Entre 2006 e 2010, eu participava de um trabalho espiritualista e viajava mensalmente para São Carlos para ministrar palestras em um grupo espírita. Um dia, recebi o link desse vídeo que você irá assistir durante a leitura desse livro. Fiquei impressionado com o conteúdo do vídeo, porque explicava visualmente algo que vinha tentando explicar verbalmente há muito tempo. Além disso, era um vídeo com excelente qualidade técnica.
Baixei o vídeo, coloquei em um pendrive e levei para exibir na próxima palestra em São Carlos, mesmo estando com o áudio em inglês e sem legenda. Escrevi o texto em um papel, abaixei o som da televisão e fiz a locução ao vivo, enquanto o vídeo era exibido. Achei que haveria um despertar existencial em massa naquele dia, mas fui ingênuo: quase ninguém entendeu.
Em 2011, já no trabalho da 1ficina, gravei uma locução em português e coloquei o vídeo no YouTube. Mais uma vez achei que haveria um despertar existencial em massa. Que nada! Quase ninguém assistia ao vídeo. Nem mesmo os alunos da 1ficina assistiam. Para obrigá-los a assistirem, coloquei o vídeo no meio de um dos livros do ciclo de estudos. Mas os alunos pulavam o vídeo e liam apenas o texto. Como último recurso, transformei o vídeo em um livro.
Ou seja, esse livro que você está prestes a ler, é, na verdade, um vídeo dividido em várias partes. Se você quiser, pode assistir tudo de uma vez clicando no vídeo que está no final. Dividi o vídeo em partes para tornar mais pedagógico. Assista cada parte com atenção e praticando auto-observação que EUrekas virão!
O mundo externo existe. É um mundo real, material, sólido, tridimensional e externo. Como você ousaria duvidar disso? Como você ousaria duvidar da externalidade do mundo se todos os dias você acorda nele, caminha por ele, trabalha nele, age nele, causa mudanças nele e ele causa mudanças em você? Como duvidar da externalidade do mundo se é nele que você tem sua vida inteira? E de que outro jeito o mundo pode ser senão externo? Em que outro lugar o mundo pode estar senão do lado de fora? É isso que vamos investigar aqui.
Segundo a ciência, você depende dos sentidos para conhecer o que chama de mundo externo. Todas as informações que você recebe é dada pelos sentidos em cores, sons, cheiros, sabores e texturas. Para simplificar o entendimento, vamos pegar como base a visão, que é o sentido mais convincente de mundo externo. A ciência diz que a visão é resultado de uma cadeia de processos cerebrais. Agrupamentos de luz chamados fótons, viajam do objeto para os seus olhos e passam através da lente dos olhos, onde são refratados e focados na retina, na parte posterior dos olhos. Depois disso, os raios são transformados em sinais elétricos e transmitidos por neurônios para o centro da visão, na parte de trás do cérebro. Ou seja, a visão não acontece nos olhos, nem na retina, a visão acontece dentro do cérebro. Todas as imagens que você vê e todos os eventos que você experimenta como externos, são na realidade experimentados internamente, neste lugar pequeno e escuro do cérebro. Tanto a limitada sala que você está agora, quanto a paisagem externa sem limites que você vê ao olhar para o horizonte, se encaixam igualmente dentro desse lugar de poucos centímetros cúbicos do cérebro.
Quando você diz visão, o que está realmente dizendo? Significa que você está ciente de todo o processo de raios atingindo seus olhos, sendo convertidos em sinais elétricos e depois sendo decodificados em imagens no seu cérebro? É isso? Quando você olha para uma vela acesa, você vê a luz dentro do cérebro, mas seu cérebro está em absoluta escuridão e ele é vedado à luz. Nenhuma luz penetra em seu cérebro. Então, seu cérebro nunca vê a luz de fato. Mas você vê um mundo iluminado e colorido dentro do seu cérebro escuro. O mesmo se aplica a todos os seus sentidos. Som, tato, paladar e olfato são percebidos no cérebro como sinais elétricos, então, ao contrário do que você acredita, você não tem acesso direto ao suposto mundo externo, o que você vê é apenas uma construção mental criada pelo cérebro através de estímulos nervosos.
