— Imagine uma prateleira cheia de filmes. Você ainda não assistiu nenhum dos filmes que estão nessa prateleira. Sendo assim, os filmes nessa prateleira são:
( ) filmes felizes ou
( ) filmes infelizes?
INTERLOCUTOR: Não sei, ainda não assisti.
— Isso mesmo! Os filmes não são felizes nem infelizes. Sendo assim, pergunto: porque os filmes não são nem felizes e nem infelizes?
INTERLOCUTOR: Porque depende da minha avaliação.
— Ótimo! Daí você pega um filme na prateleira e assiste. Após ter assistido, te pergunto: ”Esse filme é feliz ou infeliz?” E você me responde: “É um filme infeliz.” Por que antes você era incapaz de saber que o filme era infeliz e agora sabe?
INTERLOCUTOR: Porque agora eu já assisti.
— Exato! Você não sabia que o filme era infeliz porque você ainda não havia assistido o filme. Depois que assistiu, você ficou consciente do conteúdo do filme, avaliou esse conteúdo e daí se tornou capaz de me dizer que é um filme infeliz. Está claro isso?
INTERLOCUTOR: Sim.
— Agora, imagine que esse filme que você pegou para assistir é sua vida. Por que você é capaz de dizer que é um filme feliz ou infeliz?
INTERLOCUTOR: Por que estou assistindo minha vida.
— Exato! E você consegue qualificar de feliz ou infeliz a vida que você ainda não criou e por isso ainda não assistiu?
INTERLOCUTOR: Se ainda não criei, não tenho como assistir, logo, não tenho como avaliar.
— Sendo que você só é capaz de assistir a vida que você já criou e nunca a vida que ainda não criou, então, a vida que você está assistindo agora e sempre, é:
( ) presente ou
( ) passado?
INTERLOCUTOR: É passado.
— É por isso que presente é passado. A vida que você está experimentando agora e sempre, primeiro é criada por seu arbítrio e só depois você experimenta. Arbítrio é causa, vida é efeito. Seu presente é sempre o passado do seu arbítrio. É o passado mais recente, mas é passado.
INTERLOCUTOR: E o presente? Cadê o presente?
— Não existe presente, o que existe é sua eterna PRESENÇA criando e assistindo sua vida, assim como um jogador de videogame jogando e assistindo o jogo.
INTERLOCUTOR: Minha história é o jogo de videogame da minha vida!
— Essa é uma ótima analogia! Mas agora que você entendeu o presente, vamos entender o passado. Que ação você pode executar no passado?
INTERLOCUTOR: Nenhuma.
— Então, para que serve o passado se você não pode fazer nada no passado?
INTERLOCUTOR: Não serve para nada.
— Serve sim! Pensa novamente e responde novamente.
INTERLOCUTOR: Não sei.
— Vamos supor que você perca toda a memória. Daí eu coloco um filme para você assistir. Você será capaz de me dizer se o filme que está assistindo é feliz ou infeliz?
INTERLOCUTOR: Não.
— Por que não?
INTERLOCUTOR: Porque não terei critérios para avaliar.
— Então, para que serve o passado se você não pode fazer nada no passado?
INTERLOCUTOR: Para ter critérios.
— Critérios do quê?
INTERLOCUTOR: Critérios de felicidade e infelicidade.
— E para que serve ter critérios de felicidade e infelicidade?
INTERLOCUTOR: Para poder avaliar se a vida que estou vivendo é feliz ou infeliz.
— E para que serve avaliar isso?
INTERLOCUTOR: Não serve para nada.
— Claro que serve! Vamos supor que você está dirigindo por uma estrada. De repente, você percebe que está na estrada da infelicidade. Qual é o benefício dessa descoberta?
INTERLOCUTOR: Posso virar o volante e mudar a direção.
— E qual é o volante que você usa para dirigir sua vida?
INTERLOCUTOR: O volante é o arbítrio.
— Então, para que serve você classificar sua história de infeliz?
INTERLOCUTOR: Serve para mudar de estrada (mudar de opção).
— Exato! A vida que você está vivendo a cada momento, seja feliz ou infeliz, já está criada, já aconteceu, o leite já está derramado, não há nada que você possa fazer. Então, você não precisa aceitar o presente para viver bem, você só precisa estar consciente que presente é passado. Uma vez que você esteja consciente disso, se num dado momento você estiver vivendo vida infeliz, você vira o volante e muda de estrada (muda de opção). Se num dado momento você estiver vivendo vida feliz, você pisa no acelerador (continua na opção).
INTERLOCUTOR: Eu sou o motorista da minha história, é isso?
— Sim! Você é o motorista da sua história. E sendo que sua história é sua realidade, você é o motorista da sua realidade. Seu arbítrio é o volante que você usa para dirigir sua realidade.
INTERLOCUTOR: Viver bem é dirigir bem minha realidade?
— Isso mesmo! E viver mal é dirigir mal.
INTERLOCUTOR: Nessa metáfora do motorista, o que é felicidade e infelicidade?
— É a voz do GPS te avisando se você está na estrada da autorrealização ou não.
INTERLOCUTOR: Vida feliz significa que estou na estrada da autorrealização?
— Isso! E vida infeliz significa que você está na estrada da autonegação.
INTERLOCUTOR: Não leve a mal, mas isso eu já faço.
— Sim! Autoconhecimento não é fazer nada de novo, é ficar consciente sobre o que você sempre é e o que você sempre faz. Você é um ser humano, não tem novidade nisso. E o que você sempre faz é viver (dirigir sua realidade), também não tem novidade nisso.
INTERLOCUTOR: Entendi. Valeu!
— Disponha. E boa viagem!