Toda mágica funciona baseada em suposições equivocadas. No famoso truque do coelho na cartola, por exemplo, primeiro o mágico lhe mostra uma cartola vazia. Você vê a cartola vazia. Então, quando o mágico coloca a cartola sobre a mesa, você supõe que a cartola continua vazia. Ela não está mais vazia. O mágico, muito habilidoso, já colocou um coelho na cartola sem você perceber. Quando o mágico retira o coelho da cartola, como você supõe que a cartola está vazia, fica parecendo mágica.
Também é uma suposição equivocada que faz você acreditar que existe objeto externo. Se sua verdade objetiva fosse tal como na ilustração abaixo, onde o objeto A é diferente do objeto B, seria fácil entender que não existe objeto externo. Você conversaria com as pessoas, ouviria descrições diferentes dos objetos e concluiria que a verdade objetiva é particular e mental. Porém, o que acontece é o oposto. O que acontece é o que está na segunda ilustração.
Quando você conversa sobre os objetos, não há divergência, há concordância. Onde você enxerga uma bola, todos enxergam uma bola. Onde você não consegue atravessar porque tem uma parede, ninguém consegue atravessar porque tem uma parede. Sendo que você é um ser humano que pensa e acredita, imediatamente você supõe que exista uma bola e uma parede do lado de fora, tal como na ilustração abaixo:
Essa mesma mágica acontece quando você joga videogame em rede.
Você está na sua casa, olhando para tela do seu computador. Todos os outros jogadores estão em outros lugares do mundo, olhando para tela de outros computadores. Todos estão vendo o carro. E todos precisam ver o carro, senão fica impossível jogar o jogo. Porém, ninguém comete o equívoco de acreditar que existe um carro lá fora, além do monitor do computador. Por que não? Porque todos sabem como o videogame funciona. E por que o ser humano não faz o mesmo com a verdade objetiva? Exatamente pelo motivo oposto. Porque o ser humano ignora o que é ser humano, não tem autoconhecimento.