Poesia na orelha / Pimenta no olho alheio / Não tenho receio / Sou culpado / Sei que devo / Não vou negar / Mas chega de falar / da boca pra fora / Remendo de pano / E assim a gente vai levando / Até Freud explica / Deixa está / pra ver como é que fica / Bota um pano quente / Quem sabe um dia / de repente / Bode expiatório / E o provisório vira permanente
Poesia na orelha / Não tô aqui pra agradar ninguém / Faço parte sou também / É nois! Queiros / Eis a verdade / ultima e primeira / Coletividade / Pelada / nua e crua / fodida / E brasileira / Descabelada / encardida / filha de mãe solteira / Pedindo esmola no sinal / fechado / Cheirando cola / Numa sacola de supermercado
Há de chegar / Há de chegar o dia / Em que tudo que eu diga / seja poesia