Expliquei algo e um aluno disse que discordava. Expliquei melhor. O aluno continuou dizendo que discordava. Perguntei qual era a discordância. Ele respondeu apenas que discordava. Percebi que, embora estivesse usando a palavra “discordo”, na verdade, ele não gostava do que eu havia dito.
Ora, mesmo que você entenda algo, mesmo que esteja óbvio, mesmo que seja inegável, ainda assim você pode optar por ignorar por conveniência. Era conveniente para o meu aluno ignorar minhas explicações porque colocava em risco suas crenças.
É impossível ocultar o óbvio, mas é possível negá-lo. É isso que o filme Não Olhe Para Cima procura demonstrar através do comportamento absurdo dos seus personagens. O meteoro está no céu, brilhante e ululante, mas os personagens optam por negar o óbvio se recusando a olhar para cima.
O filme é genial e denuncia o negacionismo através da ironia, tal como na história do rei que está nu. O escárnio é tão grande que ficamos na dúvida se é pra rir ou pra chorar, afinal, a piada não está no filme, está em quem está assistindo.
