Conheço pessoas talentosas que vivem mal, porque não conseguem conciliar a criança interior (prazer) com o adulto (pensar). São adultos improdutivos, hippies fora de época, rebeldes reacionários.
O potencial criativo dessas pessoas fica reprimido ou vira uma bomba de autodestruição, porque não aprendem a brincar dentro das regras do jogo. Qualquer punição e já saem do jogo cruzando as mãozinhas debaixo dos braços e dizendo: “eu não brinco mais!”. Ou então, vão para o lado negro da força e se tornam pessoas do contra.
Tem pessoas que fazem o oposto: matam a criança (ignoram o prazer). Ficam só adultos. Pessoas assim vivem em depressão. Claro! Viver feito um robozinho cumpridor de regras é uma tristeza.
Por isso, conciliar recreio e aula é o grande desafio.
Criança só tem compromisso com o recreio. Estudar e aprender é coisa de adulto. Criança só quer brincar. Mas sem trabalho interior, sem o estudo de si, sem constante autoobservação e autoanálise, é impossível produzir autoconhecimento, e sem autoconhecimento, é impossível brincar de viver.
Então, nem só recreio, nem só aula. No começo a criança reclama, mas depois agradece. Pois se brincar é bom, brincar com lucidez é melhor ainda.