Tudo que você supõe existir no exterior, na verdade, tem sua existência interiormente, dentro do seu cérebro. Quando você vê um pássaro no mundo externo, na verdade, esse pássaro não está no mundo externo, mas no seu cérebro. As partículas de luz refletidas pelo pássaro alcançam seus olhos e lá são convertidas em sinais elétricos. Esses sinais são transmitidos por neurônios para o centro da visão no cérebro. Então, o pássaro que você vê externamente, na verdade, está dentro do seu cérebro e é feito da decodificação de sinais elétricos. Se os sinais nervosos que viajam dos olhos para o cérebro fossem desconectados, a imagem do pássaro desapareceria de repente. O mesmo acontece com o canto do pássaro. O canto do pássaro está em seu cérebro. Se o nervo que viaja desde as orelhas até o cérebro fossem desconectados, você não ouviria nenhum som. A forma do pássaro, as cores e o som que você ouve são interpretações cerebrais dos sinais elétricos, são construções mentais dentro da sua cabeça.
Corpo, espaço e distância também são construções mentais. Objetos que parecem estar muito distantes da sua visão, na verdade, são imagens agrupadas dentro do seu cérebro. Quando você observa as estrelas, você supõe que estão a milhões de anos-luz de distância de você. No entanto, elas estão bem dentro de você, dentro do seu cérebro. A construção mental de distância cria a separação entre corpo e espaço. Por isso você acredita que está dentro de uma sala, mas, na verdade, é o contrário, a sala está dentro de você. Você vendo seu corpo dentro da sala é o que faz você acreditar que está dentro da sala. Mas seu corpo também é uma construção mental criada pelo seu cérebro.
Até agora, para lhe ajudar a entender o funcionamento dos cinco sentidos, assumi a suposição de um mundo externo captado pelos sentidos e reconstruído mentalmente. Mas se você nunca acessa o suposto mundo externo, como sabe que o mundo é externo? Você supõe a existência de objetos externos porque os vê e os toca, no entanto, você nem vê, nem toca os objetos. Os objetos que você vê e toca são construções mentais dentro do seu cérebro, não são externos. Isso acaba com sua suposição de mundo externo, uma vez que tudo que você experimenta só existe dentro de você e não fora. Seu equívoco é supor que suas construções mentais internas são externas.
Imagine um computador conectado aos centros sensoriais do seu cérebro através de eletrodos. Imagine que esse computador comece a enviar dados para o seu cérebro de uma realidade de mundo externo com som, luz, cheiro, tato e sabor. O que vai acontecer? Você irá experimentar a realidade de mundo externo enviada pelo computador como se fosse um mundo externo de fato. O computador também pode enviar para o seu cérebro sinais relativos a sua própria imagem dentro dessa realidade, lhe fazendo acreditar, por exemplo, que você é um empresário, sentado em sua cadeira no seu escritório. E essa simulação de mundo externo pode continuar sem que você nunca perceba que são apenas dados vindo de um computador.
Você acredita que o mundo é externo porque pode tocá-lo com as mãos e vê-lo com os olhos, mas em um sonho você também pode tocar o mundo com as mãos e vê-lo com os olhos e não há nada no sonho que possa ser tocado ou visto. E mais! Quando você está sonhando, você pode sonhar que é um piloto comandando um avião viajando uma longa distância e nem por isso você se moveu um milímetro da sua cama. Você pode visitar diferentes cenários, se encontrar com amigos, conversar, comer e beber. Somente quando você acorda do sonho que percebe que se tratava de um mundo sonhado. Se você consegue sofrer, amar, pilotar aviões, tudo isso em um mundo sonhado como se fosse um mundo externo, porque o mesmo não pode estar acontecendo agora, no mundo acordado?
Se todos os objetos observados são construções mentais dentro do seu cérebro, como fica seu cérebro? Afinal, seu cérebro também é um objeto observado, então, também é uma construção mental dentro do seu cérebro. Oooops!
