Imagine que tem uma fruta em cima da mesa. Você olha para essa fruta e chega a seguinte conclusão: É uma maçã! Sua conclusão de que a fruta é uma maçã não surge por milagre, surge porque você executa um processo mental que tem como fim essa conclusão. Que processo mental é esse?
— Memória.
Sim, envolve memória, mas a memória não é a operação mental em si, a operação mental é uma operação mesmo. Que operação é essa?
— Não sei.
Seja um autocientista. Faça a experiência. Coloque uma maçã em cima da mesa e se pergunte: Que processo mental estou executando para concluir que isso é uma maçã?
— Eu observo a fruta e comparo com o que já sei.
Pronto! Você descobriu qual é o processo.
— É a comparação?
Sim. Agora, vamos aplicar essa descoberta ao fracasso. Imagine uma PESSOA em cima da mesa. O nome dessa pessoa é VOCÊ. Você olha para VOCÊ e chega a seguinte conclusão: sou um fracasso! A conclusão de que você é um fracasso não surge por milagre, surge porque você executa um processo mental que tem como fim essa conclusão. Que processo mental é esse?
— O mesmo da maçã: comparação.
Exato! Só que para você executar o processo mental da comparação é preciso ter um PAR, é preciso ter dois, é preciso ter uma coisa e outra coisa. Com o quê você compara a fruta em cima da mesa para chegar a conclusão de que é uma maçã?
— Comparo com outra maçã.
E onde está essa outra maçã?
— Agora sim, na memória!
Isso! Vamos chamar a memória de dicionário. Você observa algo em cima da mesa, daí sua memória, que é seu dicionário, lhe diz que você está observando uma maçã. Confere?
— Sim, confere.
Então, para concluir que a fruta em cima da mesa é uma maçã, você compara a maçã OBSERVADA com uma maçã PENSADA. Você compara a maçã OBSERVADA com uma IDEIA de maçã. Confere?
— Isso mesmo!
Quando a maçã observada é IGUAL a maçã pensada, você conclui que é uma maçã. Quando a maçã observada é DIFERENTE da maçã pensada, você conclui que não é uma maçã. Confere?
— Parece pegadinha, mas sim, confere.
É pegadinha! A experiência humana é uma pegadinha. Estou lhe ajudando a entender a pegadinha para sair dela. Prosseguindo… Sendo que o processo mental de conclusão sobre a maça é exatamente o mesmo processo mental de conclusão sobre si, como você chega a conclusão de que você é um fracasso?
— Comparando também.
Comparando o quê com o quê?
— Não sei.
Comparando você OBSERVADO com você PENSADO. Quando você observado é IGUAL você pensado, você conclui que você é um sucesso. Quando você observado é DIFERENTE de você pensado, você conclui que é um fracasso. É assim que você chega a conclusão que é um fracasso. Confere?
— Sim, confere.
Ótimo! Agora vamos ao principal ponto dessa investigação. Quem é VOCÊ PENSADO? Como VOCÊ PENSADO nasceu? Como foi morar dentro da sua cabeça?
— Desde criança, meus pais, principalmente minha mãe, tinha muitas expectativas sobre mim. Até hoje, muitas pessoas, amigos e clientes, tem muitas expectativas em relação a mim, em relação ao meu trabalho, em relação a minha conduta e aos meus métodos.
Sendo assim, do que esse VOCÊ PENSADO é feito?
— É feito de expectativas.
Expectativas de quem?
— Dos outros sobre mim.
Sacou a pegadinha? VOCÊ PENSADO é seu pai, sua mãe, seus amigos, os professores, a sociedade, a igreja, Jesus Cristo e os 12 apóstolos, o Papa, o Buda, o Dalai Lama, o comercial da coca cola, todos os filmes de Hollywood, todos os vídeos pornôs da internet, todos os partidos políticos, a torcida do Corinthians, do Palmeiras e do Flamengo, os comentários do Galvão Bueno e da Ana Maria Braga, a revista Veja, a revista Caras, o jornal Folha de São Paulo, todo o conteúdo do Facebook, etc. VOCÊ PENSADO é feito da expectativa dos outros. VOCÊ PENSADO é o OUTRO dentro de você. Olha só que loucura! Você se compara com VOCÊ PENSADO e chega a conclusão que é um fracasso porque você não é os outros, porque você não é igual aos outros, porque você é diferente dos outros. Sendo assim, pergunto: Você é igual os outros?
— Obviamente que não!
Se é tão óbvio assim, porque você SE OBRIGA a viver como se fosse?
— Não sei a resposta.
Espantoso, não? Você se chicoteia, se condena, se nega, se proíbe de ser você. Depois se obriga a ser outro. Mas você nem percebe que vive assim. Ficou automático. Você se programou para viver de uma forma doente e agora vive dessa forma doente sem sequer se dar conta disso. Entende?
— Entendo, é isso mesmo!
Ótimo! Então, agora que você tem duas opções: A) Continuar ignorando sua doença e consequentemente continuar vivendo mal. Ou B) Sair da ignorância e iniciar um processo de cura. Qual é sua opção?
— Opto pela opção B.
Sábia decisão.