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Sou professor de autociência. Ensino meus alunos a praticarem auto-observação e produzirem autoconhecimento. Todas as pessoas que me procuram, sem exceção, buscam a resposta para mesma pergunta, a mais antiga das perguntas humanas, a pergunta que não quer calar e jamais será calada: quem sou eu?

Suponho que esse seja seu caso também, caro leitor. Você quer saber quem é você. Você acredita que vive mal porque ignora quem é você. E acredita que quando descobrir vai ser feliz. Pois bem, eu tenho uma boa e uma má notícia para você.

A má notícia é que essa crença é um equívoco.
A boa notícia é que essa crença é um equívoco.

Não entendeu? Explico. Sua crença sobre autoconhecimento é um equívoco. Eu lhe garanto que é. Estou escrevendo esse livro para que você desperte desse equívoco. Porém, se esse equívoco é um equívoco de estimação, se passou a vida inteira cultivando esse equívoco, o que vou explicar nesse livro é má notícia. Mas se você não aguenta mais viver correndo atrás do próprio rabo, o que vou explicar nesse livro é boa notícia.

Autoconhecimento, no sentido de descobrir quem você é, é um equívoco. É o maior e mais recorrente equívoco entre os buscadores de autoconhecimento. E pior! É uma das principais fontes de sofrimento e mal viver entre os buscadores. Mas por que a busca pela resposta da pergunta “quem sou eu” é um equívoco?

Antes de prosseguir na leitura, assista o vídeo abaixo.

A busca pela resposta da pergunta “quem sou eu” é um equívoco porque o termo “quem” supõe que você é uma pessoa só, sempre a mesma pessoa, imutável. Mas você não é uma pessoa só, imutável, você é múltiplas pessoas, aliás, infinitas pessoas. Se você fosse uma pessoa só, imutável, sempre a mesma, você ainda estaria chupando chupeta e com medo do bicho papão, tal como a pessoa que você foi na infância.

A palavra personalidade vem de persona. Persona é pessoa. Você, assim como todo ser humano, não é uma pessoa só, você é múltiplas pessoas. Pense no seguinte. Seu relacionamento com o padeiro é o mesmo que você tem com seu marido/esposa? Você é a mesma pessoa nos dois casos? Seu comportamento no futebol é o mesmo que você tem no trabalho? Você é a mesma pessoa nos dois casos?

É por isso que você jamais irá encontrar seu eu verdadeiro, porque você é múltiplos eus, múltiplas pessoas, e todas são você. A pessoa que conversa com o padeiro é você, a pessoa que beija sua esposa é outro você, a pessoa que grita no futebol é outro você, a pessoa que trabalha concentrado é outro você.

Não existe esse tal de eu verdadeiro, no sentido de personalidade real, fixa e imutável. Esse é o equívoco. É por isso que você vive correndo atrás do rabo. Você não é uma cebola de eus falsos que tem um eu verdadeiro no centro. Você é uma cebola de eus. Ponto final. Todas suas múltiplas personalidades são verdadeiras, pois todas expressam múltiplos aspectos de você. Pode ser um aspecto desequilibrado, infeliz, rancoroso, raivoso, etc, mas todas suas personalidades são você. Quem mais seria?

Você olha no espelho, vê um corpo só, e acredita que é uma pessoa só, imutável. Mas nem seu corpo é um só, seu corpo é multiplicidade de células. E não são células fixas. A cada instante, milhares de células morrem e milhares de células novas nascem. Seu corpo é múltiplo e mutante. Tudo no universo é múltiplo e mutante. Por que sua personalidade seria exceção?

Cada pessoa dentro de você tem alguma coisa para manifestar e para oferecer a sua coletividade interior. Você não precisa e não deve excluir nenhuma personalidade em detrimento de outra supostamente verdadeira para viver bem. Muito pelo contrário, viver bem vem da inclusão de todas as suas personalidades como verdadeiras e não da exclusão e segregação delas entre verdadeiras e falsas.

Você exclui e segrega as pessoas no mundo externo porque você exclui e segrega suas personalidades em você. O mundo, assim como você, não é uma pessoa só, o mundo também é feito de múltiplas personalidades. Aceite suas múltiplas personalidades tal como são e você começará a aceitar todas as pessoas do mundo tal como são.

