Era uma vez um cientista que negava a existência de câmeras fotográficas. Ele dizia que não havia evidência. Foi então, que outro cientista, amigo seu, marcou um encontro para ele com uma câmera fotográfica no laboratório.
A câmera fotográfica chegou primeiro e ficou aguardando o cientista. O tempo foi passando e o cientista não aparecia. Como já estava tarde e a câmera fotográfica precisava ir embora, ela bateu uma fotografia do laboratório e deixou a fotografia sobre o balcão. Com a fotografia, ela deixou um bilhete: “Caro cientista, estive aqui para o nosso encontro, mas como você não apareceu, deixo esta fotografia do laboratório como prova da minha existência”.
No dia seguinte, o amigo do cientista lhe perguntou sobre o encontro. Ele respondeu:
— Meu carro quebrou e quando cheguei no laboratório a suposta câmera fotográfica já havia ido embora, só tinha esta fotografia no balcão.
O amigo indagou se agora, com a fotografia de prova, ele reconhecia a existência de câmeras fotográficas. O cientista respondeu:
— Claro que não! Eu examinei cada detalhe dessa fotografia e não encontrei a câmera fotográfica em lugar nenhum da imagem.
Para entender a realidade não adianta olhar para fora e entrar dentro do fora, dentro do observado. É preciso inverter o olhar e entrar dentro do dentro, dentro do observador. Assim como é impossível a câmera fotográfica aparecer na fotografia, mas é evidente que ela existe, também é impossível observar a consciência, mas também é evidente que a consciência existe.
O método científico da observação, criado com sangue e suor pelos cientistas, é o único método capaz de retirar um ser humano da superstição e levá-lo até o óbvio. Toda gratidão e honra aos cientistas por isso. Porém, o método científico é alicerçado na mentalidade materialista e ao aplicá-lo no estudo da realidade, ele cria o problema que está tentando solucionar.
Não tem como entender a realidade partindo da suposição de que a consciência é um produto da realidade. Acreditar nisso é o mesmo que acreditar que a câmera fotográfica é um produto da fotografia. Para entender a realidade é preciso aplicar o método científico no próprio método científico. É preciso observar a observação. É preciso usar o método da auto-observação.