O acordo verbal “não matarás” não funcionou, era muito volátil, se perdeu no vento. Para solidificar o acordo, Moisés escreveu a primeira censura na pedra e mostrou a assinatura de Deus. Mas também não funcionou.
“Algo precisa ser feito!”, pensou Rousseau, John Locke e Thomas Hobbes. A solução foi redigir a primeira censura em uma folha de papel, levar todos os seres humanos até um cartório, fazê-los assinar e reconhecer firma.
Claro que não foi assim, tô zuando, mas o principal é entender que foi maisomenos assim que nasceu o famoso Pacto Social, que você nunca assinou, aliás, que ninguém nunca assinou, mas todos obedecem como se tivessem assinado.
Leia abaixo uma explicação formal do pacto social:
A noção de pacto social vincula-se a uma linha de filosofia política que, no século XVII, buscava um contraponto às teorias de direito divino que justificavam o poder absoluto dos reis com base em uma suposta nobreza inerente. Este direito divino fazia dos monarcas a voz de Deus entre os homens…
Opondo-se à defesa intransigente do sistema monárquico que respeitava apenas, ou principalmente, a vontade de um rei, os jusnaturalistas, ou defensores do direito natural, apresentaram uma noção de governo e sociedade que não dependia e não decorria diretamente da tradição bíblica, mas sim, da natureza e da existência prévia dos homens às formações sociais então conhecidas na Europa…
O homem, assim, possuía uma série de direitos que nasciam com ele, inalienáveis, dos quais ele poderia abrir mão apenas em decorrência de um ato voluntário. O pacto social representava um ato voluntário, através do qual a sociedade dos homens era fundada, dando um fim ao estado de natureza em que antes se encontravam, estado este, em geral, retratado como perigoso e pouco produtivo…
A noção de pacto social rompia violentamente com as tradições de pensamento que sustentavam regimes despóticos, em especial os derivados do direito divino, já que atrelavam a soberania do governante (fosse quem fosse, rei, assembleia, conselho de anciãos, presidente) ao compromisso com o povo, que era a verdadeira origem da soberania e que, voluntariamente, havia escolhido abrir mão da sua liberdade natural para viver sob o domínio de um sistema político…