Todo texto, pequeno ou grande, livro ou redação, começa pelo título. O título é o resumo máximo da ideia. O texto é o desdobramento do título. Todo escritor roda ao redor do título, assim como uma mariposa roda ao redor da luz. Pode ser que o título surja só no fim, depois que o texto esteja concluído. Mas isso não significa que o título não está sempre presente. Está. E o escritor roda ao redor dele, só que inconsciente. Terminado o texto, o escritor percebe qual é o centro de sua órbita e traz o título ao consciente.
Quando um escritor olha para o título de sua obra, ele vê tudo que a compõe, todos os parágrafos, todas as palavras, tudo que foi dito explicitamente e tudo que foi implicado. O título “O retrato de Dorian Gray”, por exemplo, já diz tudo que Oscar Wilde tem a dizer para o leitor. Só que o leitor, antes da leitura, ainda não tem acesso a tudo que já está no título. Depois da leitura, sim, o leitor olha para capa do livro e pensa: estava tudo no título.
Por que estou falando em títulos se o título do meu texto não é “títulos”? Porque assisti um seriado que tem um título aparentemente bobo, mas que se torna extraordinário depois que você assiste. O título é: “Olá, amanhã!”. Passei batido nas primeiras vezes que o algorítimo me ofereceu. E se dependesse do título, continuaria ignorando. Só dei uma chance ao seriado porque o ator principal é ótimo e ótimos atores não costumam aceitar papéis ruins.
Comecei a assistir o seriado e o título ruim se transformou em excelente. O que aconteceu que mudou meu entendimento? Aconteceu a história de um golpe perfeito. Jack, personagem principal do seriado, percebe que as pessoas têm uma vida miserável, que estão deprimidas e cheias de problemas. Então, decide vender uma solução mágica para resolver isso: mudar para lua. Deixe seus problemas na terra e vá morar na lua!
Jack inventa uma imobiliária falsa que vende casas falsas na lua. Claro que nenhum comprador compra a casa em si, compram a promessa de Jack: o fim de todos os problemas. Mas isso a Coca-Cola, o McDonald’s e todas as religiões do planeta também vendem. O golpe de Jack é perfeito porque os compradores nunca chegam a descobrir que foram enganados. Tem um segundo golpe dentro do primeiro: o dia do lançamento do foguete que irá levar os compradores até a lua (fim de todos os problemas) é amanhã.
Amanhã é nunca! É por isso que a esperança não resolve bosta nenhuma. Qualquer um pode resolver todos os seus problemas amanhã, até você pode fazer isso. Só que amanhã é um dia que nunca chega, por mais que você espere. Então, esperar que seus problemas sejam resolvidos amanhã, só serve para perpetuá-los. Se você quer resolver seus problemas, não caia no golpe da esperança, a solução é agir agora e sempre.