[addthis tool=”addthis_inline_share_toolbox_zy94″]

Introdução ao fim do mundo

Introdução ao fim do mundo

O mundo externo existe. É um mundo real, material, sólido, tridimensional e externo. Como você ousaria duvidar disso? Como você ousaria duvidar da externalidade do mundo se todos os dias você acorda nele, caminha por ele, trabalha nele, age nele, causa mudanças nele e ele causa mudanças em você? Como duvidar da externalidade do mundo se é nele que você tem sua vida inteira? E de que outro jeito o mundo pode ser senão externo? Em que outro lugar o mundo pode estar senão do lado de fora? É isso que vamos investigar aqui.

Mundo dentro da cabeça

Mundo dentro da cabeça

Segundo a ciência, você depende dos sentidos para conhecer o que chama de mundo externo. Todas as informações que você recebe é dada pelos sentidos em cores, sons, cheiros, sabores e texturas. Para simplificar o entendimento, vamos pegar como base a visão, que é o sentido mais convincente de mundo externo. A ciência diz que a visão é resultado de uma cadeia de processos cerebrais. Agrupamentos de luz chamados fótons, viajam do objeto para os seus olhos e passam através da lente dos olhos, onde são refratados e focados na retina, na parte posterior dos olhos. Depois disso, os raios são transformados em sinais elétricos e transmitidos por neurônios para o centro da visão, na parte de trás do cérebro. Ou seja, a visão não acontece nos olhos, nem na retina, a visão acontece dentro do cérebro. Todas as imagens que você vê e todos os eventos que você experimenta como externos, são na realidade experimentados internamente, neste lugar pequeno e escuro do cérebro. Tanto a limitada sala que você está agora, quanto a paisagem externa sem limites que você vê ao olhar para o horizonte, se encaixam igualmente dentro desse lugar de poucos centímetros cúbicos do cérebro.

CAVERNA DA VISÃO

CAVERNA DA VISÃO

Quando você diz visão, o que está realmente dizendo? Significa que você está ciente de todo o processo de raios atingindo seus olhos, sendo convertidos em sinais elétricos e depois sendo decodificados em imagens no seu cérebro? É isso? Quando você olha para uma vela acesa, você vê a luz dentro do cérebro, mas seu cérebro está em absoluta escuridão e ele é vedado à luz. Nenhuma luz penetra em seu cérebro. Então, seu cérebro nunca vê a luz de fato. Mas você vê um mundo iluminado e colorido dentro do seu cérebro escuro. O mesmo se aplica a todos os seus sentidos. Som, tato, paladar e olfato são percebidos no cérebro como sinais elétricos, então, ao contrário do que você acredita, você não tem acesso direto ao suposto mundo externo, o que você vê é apenas uma construção mental criada pelo cérebro através de estímulos nervosos.

Construções Mentais

Construções Mentais

Tudo que você supõe existir no exterior, na verdade, tem sua existência interiormente, dentro do seu cérebro. Quando você vê um pássaro no mundo externo, na verdade, esse pássaro não está no mundo externo, mas no seu cérebro. As partículas de luz refletidas pelo pássaro alcançam seus olhos e lá são convertidas em sinais elétricos. Esses sinais são transmitidos por neurônios para o centro da visão no cérebro. Então, o pássaro que você vê externamente, na verdade, está dentro do seu cérebro e é feito da decodificação de sinais elétricos. Se os sinais nervosos que viajam dos olhos para o cérebro fossem desconectados, a imagem do pássaro desapareceria de repente. O mesmo acontece com o canto do pássaro. O canto do pássaro está em seu cérebro. Se o nervo que viaja desde as orelhas até o cérebro fossem desconectados, você não ouviria nenhum som. A forma do pássaro, as cores e o som que você ouve são interpretações cerebrais dos sinais elétricos, são construções mentais dentro da sua cabeça.

Corpo, espaço e distância

Corpo, espaço e distância

Corpo, espaço e distância também são construções mentais. Objetos que parecem estar muito distantes da sua visão, na verdade, são imagens agrupadas dentro do seu cérebro. Quando você observa as estrelas, você supõe que estão a milhões de anos-luz de distância de você. No entanto, elas estão bem dentro de você, dentro do seu cérebro. A construção mental de distância cria a separação entre corpo e espaço. Por isso você acredita que está dentro de uma sala, mas, na verdade, é o contrário, a sala está dentro de você. Você vendo seu corpo dentro da sala é o que faz você acreditar que está dentro da sala. Mas seu corpo também é uma construção mental criada pelo seu cérebro.

Suposto mundo externo

Suposto mundo externo

Até agora, para lhe ajudar a entender o funcionamento dos cinco sentidos, assumi a suposição de um mundo externo captado pelos sentidos e reconstruído mentalmente. Mas se você nunca acessa o suposto mundo externo, como sabe que o mundo é externo? Você supõe a existência de objetos externos porque os vê e os toca, no entanto, você nem vê, nem toca os objetos. Os objetos que você vê e toca são construções mentais dentro do seu cérebro, não são externos. Isso acaba com sua suposição de mundo externo, uma vez que tudo que você experimenta só existe dentro de você e não fora. Seu equívoco é supor que suas construções mentais internas são externas.

Simulação de mundo externo

Simulação de mundo externo

Imagine um computador conectado aos centros sensoriais do seu cérebro através de eletrodos. Imagine que esse computador comece a enviar dados para o seu cérebro de uma realidade de mundo externo com som, luz, cheiro, tato e sabor. O que vai acontecer? Você irá experimentar a realidade de mundo externo enviada pelo computador como se fosse um mundo externo de fato. O computador também pode enviar para o seu cérebro sinais relativos a sua própria imagem dentro dessa realidade, lhe fazendo acreditar, por exemplo, que você é um empresário, sentado em sua cadeira no seu escritório. E essa simulação de mundo externo pode continuar sem que você nunca perceba que são apenas dados vindo de um computador.

Mundo dos sonhos

Mundo dos sonhos

Você acredita que o mundo é externo porque pode tocá-lo com as mãos e vê-lo com os olhos, mas em um sonho você também pode tocar o mundo com as mãos e vê-lo com os olhos e não há nada no sonho que possa ser tocado ou visto. E mais! Quando você está sonhando, você pode sonhar que é um piloto comandando um avião viajando uma longa distância e nem por isso você se moveu um milímetro da sua cama. Você pode visitar diferentes cenários, se encontrar com amigos, conversar, comer e beber. Somente quando você acorda do sonho que percebe que se tratava de um mundo sonhado. Se você consegue sofrer, amar, pilotar aviões, tudo isso em um mundo sonhado como se fosse um mundo externo, porque o mesmo não pode estar acontecendo agora, no mundo acordado?

Mundo observado

Mundo observado

Se todos os objetos observados são construções mentais dentro do seu cérebro, como fica seu cérebro? Afinal, seu cérebro também é um objeto observado, então, também é uma construção mental dentro do seu cérebro. Oooops!

Observador do mundo

Observador do mundo

Surge então a pergunta: quem vê, ouve e percebe todas as construções mentais do cérebro se não é o cérebro? Quem é o observador? É você. O mundo que você está assistindo agora é o mundo dentro de você, pois só existe dentro de você, no fluxo de experiências que você está assistindo. Essa compreensão é o apocalipse: o fim do mundo externo. A ciência sempre buscou o fantasma dentro da máquina, nunca encontrou. E se for a máquina que está dentro do fantasma? Será o fim do mundo ou começo de um mundo novo?

VÍDEO COMPLETO

© 2023 • 1FICINA • Marcelo Ferrari