Sua busca por si mesmo é fuga. Por isso você nunca se encontra. Desista! Ao invés de viver buscando quem você é, buscando o mito do eu verdadeiro, apenas aceite sua múltipla personalidade. Você não vive mal porque ainda não encontrou seu eu verdadeiro, você vive mal porque ainda não aceitou que todos eus são verdadeiros. Aceite isso e será o começo do fim do seu sofrimento.

Agora que já desmistificamos o mito do “eu verdadeiro”, vamos à pergunta subsequente: “O que é uma personalidade?”. Para que você possa entender isso, primeiro é preciso que fique consciente de três obviedades.

Existem infinitas formas de manifestação, mas não existe manifestação sem forma. Por exemplo, você pode manifestar seu afeto por alguém dizendo “eu te amo” em português, em inglês, em russo, em linguagem de sinais, dando um beijo, tocando uma música, etc. Tem infinitas formas de você manifestar seu afeto por alguém, mas é impossível você manifestar seu afeto por alguém sem usar uma forma de manifestação. Essa é a primeira obviedade que precisa ser constatada para que você possa entender o que é uma personalidade: toda manifestação acontece de alguma forma.

Só que uma forma não é causa de si mesma, não existe por si mesma. Toda forma é produto de uma fôrma. Não existe forma sem fôrma. O bolo redondo é produto da fôrma redonda. O bolo quadrado é produto da fôrma quadrada. Essa é a segunda obviedade que precisa ser constatada para que você possa entender o que é uma personalidade: toda forma é produto de uma fôrma.

A forma é visível e a fôrma é invisível. Esse texto que você está lendo na tela do seu celular, por exemplo, é a forma visível. A fôrma invisível desse texto é o sistema operacional do seu celular, o famoso Android. Sem o Android invisível funcionando não teria texto visível para você ler. Essa é a terceira obviedade que precisa ser constatada para que você possa entender o que é uma personalidade: toda forma visível é produto de uma fôrma invisível.

Uma vez constatadas essas três obviedades, e uma vez que manifestação é comportamento, vamos à resposta da pergunta inicial: “O que é uma personalidade?”. Uma personalidade é uma fôrma mental invisível que você usa para produzir comportamentos visíveis e entender o comportamento dos outros.

Em outras palavras, suas personalidades são suas mentalidades, suas crenças, suas receitas mentais de como você deve se comportar. Cada receita de comportamento em você é uma personalidade. Quando você senta na mesa para almoçar, por exemplo, é uma personalidade que lhe diz que você deve usar garfo e faca para manusear a comida no prato. Quando tem jogo da copa do mundo, é uma personalidade que lhe diz para torcer para a seleção brasileira. Quando você chega em casa do trabalho, é uma personalidade que diz para você abraçar seus filhos e se comportar como pai de família.

Peça para uma criança fazer um omelete. Ela vai conseguir? Não vai. Por que não? Porque omelete é o produto final. Para se chegar a um produto final é preciso executar um processo de produção. Para executar um processo de produção é preciso seguir uma receita. Uma criança não consegue fazer um omelete porque ainda não existe dentro dela uma receita mental de como fazer um omelete. Ou seja, uma criança ainda não têm personalidade de cozinheira. Tão logo uma criança adquira receitas mentais de como fazer um omelete, tão logo adquira personalidades de cozinheira, ela fará omeletes e muito mais. Essa cena do filme Matrix ilustra bem isso que estou explicando.

Assista a cena antes de prosseguir com a leitura.

Um comportamento é você executando uma receita mental adquirida. Personalidades são receitas mentais adquiridas. O Neo não conseguia lutar Kung Fu porque não tinha personalidade de lutador de Kung Fu, não tinha receitas mentais de como lutar Kung Fu. Porém, tão logo o Neo adquiriu essas receitas, ele se tornou um lutador de Kung Fu e conseguiu lutar Kung Fu.

Dito isso, imagine que o desafio do Neo não fosse lutar Kung Fu, que fosse viver e conviver bem. Que tipo de personalidade Neo deveria adquirir? É exatamente isso que você tem feito desde que nasceu, produzido personalidades que lhe ajudam a realizar o desafio de viver bem e conviver bem. E você continuará fazendo, pois você precisa produzir personalidades para se manifestar, isso é inevitável e saudável.

