Os três tipos de reclamação

08/11/2023 by in category Capitulos, Reclame a si tagged as , , with 0 and 0

Quando o outro tem um comportamento que lhe desagrada, você imediatamente deseja reclamar. Isso é natural, inevitável e saudável para a convivência. Só que tem três jeitos de você lidar com esse desejo:

1) Reclamação vitimista direta.
2) Reclamação vitimista indireta.
3) Reclamação responsável.

Reclamação vitimista direta é a reclamação de vítima para culpado. É quando você reclama do outro para o outro. Você é A e o outro é B. Na reclamação vitimista direta você se coloca na posição de vítima e atribui ao outro a totalidade da culpa por sua experiência. Você nega que é culpado pelo seu arbítrio e coloca tudo na conta do outro. “Eu sou vítima e você é culpado”. Você acredita nisso e sua reclamação é você exigindo reparação (justiça).

Reclamação vitimista indireta é a reclamação de vítima para jurados. É quando você reclama do outro para os outros. Na reclamação vitimista indireta você também se coloca na posição de vítima, mas você não reclama diretamente com quem lhe desagradou (B), você reclama com C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, X e Z. Você reclama sobre B com seu marido, esposa, vizinhos, o frentista do posto de gasolina, o padre, seu psicólogo. Enfim, você reclama sobre B com qualquer orelha que aparecer na sua frente e for capaz de ouvir sua maledicência. Você também nega que é culpado pelo seu arbítrio e também coloca tudo na conta do outro. “Eu sou vítima e o outro é culpado”. Você acredita nisso e sua reclamação é você buscando convencer os jurados (outros) dessa sua crença.

Reclamação responsável é a reclamação de culpado para culpado. É quando você reclama com o outro diretamente (A para B), mas você não se coloca na posição de vítima, você se coloca na posição de co-responsável. Você está ciente que você é culpado pelo seu arbítrio e o outro é culpado pelo arbítrio dele. Não há vítimas, todos são culpados. Você expressa ao outro seu desagrado em relação ao comportamento dele, mas não para jogar a totalidade da culpa sobre o outro, mas para possibilitar que o outro entenda como o comportamento dele afeta você e assim possibilitar outras opções e melhorias na convivência.

© 2023 • 1FICINA • Marcelo Ferrari