Definições não nascem em ovos, não frutificam em árvores, não brotam do chão, não surgem de lugar nenhum da natureza. E se você acredita em Deus, definições também não vem de Deus, pois não foi Deus que escreveu nenhum dos livros religiosos do mundo. Definições não são objetos naturais, nem divinos, são objetos mentais, culturais e humanos.

Definições nascem da cabeça de pessoas. Um metro, por exemplo. Por que tem exatamente o tamanho que tem? Foi Deus que definiu o tamanho do metro? Foi a natureza que cagou uma régua e disse “essa é a régua de um metro”? Não! Um metro é uma convenção, ou seja, é uma definição. Um grupo de pessoas se encontraram e definiram o tamanho do metro.

Outro exemplo, todo dia você acorda e sabe em que dia do calendário está. Vamos supor que hoje seja segunda-feira. Por que hoje é segunda-feira? Por que não é domingo? O que tem de intrínseco no dia de hoje que faz com que seja segunda-feira e não domingo? Não tem nada de intrínseco. Hoje é um dia igual qualquer outro dia. Hoje é hoje. O que faz com que hoje seja segunda-feira é uma convenção, ou seja, uma definição.

Em algum momento, alguém definiu um calendário com todos os dias da semana, provavelmente um rei para cobrar impostos, e desde então, ficou convencionado os dias da semana. Todos seguem. Ninguém questiona. Fica parecendo que os dias da semana são criações da natureza, ou criação de Deus, afinal, até Deus fez o mundo trabalhando de segunda a sábado e só descansou no domingo.

Trazendo a questão para o social, o principal a ser entendido, é que toda definição tem um definidor. Sem definidor não tem definição. Sem a definição do rei, não existiriam os dias da semana. Sem a definição dos cientistas, não existiria o metro e todas as outras convenções científicas. Logo, o mesmo acontece com as definições sociais.

Vamos supor que você seja considerado feio. Feio é uma definição estética. Se é uma definição, tem um definidor. Quem é o definidor? Quem define o que é feio e bonito? Vamos supor que você é considerado gay. Gay é uma definição de gênero. Se é uma definição, tem um definidor. Quem é o definidor? Quem define o que é hétero e gay? Vamos supor que você é considerado pecador, ou criminoso, ou errado. Tudo isso são definições morais. Se é uma definição, tem um definidor. Quem é o definidor? Quem define o que é certo e errado?

Percebe? Você não vive regulado por suas próprias definições, você vive regulado por definições alheias. Vamos supor que você seja, Adriano, brasileiro, casado, 32 anos, encanador, pai, flamenguista, homem, carioca, feio, pobre, bem-humorado, ateu, etc. Tudo isso são definições que regulam sua vida. Quem é o definidor? Você?

Viver é decidir instante após instante. Toda decisão requer um critério de avaliação (régua). Ou você decide sua vida usando suas próprias definições, ou as definições alheias decidem sua vida por você. O resultado de usar uma régua alheia, é viver uma vida alheia. O resultado de viver uma vida alheia, é viver mal. Então, para viver bem, assuma o controle das suas próprias definições.

Boa prática!

© 2023 • 1FICINA • Marcelo Ferrari