também pela sua infelicidade, pois você é o único capaz de executar seu arbítrio. Então, para se livrar do hábito de reclamar, é simples! Não é da noite pro dia, mas é simples! Toda vez que você se pegar reclamando, faça duas coisas:
1) Perceba que está reclamando para se colocar na posição de vítima.
2) Assuma a culpa da qual está tentando fugir.
Transforme esses dois passos em uma prática constante e passo a passo você irá se libertando do hábito da reclamação.
Você pode e deve transformar sua reclamação em um perfume, ou seja, em bem viver. Para fazer isso, primeiro é preciso que você já tenha se conscientizado que reclamação é vitimização. Uma vez que você já esteja consciente disso, observe o conteúdo da sua reclamação. Você irá perceber que você está reclamando de algo que você deseja eliminar do universo. Identifique e nomeie esse algo.
Se você estiver reclamando do comportamento de alguém, por exemplo, identifique e nomeie o comportamento. Feito isso, e só depois disso, pense em qual é o comportamento oposto ao que você identificou. Vamos supor que o comportamento identificado foi “desrespeito”. Qual é o oposto desse comportamento? O oposto de desrespeito é respeito. Muito bem, feito isso você está pronto para transformar veneno em perfume. Como? Assumindo o compromisso de ser o maior exemplo de respeito no universo.
Se o comportamento que você estiver reclamando for mentiroso, assuma o compromisso de ser o maior exemplo de sinceridade no universo. Se o comportamento que você estiver reclamando for crueldade, assuma o compromisso de ser o maior exemplo de compaixão no universo. Se o comportamento que você estiver reclamando for ignorância, assuma o compromisso de ser o maior exemplo de lucidez no universo. E assim por diante.
Assuma o compromisso de ser a maior fonte no universo do oposto que você reclama. Quanto mais você fizer isso, mais você estará eliminando o objeto da sua reclamação do universo. Primeiro porque estará retirando de você, sendo uma a menos na execução desse comportamento. Depois, porque seu exemplo irá exalar feito perfume inspirando todos ao seu redor.
Você é capaz de aprender. Nenhum outro ser no planeta tem esse poder que você tem. E mais! Tudo que você aprende e faz repetidamente, você adquire tanta competência em fazer que você é capaz de fazer sem perceber que está fazendo, ou seja, automaticamente.
Falar português, por exemplo. Você não nasceu falando português, você aprendeu. E detalhe! Aprendeu sozinho e quando era neném. Não é extraordinário? Daí, você praticou e agora as palavras saem da sua boca sem que você precise ficar pensando que b+a é ba, b+e é be, etc.
Essa sua capacidade de fazer as coisas cada vez melhor e automaticamente se chama competência subconsciente. Sem isso, você jamais conseguiria andar e digitar no celular ao mesmo tempo, por exemplo. Mas você praticou andar até se tornar uma competência subconsciente. É por isso que atualmente você anda automaticamente.
A prática faz a prática. Tudo que você pratica se torna uma competência subconsciente, ou seja, uma maestria. Sendo assim, te pergunto: Qual é sua prática?
Você pratica reclamar? Se sim, você se tornará mestre em reclamação. Você será tão bom nisso que verá defeito em tudo, até onde não tem. Suas reclamações irão bombar no youtube e você se tornará uma celebridade.
Você pratica arranjar desculpas? Se sim, você se tornará mestre em procrastinação. Você será tão bom nisso que verá dificuldade em qualquer coisa. Tarefas fáceis como trocar uma lâmpada se tornarão impossíveis de serem realizadas.
Você pratica fazer tudo nas coxas? Se sim, você se tornará mestre em mediocridade. Você será tão bom nisso que jamais fará nada de bom. Você terá muitos empregos, mas jamais terá uma profissão. Você terá muitos parceiros, mas jamais terá um relacionamento.
Você pratica se fazer de vítima? Se sim, você se tornará mestre em vitimismo. Você será tão bom nisso que o funcionamento do universo terá um único propósito: te prejudicar. E a culpa será sempre do governo, do sistema, do outro.
Você pratica imposição? Se sim, você se tornará mestre em violência. Você será tão bom nisso que ganhará tudo no grito. Sua política será a ameaça. E todas as pessoas irão te amar por medo.
Você pratica inveja? Se sim, você se tornará mestre em fofoca. Você será tão bom nisso que colocará defeito em tudo. Sua rotina será participar das redes sociais. Sua atividade predileta será compartilhar fake news.
Você pratica controlar? Se sim, você se tornará mestre em cagar regras. Você será tão bom nisso que transformará os 10 mandamentos em 10 milhões. Você se tornará o juiz do universo e condenará todos os infratores a pena de morte, inclusive a si mesmo.
Você pratica fingir? Se sim, você se tornará mestre em hipocrisia. Você será tão bom nisso que sempre dirá exatamente o que o outro quer ouvir. Você jamais discordará dos outros. Você jamais expressará sua opinião. Você jamais será sincero. Você jamais será você.
Então, qual é sua prática?
Claro que é mais fácil dizer que é difícil. Claro que é mais fácil fazer mimimi. Claro que é mais fácil ficar na mesmice, na zona de conforto, censurar e depois dizer vitorioso: “Eu não disse que era loucura!”. Mas é esse tipo de vitória que você quer experimentar? A vitória do mais do mesmo? A vitória da inércia? Ou será que você está louco de vontade de pirar nas possibilidades, de se atirar de cabeça nos desafios, de colocar o delírio em prática, de realizar o impossível e depois dizer: “Eu não disse que era loucura!”.
Quem quer inventa um meio, quem não quer inventa um freio. Se você quer mesmo. Se quer de doer no osso. Se quer de ficar com febre. Então, de que importa o tamanho do desafio? Não há dificuldade capaz de vencer sua inteligência e vontade. Difícil é viver mal.
Cedo me acorda, a oração. É o coração que tá apertado para ver um mundo diferente da notícia repetida da televisão. Eu me pergunto onde é que foi. Alguém me explica, por favor, onde é que foi que nós desaprendemos a viver em união.
Quero ver mudar, mas se eu aqui só esperar, eu sou um deles, sou só um deles. Minha oração, só é real transformação se começar em mim.
Haja mais amor, a começar em mim. Amor que eu tanto quero ver a começar em mim. A começar em mim. Quem me perceber, que antes possam me reconhecer, me descrever em teu amor.
E se tivesse mais perdão. Se no lugar de apontarem tantos erros fossem estendidos mais abraços. Mais olhares de aceitação. Se não mais tanto tempo em vão. Se nosso bem mais precioso não faltasse quando pra ouvir, pra entender o meu irmão.
Posso até sonhar. Mas se eu aqui só esperar, sou um deles, sou só um deles. Minha oração só é real transformação se começar em mim.
Estudo do ser humano no aspecto existencial, psicológico, pessoal e social.
Aula do ciclo de estudos de autociência EUreka 2024 – 1ficina