Ocupação é um termo popular nos movimentos de cidadania. Tem um lugar desocupado, alguém vai lá e ocupa. Tem uma praça pública, o povo vai lá e ocupa. O Movimento Sem Terra é um tipo de ocupação. Quando os povos antigos foram se espalhando pelo mundo, estavam fazendo ocupação. O nome histórico é colonização, mas isso é só terminologia, colonização é ocupação. Ocupação acontece quando um lugar é terra de ninguém ou público. Os portugueses ocuparam uma (suposta) terra de ninguém que chamaram de Brasil. Moradores de rua ocupam os espaços debaixo dos viadutos.
Mas tudo isso é ocupação física: cadê a ocupação metafísica? Parafraseando Morpheus no filme Matrix: “A ocupação metafísica está em todo lugar. É tudo que te rodeia. Você pode vê-la quando olha pela janela ou quando liga sua televisão. Você a sente quando vai para o trabalho, quando vai à igreja, quando paga seus impostos. É a realidade colocada diante dos seus olhos para que você não veja que é um escravo. Como todo mundo, você nasceu num cativeiro, nasceu numa prisão que não consegue sentir ou tocar: uma prisão mental. Por isso, é impossível lhe dizer o que é ocupação metafísica. Você precisa vê-la em si e por si”.
Em outras palavras, no começo da civilização humana, a ocupação era física, territorial. Hoje em dia, a ocupação é metafísica, mental, cultural. Sua cabeça é a terra de ninguém dos colonizadores da modernidade. Guerra cultural é a disputa entre esses colonizadores pela ocupação do seu pensamento. Numa guerra pela ocupação de espaço físico, as armas são físicas: revólveres, metralhadoras e bombas. Numa guerra pela ocupação do seu pensamento, é preciso usar armas mentais: ideologias, teorias, propaganda, fake news, fofoca, injuria, enfim, todo tipo de manipulação de informação.