O problema é usar uma personalidade de lutador de Kung Fu para fazer omelete. Personalidade é ferramenta. Ferramenta deve servir ao propósito de uso do usuário. Se não serve, ou não serve bem, o usuário deve melhorá-la ou trocá-la. Você é o usuário das suas personalidades. Se seu propósito é viver e conviver bem, mas uma determinada personalidade não está servindo para isso, ou não está servindo bem, você, usuário, deve melhorá-la ou trocá-la.

Sigmund Freud, o pai da psicanálise, faz uma afirmação expressiva e desconcertante sobre a personalidade. Ele diz: “O ego não é senhor em sua própria casa”. A palavra “ego” é o termo em latim para dizer “eu”. Por isso a afirmação é desconcertante. Freud está dizendo que você não é dono da sua vontade, que sua vontade é dona de você. Falta incluir o arbítrio na equação, mas a observação de Freud sobre ferramenta e vontade está correta.

Ferramenta não tem vontade própria. A fonte da vontade de uma ferramenta não é a ferramenta, é o usuário da ferramenta. Observe uma tesoura cortando um tecido. A tesoura, por si só, não quer cortar o tecido, QUEM quer cortar o tecido é a costureira. A tesoura é a ferramenta que a costureira está usando para realizar sua vontade.

O mesmo acontece com suas personalidades, são apenas ferramentas mentais sem vontade própria, assim como uma tesoura, um alicate, uma colher, um abridor de latas, etc. Mas sendo assim, de QUEM é a vontade que anima a manifestação das suas personalidades? Quem é esse QUEM que quer e não quer?

Esse QUEM é voser (você-ser). Você não é SÓ humano, você é SER humano. O ser que você é, existe, aliás, é a única coisa que existe, mas voser não é humano, é existencial. Você não percebe isso, porque voser está se manifestando através da natureza humana, assim como a vontade da costureira se manifesta através da tesoura, e voser, usuário da natureza humana, se confunde com a ferramenta que está usando.

Imagine que você fosse incapaz de ver a costureira enquanto ela está cortando o tecido com a tesoura. Imagine que você só conseguisse ver a tesoura. Você passaria a acreditar que QUEM quer cortar o tecido é a tesoura. Você passaria a acreditar que a tesoura tem vontade própria. É exatamente isso que acontece com voser e você. Tudo que você faz é motivado por voser. QUEM quer é voser. Só que voser não vê voser, voser só vê você (pessoa), só vê sua manifestação humanizada, então, voser passa a acreditar que voser é você (só humano).

Esse é o entendimento que falta na psicologia para entender o funcionamento do desejo. O desejo humano não é humano, é existencial. Por isso que o ego não é senhor em sua própria casa, porque o dono da casa é voser. Freud chamou voser de Id. Mas Freud, sendo um cientista materialista, definiu o Id como sendo corporal e não existencial.

Assim como uma tesoura na mão da costureira, suas personalidades são instrumentos mentais na mão da sua vontade. Só que a natureza humana é um instrumento muito mais complexo do que uma tesoura, então, requer muito mais lucidez e maestria do usuário para ser bem usado. Você vive mal, primeiramente, porque ignora que voser é o usuário da natureza humana. Sua casa de fato é uma casa sem dono. Depois, você vive mal porque ignora como funciona e como usar bem a natureza humana.

“Então, danou-se, pois não tenho lucidez nem maestria em ser humano”, você pode pensar. Sim, você vai continuar vivendo mal enquanto não produzir sua própria lucidez e maestria sobre a natureza humana, mas você pode começar a praticar autoobservação e autoanálise agora mesmo. E você pode contar com ajuda de praticantes mais experientes. É isso que estou fazendo nesse livro, ajudando você a se esclarecer.

Sendo que o dono da casa é voser e todas as suas personalidades só existem para realizar sua vontade, a pergunta fundamental é: o que voser quer?

A resposta é simples e óbvia: voser quer ser você. Em outras palavras, voser quer ser uma pessoa. Por isso que voser produz múltiplas personalidades. Cada pessoa em você é voser fazendo experiências com a forma humana e aprendendo a ser voser em pessoa.

