Estava assistindo um debate sobre a natureza da realidade com um cientista Phd em física e um estudioso do budismo, aluno do Dalai Lama. O cientista era um escritor best seller, inteligente, bem-humorado e ótimo comunicador. Ele começou sua participação dizendo o seguinte: “Na ciência, tem mais coisas que não sabemos do que coisas que sabemos. Mas sabemos algumas coisas e vou compartilhar um pouco do que sabemos”.
Aí sim! Nota dez para os cientistas!
No meio do debate, o estudioso em budismo questionou o cientista sobre a consciência. Perguntou qual era a relação da consciência com a natureza da realidade. O cientista respondeu: “A consciência faz parte das coisas que ainda não sabemos”.
Aí não! Nota zero para os cientistas!
Como não sabe o que é consciência? Como? Como! Consciência é saber e saber que sabemos é a única coisa que podemos saber sempre e sem sombra de dúvidas. É hilária a erudição do ser humano. Uma pessoa é capaz de pensar centenas de teorias complexas e quando alguém lhe pergunta sobre o óbvio ululante, a pessoa responde, no apogeu da erudição, que “consciência faz parte das coisas que ainda não sabemos”.
A conta científica não fecha! E a matemática é simples: como um ser humano pode saber do que quer que seja sem consciência? Impossível! Ciência sem consciência é o mesmo que fotografia sem máquina fotográfica. Como pode existir fotografia sem máquina fotográfica? Como um cientista pode saber qualquer coisa sem a capacidade de saber, sem consciência.
Para saber o que é consciência, basta saber que sabe. É simples! É direto! É fácil! É totalmente empírico! É 100% científico! Consciência é saber. Não tem mistério. Não tem dificuldade. Não precisa fazer eletroencefalograma, ressonância magnética e tomografia do cérebro. Não precisa estudar. Não precisa teorizar. Não precisa sequer explicar, basta ficar consciente da consciência.
Infelizmente o estudioso do budismo não soube esfregar essa obviedade na cara do cientista. E mesmo que soubesse, o cientista, para reafirmar seu antidogmatismo, voltaria ao equívoco de que é preciso estudar o cérebro para saber o que é consciência.