A sintaxe e a gramática de um idioma é espelho da sintaxe e gramática mental. Por isso, se mexe numa, mexe na outra. Inevitavelmente. Tem uma frase famosa na filosofia, que o Caetano Veloso até colocou em uma música dele, que diz assim: “Só é possível filosofar em Alemão”. Essa frase está se referindo a sintaxe e gramática da língua alemã, está dizendo que a sintaxe e gramática de um idioma pode facilitar ou atrapalhar o discernimento.
Na língua inglesa, por exemplo, o verbo “ser” e o verbo “estar” é o mesmo verbo: “to be”. Ou seja, a mentalidade das pessoas de língua inglesa não tem o mesmo discernimento da mentalidade das pessoas de língua portuguesa, por exemplo. Outra diferença sintática interessante entre português e inglês, é o uso dos adjetivos. Em inglês, primeiro você qualifica (adjetiva), depois você diz a tal objeto aquele adjetivo se aplica, por exemplo: “red car”. Em português a sintaxe é o oposto, primeiro você diz o objeto, depois qualifica (adjetiva), por exemplo: “carro vermelho”. Ou seja, a mentalidade das pessoas da língua inglesa prioriza o conteúdo e a mentalidade das pessoas de língua portuguesa prioriza a forma.
Se for estudar e comparar a sintaxe e gramática das línguas humanas, dá um mestrado de autociência. Linguagem e pensamento é como se fosse uma coisa só, por isso um influência o outro. Observe como um hipnotizador fala com a pessoa que está hipnotizando, ele usa todos os verbos no presente e muitos imperativos. Quando um instrutor vai dar um relaxamento ou meditação guiada, é a mesma coisa. Todos os verbos no presente.
No caso da análise da história infeliz, quando você conta a história infeliz como se estivesse acontecendo agora, você revive a história agora como se tivesse viajado no tempo e voltado ao passado, porém, você revive a história infeliz com duas mentalidades, a mentalidade que você tinha no passado e a mentalidade que você tem atualmente. Acontece um diálogo entre essas duas mentalidades. Esse diálogo é terapêutico.