Marx chegou em casa exausto. Havia trabalhado o dia inteiro entregando fast food. Deitou no sofá e ligou a televisão. Ouviu as mesmas notícias de sempre: guerras, corrupção, roubo, violência, luta por igualdade social.
Levantou, foi até a mesa e abriu a sacola de comida que trouxe do serviço. Assim que inalou o cheiro da comida, sentiu ânsia de vômito. — Não aguento mais comer isso — ele falou em voz alta. Mas comeu mesmo assim.
Enquanto comia, pensou na sua vida de estrangeiro morando em Nova York. Que vida era aquela? Como aquilo podia ser chamado de vida? Quando morava no Brasil, Marx não tinha dinheiro sequer para comprar um biju, mas tinha uma vida. Podia ir até a casa dos amigos jogar tampinha no final de semana.
Lembrou do seu amigo João Cabral, o único que sempre ganhava dele no jogo de tampinhas. Abriu a tela de aplicativos da televisão e clicou no youtube. Procurou pelo trecho do filme do amigo e clicou novamente. Ouviu e assistiu chorando.