Assim que estacionamos o carro, um flanelinha veio pedir para cuidar. Fiz sinal de positivo. Descemos. No caminho até a entrada do Parque Do Sabiá, uma aluna que estava no carro, comentou: “Esse é meu trabalho lá no Rio De Janeiro”.
Eu sabia que ela trabalhava na praia, mas acreditava que era vendedora de água de coco, refrigerante, algo assim, não sabia que era flanelinha. “Como você faz para receber se ninguém usa mais dinheiro, só cartão?”, perguntei, aproveitando para matar uma curiosidade antiga. “A gente tem um crachá da prefeitura com um QR code. O motorista lê o QR code e faz um pix”, ela me explicou.
Minha primeira curiosidade foi saciada. Mas surgiu outra. “Por que uma flanelinha gastaria seu pouco dinheiro e enfrentaria uma viagem de 15 horas até Uberlândia para participar de um encontro e voltar no dia seguinte?”. Fiquei pensando, mas não perguntei. Até porque essa não era a única doida que havia feito isso. Tinha mais umas seis em situação semelhante.
Entramos no parque, encontramos os outros alunos e fomos fazer um piquenique com a xepa do encontro de sábado.
Durante o piquenique fiquei pensando: “Não é que o encontro aconteceu mesmo! Não é que aconteceu sem que eu precisasse mover uma palha!”.
Mas você, leitor que não foi, nesse momento, quer saber como foi. Bem, posso contar isso em tantas perspectivas diferentes que vai ficar parecendo que foram encontros diferentes. Vou escolher algumas.
O primeiro encontro dos 1ficineiros foi brasileiro. Parecia uma festa na laje, onde o que importa não é a qualidade das cadeiras, mas a qualidade das pessoas sentadas nelas.
O primeiro encontro dos 1ficineiros foi verdadeiro. Falamos sobre a verdade. Debatemos de verdade. E revelamos nossas mentiras.
O primeiro encontro dos 1ficineiros foi emocionante. Muito choro. Muita risada. Muita troca de afeto e olhares do tipo “I see you”.
E como foi que tudo isso aconteceu? Creio que a resposta que uma aluna me deu, durante uma roda de bate-papo, explica. Eu perguntei: “Se você saiu do ciclo de estudos 2024 por raiva do Ferrari, por que voltou mesmo sabendo que continuaria tendo o mesmo professor?”. Ela respondeu: “Porque a 1ficina é maior do que você!”.
Eis minha última perspectiva do encontro dos 1ficineiros: o todo foi maior que a soma das partes.