Deus é uma questão fundamental no autoconhecimento. Então, é muito comum pessoas me questionarem sobre Deus. E claro, quando me questionam, fazem isso com a cabeça cheia de crenças e zero consciência. Como sou macaco velho no assunto, tenho uma pedagogia para quebrar as pernas e as crenças das pessoas.
Eu pergunto: “O que é Deus?”. Recebo um milhão de respostas. Independente da resposta, digo sempre o mesmo: “Sua resposta está errada”. A pessoa persiste. Produz dois milhões de respostas. Eu continuo dizendo: “Sua resposta está errada”. Quando a pessoa fica exausta, joga o feitiço contra o feiticeiro: “Me diga você o que é Deus”. Eu respondo: “Deus é a somatória de quatro letras, d-e-u-s”.
A maioria das divergências filosóficas não são divergências filosóficas, são divergências semânticas. As pessoas não brigam porque discordam, as pessoas brigam porque usam palavras diferentes para dizer as mesmas coisas, ou palavras iguais para dizer coisas diferentes.
O maior problema da filosofia não é filosófico, é problema de comunicação. Eu tive que sofrer muito para aprender isso. E aprendi. Desde então nunca mais entrei em um diálogo filosófico sem antes investigar as definições dos meus interlocutores. É trabalhoso investigar o dicionário mental dos interlocutores. Precisa conversar muito. Mas vale a pena. Evita mal-entendidos. E, no final das contas, é a única maneira possível de produzir uma comunicação eficiente.
Mas por que estou falando isso na introdução desse livro? Porque divergência semântica não acontece apenas com a palavra “Deus”, acontece com todos os substantivos abstratos, o que inclui a palavra “culpa”.
Esse livro não está sendo escrito para explicar o que é culpa. Você sabe o que é culpa. A culpa é uma experiência constante para você e toda experiência é autoexplicativa. Esse livro está sendo escrito para desfazer um equívoco recorrente na cultura humana, principalmente na cultura espiritualista, que resulta em mal viver. O primeiro passo para desfazer esse equívoco é lavar a palavra culpa, é entender que, para começo de conversa, culpa é apenas a somatória de cinco letras, c-u-l-p-a.
Passo dado. Prossigamos. Boa leitura!
O video abaixo é uma ajuda para lavar a culpa. Assista!