Seus pais não te aceitam assim, então, você finge ser assado. Seus amigos não te aceitam redondo, então, você finge ser quadrado. O casamento não aceita a libido, então, você finge ser capado. A religião não te aceita egoísta, então, você finge ser abnegado. Cada fingimento que você executa é um tijolo a mais que você coloca nas costas. Você vive soterrado, mas não deixa ninguém relar em um tijolo sequer. São seus troféus. É o fruto da sua autonegação. Anos e anos aprimorando a competência subconsciente em ser outro. Você nem sabe mais ser você. Ser outro é tudo que lhe resta. Por isso você defende seu outroísmo apesar do sofrimento.