Quando despertei a consciência existencial, acreditei que havia concluído o ensino superior do autoconhecimento. Foi o sofrimento que me fez desconfiar que estava equivocado. Mesmo ciente da minha existência, continuava sofrendo feito criança mimada. E pior! Meu sofrimento não diminuiu, aumentou, pois não tinha mais para onde fugir. Ou abraçava o diabo ou continuava no inferno de viver fugindo dele. Abracei o diabo.
Passei por uma fase intensa de rendição. Nunca termina, mas tem fases mais intensas. Essa que cito, começou com um chute no meio das pernas, me obrigando a cair de joelhos. E não foi um chute metafórico, foi chute mesmo, feito golpe de karatê. Depois foi soco, porrada e bomba. Como não compensava mais me levantar, comecei a andar de joelhos. Terminado o ciclo de rendição, me levantei.
Agora, quando o sofrimento vem conversar comigo, me ajoelho antes dele chegar e sou todo ouvidos. Render-se a condição de aluno do sofrimento parece humilhação e fracasso aos olhos da ignorância PHD, mas é o único caminho para se tornar um mestre em viver bem.