A promessa da escola de Xavier era ousada: inglês em 8 semanas. A estratégia para realizar essa promessa era motivação, diversão, imersão, RPG e PNL (Programação Neurolinguística). Quer saber se funcionava? Em 8 semanas, não, mas pelo menos o aluno se divertia, aprendia um pouco, e caso não alcançasse a aprendizagem no prazo prometido, podia refazer o curso gratuitamente. Tem vários detalhes pedagógicos aí e não vem ao caso. O que importa é que foi assim que descobri a PNL e que foi por causa da PNL que voltei a me interessar por psicologia.
Os criadores da PNL, Richard Bandler, estudante de psicologia e John Grinder, professor de linguística, partem da premissa de que o cérebro funciona igual a um computador. A partir disso, fazem uma série de afirmações sobre o funcionamento mental conhecidas como pressupostos da PNL. O pressuposto mais famoso é o primeiro: o mapa não é o território. Os outros também são esclarecedores, mas esse primeiro me pegou. Não era a toa que era o primeiro.
Havia aprendido na Gnose que a realidade dos sentidos era ilusão. Tinha aprendido isso na faculdade também, na aula de filosofia com a Alegoria Da Caverna de Platão. Mas por algum motivo, a frase “o mapa não é o território” explicava melhor. Talvez porque durante o emprego de motoboy eu tinha que lidar com mapas e territórios o tempo todo.
Naquela época, a PNL ainda estava engatinhando no Brasil e havia poucos livros em português. Mas já havia internet, Google e pirataria. A fim de entender e aplicar a metodologia da escola de Xavier, estudei PNL e conversei com estudiosos do assunto. Ao longo desse caminho fui percebendo que a PNL servia para coisas mais importantes do que aprender inglês.
Depois de dois anos ensinando inglês na escola de Xavier, montei um curso de PNL que se chamava: Entrando na Matrix. Dei esse nome porque usava o filme Matrix como apoio pedagógico para explicar os pressupostos da PNL. O curso acontecia no final de semana quando a escola ficava vazia.
A apostila do curso Entrando na Matrix foi o primeiro conteúdo que produzi sobre autoconhecimento. Continha explicações sobre o funcionamento mental e exercícios de autoanálise. Nada igual ao conteúdo atual da 1ficina, mas de certa forma, um embrião.
O curso Entrando na Matrix não durou muito tempo. Contudo, por causa dele, fui cair em outro curso. E foi nesse outro curso que tive um despertar existencial.