Se você é uma pessoa tímida, por exemplo, você-tímido é você fazendo experiências com a forma humana e aprendendo a ser voser em pessoa. Se você é uma pessoa revoltada, você-revoltado é você fazendo experiências com a forma humana e aprendendo a ser voser em pessoa. Se você é uma pessoa alegre, você-alegre é você fazendo experiências com a forma humana e aprendendo a ser voser em pessoa. Se você é uma pessoa romântica, você-romântico é você fazendo experiências com a forma humana e aprendendo a ser voser em pessoa. E assim por diante.

Cada personalidade sua é um laboratório de auto-realização. Por isso, em questão de auto-realização, não existe personalidade inútil. Toda personalidade é útil, porque toda personalidade é um laboratório humano que lhe ensina algo sobre voser e como ser voser em pessoa.

O vídeo abaixo é um poema para ampliar sua reflexão.

Não existe personalidade verdadeira (eu verdadeiro), o que existe é personalidade EM acordo ou SEM acordo com voser, em acordo ou sem acordo com sua vontade. Assim como não funciona usar serrote para apertar parafuso, nem usar gasolina para apagar incêndio, também não funciona usar personalidade de homem bomba para produzir comportamentos pacíficos, nem personalidade de criança birrenta para produzir comportamentos adultos.

“Esse sou eu! É assim que eu sou!”. Isso é um equívoco. Nenhuma personalidade sua é QUEM você é. Cada personalidade que você usa é QUEM você se programou para ser, é uma ferramenta mental que você produziu para se manifestar e interagir com o mundo. É fundamental que você fique consciente que voser é o usuário e suas personalidades são suas ferramentas, caso contrário, o usuário acaba virando escravo da ferramenta.

Pintores criam quadros, músicos criam músicas, escritores criam histórias e seres humanos criam personalidades. Percebe o quão extraordinário é isso? Personalidades são programas mentais muito complexos e você é capaz de criar múltiplas personalidades, alterá-las, melhorá-las, trocá-las e deletá-las. O problema começa quando voser (criador) se confunde com você (criatura) e acredita “Esse sou eu! É assim que eu sou!”. Ao fazer isso, você se bloqueia para possibilidade mais extraordinária da experiência humana, a possibilidade de ser QUEM você quiser.

Você prefere ser você ou ser feliz? Essa é a pergunta que retira você do equívoco do “eu verdadeiro”. A crença no “eu verdadeiro” diz que você precisa saber quem você é para ser feliz, mas é justamente o contrário, você precisa ser feliz para ser quem você é, para você (criatura) viver em acordo com você (criador). Eis é a função da felicidade e do sofrimento na experiência humana, deixar você consciente se está vivendo EM ou SEM acordo com voser. Você feliz é sinal que você está vivendo em acordo com voser, em acordo com sua vontade. Você sofrendo é sinal que você está vivendo sem acordo com voser, sem acordo com sua vontade.

Você não tem como saber quem voser é, pois voser não é um QUEM, uma pessoa. Porém, você está constantemente sentindo QUEM voser é. As emoções agradáveis (felicidade) e as emoções desagradáveis (sofrimento) são o telefone pelo qual voser se comunica com você. Por isso, para que você possa criar, recriar e usar suas personalidades EM acordo com sua vontade, é fundamental que você tome duas decisões:

1) Atenda o telefone quando o sofrimento tocar.
2) Use o telefone e converse com o sofrimento.

Acolher o sofrimento é o primeiro passo para o início de qualquer terapia. Conversar com o sofrimento é o segundo passo. Não tem como você entrar EM acordo com voser se você não conversar com voser. E não tem como você conversar com voser senão através do telefone do sofrimento.

A função do sofrimento na experiência humana não é te fazer sofrer, é te deixar consciente que você está usando uma personalidade desalinhada com sua vontade. Para executar o realinhamento, você deve conversar com o mensageiro do desalinhamento, o sofrimento, até ficar consciente sobre qual é o desalinhamento. Uma vez consciente, basta você se manter consciente sobre o desalinhamento toda vez que o desalinhamento voltar a acontecer.

Repetindo a consciência do erro toda vez que ele surge, você vai passo a passo reprogramando a personalidade desalinhada. Qualquer metodologia terapêutica que se proponha a fazer isso pode lhe ajudar na reprogramação mental das suas personalidades. Qualquer metodologia que não se proponha a fazer isso, não tem como lhe ajudar na reprogramação. Todas as metodologias terapêuticas da 1FICINA se propõem única e exclusivamente a isso e estão disponíveis na página PRÁTICAS desse site.

