Se você oferecer um bombom para um chocólatra e o mesmo bombom para um diabético, o que irá acontecer? Não é preciso ser vidente para prever o futuro. O diabético recusará o bombom e o chocólatra aceitará e comerá o bombom.
Por que o chocólatra e o diabético têm comportamentos diferentes? Por que o bombom é atraente para um e repelente para o outro? A resposta é óbvia: comer bombom significa dor para o diabético e prazer para o chocólatra.
Mas cadê a dor e o prazer que ambos estão vendo no bombom? Está no bombom? Faz parte dos ingredientes? Não! “Bombom = dor” e “bombom = prazer” são crenças memorizadas dentro da cabeça de cada um.
Sendo assim, o que está impedindo o diabético de comer o bombom e estimulando o chocólatra a comer? A resposta é: a crença memorizada de cada um.
E ainda bem que a memória do diabético está fazendo isso com ele, pois sendo diabético, se sua memória não o alertasse sobre o risco de saúde de comer o bombom, ele comeria e além de sentir dor, poderia até morrer.
Agora, vamos imaginar que o diabético não é de fato diabético, que apenas foi ensinado a acreditar que é. Vamos imaginar que desde o nascimento seus pais lhe disseram que ele é diabético, que bombom = dor e até risco de morte.
Sendo assim, o que estaria impedindo o diabético de comer o bombom? Ainda seria a crença memorizada. Mas nesse caso, a crença memorizada estaria ajudando ou atrapalhando a pessoa? Nesse caso estaria atrapalhando.
É isso que o filme Laranja Mecânica mostra. Alex, o protagonista do filme, passa por um processo de ensino semelhante ao que descrevi acima, só que ao invés desse processo acontecer ao longo de muitos anos desde a infância, acontece em uma semana na idade adulta.
Alex aceita ser cobaia de um experimento de reprogramação mental para poder sair da cadeia. Coisas que ele considerava prazerosas são reprogramadas para significar dor e ele se torna incapaz de executá-las como antes.
O processo de reprogramação mental do filme é ficção, mas a todo instante estamos reprogramando nossas crenças. É um processo natural e recebe o corriqueiro nome de “mudar de idéia”.
Se você já mudou de ideia alguma vez na sua vida, então, você sabe do que estou falando. O que talvez você não saiba, é que você tem muitas crenças memorizadas que não são oriundas da sua própria experiência. São ensinamentos alheios, que podem estar equivocados, podem não servir para o seu caso, e estão te atrapalhando ao invés de lhe ajudando.
Se for esse o caso, para mudar esse cenário, basta você mudar de ideia. Mas para que você mude de ideia, primeiro você precisa colocar a crença memorizada a prova e descobrir se é ou não uma crença equivocada ou em desacordo com sua unicidade. Se descobrir que é, repita a descoberta até que a nova memória substitua a antiga.
Boa prática!