O curral é um caminho íngreme e cheio de escadas que Ramalho conhece como a palma de sua mão calejada. Mas ainda assim, ele desce lentamente. Isolda que tenha paciência. Na volta, que é subida, ele pega um moto-táxi.
De repente, um estalo seco quebra o ar.
Ramalho vai ao chão. Ainda caído e desorientado, olha para trás para ver o que aconteceu. Um dos degraus da escada que estava descendo, carcomido pelo tempo e pela chuva, se partiu.
Ramalho se levanta, vai até a escada e a beija.
FIM
Todo dia
Todo dia eu subo um degrau
Nessa escadaria
Sem começo
Sem final
Todo dia
Todo dia avanço um passo
Nessa estrada
Rabiscada
No espaço
Todo dia
Todo dia pego um trem
Nessa estação
Tempo vai
E tempo vem
Esse trem é mágico
Essa reta é torta
Para onde eu me levo
Isso já não importa
De onde quer que saia
Pra onde quer que volte
Do começo ao fim
Sou eu dentro de mim