Antes de terminar esse livro, devo lhe dizer que embora seja impossível você saber QUEM você é, é completamente possível e recomendável ficar consciente sobre O QUE você é. Você é um ser humano e através da prática da auto-observação você pode facilmente ficar consciente sobre O QUE é ser humano. Todos os livros da 1FICINA se propõem única e exclusivamente a isso e estão disponíveis na página LIVROS desse site.

Para terminar, saiba que escrevi esse livro inspirado pelas minhas reflexões após ter assistido a série MR ROBOT. Esse livro não é uma análise da série, nem nada assim, mas se você assistir entenderá porque essa série me inspirou a escrever esse livro. Recomendo assistir e deixo aqui meu agradecimento ao Eliot.

Eu sou o rei da minha própria terra.
Enfrentando tempestades de poeira,
lutarei até o fim.
Criaturas dos meus sonhos,
levantem-se e dancem comigo.
Agora e sempre.
Eu sou seu rei.

PERGUNTAS

Sim, figurativamente falando, seu estado psicológico e emocional é você-pessoa conversando com você-ser.

A natureza humana é tipo o programa Android do seu celular, não é alterável. As personalidades são os aplicativos. Quando você instala um aplicativo no celular, você não altera o Android, mas altera a customização dele. O mesmo acontece quando cria uma personalidade, você não altera sua natureza humana, deixa ela customizada.

Sua mentalidade interfere na sua criação de realidade igual à afinação de um piano interfere na qualidade da música. Um piano afinado produz música afinada. Um piano desafinado produz música desafinada. Sua mentalidade é como a afinação de um piano. Uma mentalidade afinada produz realidade afinada (bem viver). Uma mentalidade desafinada produz realidade desafinada (mal viver).

Interrogue sua crença até você se convencer que deve continuar acreditando nela, ou então, até ficar óbvio que ela não merece mais sua fidelidade. Uma vez que fique óbvio, você deu início ao processo de desacreditar na crença.

Você não precisa alterar suas crenças. Isso é desnecessário e impossível. Crença é feita de memória e você não consegue deletar memória. O que você pode e deve fazer é alterar a forma como você se relaciona com suas memórias.

Uma crença é apenas uma crença, não tem nenhum poder nem valor. O poder e o valor de uma crença estão em você. É você que dá poder e valor a uma crença ao acreditar nela. Então, basta você descreditar da crença que está produzindo mal viver e o bem viver reaparece.

Claro que o hábito de acreditar numa crença faz você voltar a acreditar nela e voltar a viver mal. Mas agora você está consciente do buraco que se habituou a cair e sabe como sair. Levanta, sacode a poeira, sai do buraco e segue até cair de novo, por causa do hábito. E assim até não cair mais.

Pronto! Mau hábito reprogramado.

Primeiramente, você não tem um ser, você é um ser. Dito isso, não precisa descobrir qual é a vontade do ser, eu te conto: ser quer ser. É isso! Você é um ser, então, o que você quer? Você quer ser você. Eu sou um ser. O que eu quero? Eu quero ser eu. Fulano é um ser. O que fulano quer? Fulano quer ser fulano. E assim por diante. Não tem segredo. Não tem mistério. Ser quer ser. Só isso. Sempre isso.

Você não vive mal porque tem condicionamentos, mas devido à qualidade dos condicionamentos. Quando uma programação mental está em desacordo com sua unicidade, você vive mal, mas quando está em acordo, você vive bem.

Programação mental é ferramenta para você viver bem. Agora, como você utiliza sua ferramenta é opção sua. Ferramenta não tem consciência, não sabe o que é certo e errado, então, não tem responsabilidade. Quem sabe o que é certo e errado para você é você, usuário da ferramenta.

Responsabilidade de uso é do usuário. Assim como você é o responsável por instalar e desinstalar os programas no seu computador, você também é o responsável por instalar e desinstalar suas mentalidades.

