Durante um ano, não contei para ninguém que estava participando do EEU. Não queria misturar a pedagogia teísta de Joaquim com a minha. Também não queria incentivar a idolatria que as pessoas têm por espíritos. Por fim, não queria perder tempo explicando a questão da mediunidade, que no final das contas, é inconclusiva.
Mas Joaquim começou a me cozinhar em banho-maria para me aliciar no trabalho do EEU. Primeiro, me pediu para dar palestras mensalmente no grupo de São Carlos. Depois, me pediu para organizar a festa de Nossa Senhora de 2008, em São Paulo. E, rotineiramente, me levava com ele para viajar quando tinha palestra.
Em pouco tempo, de tanto Joaquim citar meu nome no grupo, deixei de ser o cara da Matrix e me transformei no Moxo Conome DuCarro. Joaquim não chamava ninguém pelo nome. Todo mundo tinha um apelido. Chorona do Portão, Pena Branca, Dotô, Gordo, Galego, Véio, Anjinho, Moça do São Carlos, e eu, por motivos óbvios, ganhei a alcunha de Moxo Conome Ducarro.
Por fim, estava tão envolvido com o EEU, que não fazia mais sentido manter dois trabalhos. Contei sobre o EEU para as pessoas que acompanhavam o blog e fiquei só colaborando com o EEU. Então, Joaquim começou a me colocar em posições de destaque, como se fosse me passar o bastão. Ele nunca falou isso para mim, nem para o grupo, mas seu comportamento comigo gerava esse entendimento.
Na festa de 2008, em São Paulo, além de me encarregar de organizar tudo logo no primeiro ano da minha participação no EEU, Joaquim me colocou de joelhos em frente à estátua de Nossa Senhora e me deu uma benção. Em 2009, em São Carlos, uma cena parecida se repetiu, com o acréscimo de que Joaquim pediu para que todos colocassem a mão sobre minha cabeça.
Claro que me senti especial, queridinho, escolhido, ego inflado, etc. Passei a receber paparicos dos integrantes. Teve até pessoas que choraram na minha frente dizendo que podia contar com elas incondicionalmente. Mas não me agradava a responsabilidade de cuidar de um filho que não era meu, o EEU, nem a inveja que vinha na contramão do paparico.
Deixa como está para ver como é que fica. Conhece essa expressão? Na linguagem da umbanda ela é dita assim: deixa a gira girar. Foi o que fiz, deixei a gira girar. Afinal, a responsabilidade pelo que Joaquim estava fazendo era dele e não minha.