Herói ou vilão?

07/08/2021 by in category Capitulos, Quatrolência, Textos tagged as , , , with 0 and 0

Um erro justifica o outro? Dois erros fazem um certo? A violência que recebo justifica a violência que entrego? Vingança corrige erros? Essas são perguntas que o filme Coringa coloca na tela e dentro da nossa cabeça.

Por um lado, concordamos com a vingança do Coringa. Olho por olho dente por dente. Quem nunca quis matar seus algozes? Quem não os mata mentalmente todo dia? Quem nunca esfaqueou o chefe? Quem nunca torturou o pai, a mãe, a esposa, o marido e os filhos? Quem nunca metralhou os inimigos? Quem nunca apertou o botão da bomba atômica e explodiu a porra toda? Quem? Quem? Quem?

Somos vingativos. Mesmo fingindo santidade, secretamente queremos vingança assim como o Coringa. Por isso o filme do Coringa é perturbador. O filme projeta na tela o que desejamos em secreto e não temos coragem de admitir nem para nossa sombra. Somos Coringas por dentro, fingimos por fora.

Mas nem mesmo o Coringa vivia como Coringa no começo do filme. O que aconteceu? O que acontece dentro de um indivíduo que faz com que ele decida colocar em prática a vingança? Necessidade inadiável de sair da posição de agredido? Sim, claro! E essa necessidade é natural, saudável e justa. Porém, será que a vingança é uma estratégia capaz de atingir o objetivo almejado pelo vingador: o fim da violência?

O grupo de super-heróis mais famoso do cinema se chama: vingadores. O super-herói Batman nasce sob o juramento de Bruce Wayne de vingar a morte dos pais. Mas vingança é a mesma motivação do Coringa. Então, por que o Coringa é vilão enquanto Batman e os vingadores são super-heróis?

© 2023 • 1FICINA • Marcelo Ferrari