Você já viu uma construção feita com peças de lego? Memórias são peças de lego. Mentalidades são construções feitas com essas peças de lego. Sem memória você não tem repertório para construir uma mentalidade. Então, suas memórias antecedem e são o alicerce das suas mentalidades. Vamos supor que você tenha uma mentalidade vitimista. Como essa mentalidade nasceu em você? Como ela foi construída? Foi construída através da memorização de experiências em que você se sentiu vitimizado.

Tem um filme chamado “Brilho eterno de uma mente sem lembranças” em que o personagem tenta eliminar um comportamento usando uma máquina de apagar memórias. Se isso fosse possível, se você pudesse apagar todas as memórias que produzem sua mentalidade vitimista, por exemplo, você deixaria imediatamente de ser vitimista. Mas não é possível apagar memórias. O que você pode fazer é ficar consciente delas, analisá-las e deixar de acreditar nelas, mesmo que elas continuem caminhando ao seu lado.

Quando estão em acordo com sua unicidade, sim. Quando estão em desacordo, bloqueiam.

Não sei. Não me lembro de ter morrido para dar um testemunho sobre o que acontece.

O equívoco de que sua identidade pessoal (você) é sinônimo de identidade existencial (voser).

Significa que esse personagem está espelhando algo sobre quem é você, sobre sua personalidade.

Quando você liga a televisão, você acredita que está assistindo televisão. Não está! A televisão é um espelho. Por isso tem um famoso seriado que se chama Black Mirror. A tradução de Black Mirror é Espelho Preto. Uma televisão desligada é um espelho preto. Um celular desligado é um espelho preto.

Assistir televisão e olhar no celular é se olhar no espelho. Tanto os conteúdos que te afetam positivamente, de forma atraente, como os que te afetam negativamente, de forma repelente, espelham algo sobre quem é você, sobre sua personalidade. Não é a toa que atração e repulsa acontecem, é devido a função espelho.

Pessoas, reais ou fictícias, para você, são igualmente personalidades. Quando você interage com uma personalidade alheia, seja através de uma pessoa real ou personagem fictício (filme ou livro), a função espelho acontece subconscientemente. Se você observar acontecendo, o conteúdo subconsciente se tornar consciente e vira autoconhecimento.

Sim, todo personagem (de filme ou desenho) representa algum aspecto da personalidade do autor ou da natureza humana. Personagem = Personalidade. Os anões representam personalidades e a Branca de Neve representa o ser.

Porque seus educadores não possuíam autoconhecimento.

Tanto a palavra mente, como a palavra ego, como a palavra espírito, como a palavra Deus, como a palavra vida, entre outras, são palavras que carregam muitos equívocos. Para evitar que os alunos fiquem presos nesses equívocos, não uso essas palavras. Uso a palavra mentalidade porque acho a mais apropriada para tratar da programação mental. Eu poderia usar o termo “programação mental” e muitas vezes uso, mas acho esse termo técnico e computacional, então, para deixar o assunto em termos mais coloquiais, uso a palavra “mentalidade”.

Exato! Sua unicidade é existencial. O que é existencial não muda.

Autoconhecimento psicológico é o estudo genérico da natureza humana. Autoconhecimento pessoal é o estudo da sua personalidade.

Pense em um carro em movimento. Desejo é a gasolina. Mentalidade é o motorista. Comportamento é o carro se deslocando. Pense em um computador funcionando. Desejo é eletricidade. Mentalidade é o programa. Comportamento é o que está acontecendo na tela. Pense no Tic Tac. Desejo é Tic. Mentalidade é meio. Comportamento é Tac. Pense na Fábrica da Realidade. Desejo é vontade. Mentalidade é a programação no E.G.O. Comportamento é realidade.

Mentalidade é a base da sua imaginação. Imagine, por exemplo, que você tenha uma mentalidade de jogador de basquete. Você não terá imaginações de um pescador de camarão porque sua mentalidade é de jogador de basquete.

Não! Mentalidade e consciência não são sinônimos. Fazendo uma analogia da visão com a consciência e da mentalidade com o conhecimento, não importa quanto conhecimento você tem sobre o que você está vendo, sua visão continua a mesma. O mesmo com a consciência. Sua programação mental pode se alterar, mas você-consciência não se altera.

Sim, apenas não sabe o que fazer com ela. Uma pessoa sem memória é como uma bebê recém-nascido, tem vontade igual qualquer ser humano, mas não tem competência para realizar sua vontade.

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FRASES

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