Paradoxo da maestria

03/03/2019 by in category Mestre da felicidade, Textos tagged as , , , with 0 and 0

Quando despertei a consciência existencial, acreditei que havia concluído o ensino superior do autoconhecimento. Foi o sofrimento que me fez desconfiar que estava equivocado. Mesmo ciente da minha existência, continuava sofrendo com coisas bobas, feito criança mimada. E pior! Meu sofrimento não diminuiu, aumentou, pois não tinha mais para onde fugir. Ou abraçava o diabo ou continuava no inferno de viver fugindo dele. Abracei o diabo.

Recomecei o caminho de volta à condição de aluno. Passei por uma fase intensa de rendição. Nunca termina, mas tem fases mais intensas. Essa que cito aqui começou com um chute no meio das pernas me obrigando a cair de joelhos. Não foi um chute metafórico, foi chute mesmo, feito golpe de karatê. Daí para frente foi porrada atrás de porrada, metafóricas e factuais. Como não compensava mais me levantar, comecei a andar de joelhos. Terminado o ciclo de rendição, me levantei.

Agora, quando o sofrimento vem conversar comigo, me ajoelho antes dele chegar e sou todo ouvidos. Render-se a condição de aluno do sofrimento parece humilhação e fracasso aos olhos da ignorância PHD, mas é o único caminho para se tornar um mestre em viver bem. Mestre é aquele que descobriu que é aluno. Eis o paradoxo da maestria.

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