Nascemos sem educação. Comemos com as mãos, cagamos nas calças, mijamos fora do vaso, andamos pelados, berramos, e principalmente, somos 100% egoístas.
Ser criança é uma maravilha para quem está sendo, porém, para os adultos, é um tormento. Toda vez que uma criança caga nas calças está obrigando um adulto a limpá-la. Toda vez que uma criança berra durante a noite está impedindo um adulto de dormir.
Para um adulto, a falta de educação e o egoísmo de uma criança é um transtorno. Algo precisa ser feito. Só que uma criança não é como um robô que você aperta os botões e programa seu comportamento, ou é?
O pior, para criança, é que sim. O comportamento de um ser humano é tão programável como o comportamento de um robô, principalmente na infância. A diferença é que os botões de programação do comportamento humano são emocionais e o processo de programação não se chama programação, se chama educação, ou então, ensino.
Quando você é criança e mija no sofá da sala, por exemplo, o adulto considera isso errado e precisa lhe ensinar que isso é errado. Como ele faz isso? O adulto faz você experimentar dor como consequência do seu comportamento.
Tem várias maneiras do adulto fazer você sentir dor. O adulto pode te dar um tapa, uma chinelada, um beliscão, bater com o cinto, etc. Porém, violência física não é a única maneira de infligir dor. Um adulto pode usar estratégias psicológicas como humilhação, desprezo, exclusão, chantagem emocional, entre outras.
Quando você mija no sofá da sala e sua mãe lhe fala, por exemplo, “Que menina feia! Vou colocar essa menina no chiqueiro porque ela não é uma menina, ela é um porquinho”, sua mãe está apertando o botão da dor emocional para programar seu comportamento.
Só que você não aprende. Você mija novamente no sofá da sala. O que sua mãe faz? Ela aumenta a voltagem do botão da dor, repetindo a humilhação e acrescentando uma enorme careta de reprovação.
Só que você não aprende mesmo. Você mija novamente no sofá da sala. O que sua mãe faz? Ela aumenta a voltagem do botão da dor, repetindo a humilhação, repetindo a careta de reprovação e te dando um belo tapa na bunda.
Sua mãe te trata exatamente como um torturador, mas ela acredita que está te fazendo um bem, ela acredita que está lhe educando.
Com a repetição da tortura associada ao comportamento, chega um momento em que a proibição está programada. Você sente vontade de mijar no sofá e sua memória lhe faz pensar na dor que irá experimentar caso execute aquele comportamento. Você não quer sentir dor, então, você mesmo se proíbe de mijar no sofá.
Sua mãe tem um gabarito enorme de certos e errados, e cheia de amor materno, pensando no seu bem, segue te torturando e te programando até você ficar adulto.
Quando você se torna adulto, o que você faz com seus filhos? Exatamente o mesmo que seus pais fizeram com você: educação. Afinal, você não quer que seus filhos sejam porquinhos, ou quer?
O filme Experimento de Milgram provavelmente foi produzido para tratar do tema da obediência, e o filme trata muito bem desse tema, porém, mostra também como os seres humanos ensinam e aprendem o que é certo e errado.
Por fim, interessante observar que esse filme é o relato cinematográfico de um experimento real e o experimento real foi considerado abominável, monstruoso, cruel, etc. Porém, a rotineira educação continua normal, louvável e até virtuosa.
Então tá!