Surge então a pergunta: quem vê, ouve e percebe todas as construções mentais do cérebro se não é o cérebro? Quem é o observador? É você. O mundo que você está assistindo agora é o mundo dentro de você, pois só existe dentro de você, no fluxo de experiências que você está assistindo. Essa compreensão é o apocalipse: o fim do mundo externo. A ciência sempre buscou o fantasma dentro da máquina, nunca encontrou. E se for a máquina que está dentro do fantasma? Será o fim do mundo ou começo de um mundo novo?
A professora entrou na sala, fez chamada, desenhou uma fogueira na lousa, pegou minha mão e começou a me conduzir para fora da Caverna de Platão. Pense numa pessoa em choque. Multiplica por mil. Eleva a n+1. Era eu tendo a experiência mais alucinógena da minha vida. “Ca-la-bo-ca, professora! Apaga essa fogueira! Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço! Água vira vapor a 100 graus!”. Eu berrava. Eu implorava. Mas ela não me escutava. Ela havia optado pela cicuta. Sem usar nenhuma tecnologia, nenhuma química, nenhuma física, sem sequer saber o que estava fazendo, a professora desmaterializou o universo e o teletransportou para dentro de mim. Não sobrou nada do lado de fora. Nem eu.
A ciência tem deixado cada dia mais evidente que o universo não é físico, é quântico. E qual é a diferença? Físico é certeza. Quântico é possibilidade. Para lógica física, o Gato De Schrodinger está certamente morto ou vivo. É impossível que esteja morto e vivo ao mesmo tempo. A lógica quântica não desconsidera a lógica física, apenas a amplia. A lógica quântica diz que as duas possibilidades da lógica física são exatamente isso: possibilidades. Logo, o Gato De Schrodinger pode estar morto e vivo.
A lógica quântica acrescenta a incerteza no universo. E por quê? Porque a única certeza no universo é a incerteza. Quem coloca certeza no universo não é o universo, é a mentalidade humana. Não percebemos isso porque acreditamos que o universo, certamente, é físico e certo, tal como o enxergamos. Não temos consciência que o universo que enxergamos é apenas uma tradução mental, tal como o que vemos na tela de um computador é uma tradução computacional.
É a cabeça humana que transforma possibilidade em certeza. Toda vez que você abre a geladeira, você está repetindo a experiência do Gato De Schrodinger. O que você está indo buscar dentro da geladeira pode estar e pode não estar lá, é incerto, as duas possibilidades existem simultaneamente. Nunca aconteceu de você abrir a geladeira e não encontrar o que certamente deveria estar lá dentro? Pois, então!
O ser humano precisa de certeza para conseguir lidar com o universo de uma forma humana, por isso ele coloca certeza onde não tem. Não é porque o sol nasceu todos os dias até hoje que o sol irá nascer amanhã. A probabilidade de repetição é grande. Mas quem garante que certamente irá se repetir? Ninguém! Quem garante é sua cabeça que precisa ter certeza para poder projetar todas as outras certezas que irá produzir a partir dessa. Por exemplo, baseado na certeza de que o sol certamente nascerá amanhã, sua cabeça projeta que você certamente irá para praia entrar no mar. Mas mesmo que o sol nasça, quem garante que haverá mar. E se o mar desaparecer.
“Como assim? O mar não pode desaparecer de repente!!!”, você pensa. E por que não? O que impede? “Vai contra as leis da física”, você pode responder. Tudo bem! Mas quem garante que as leis da física continuarão funcionando no próximo instante. “Mas assim não temos certeza de nada. Tudo pode acontecer!” você pode dizer. Exatamente! Eis o que significa universo quântico. Morto e vivo não são as únicas possibilidades para o Gato De Schrodinger. Tudo é possível. O gato pode ter se transformado em abóbora, ou em galinha, ou em uma xícara de chá, ou diversas outras possibilidades que nem sequer imaginamos.
Está espantado? Que bom! O primeiro ser humano ao se espantar com o universo quântico não foi um cientista, foi um filósofo chamado David Hume. Logo em seguida, espantado com o espanto de Hume, outro filósofo, Immanuel Kant, também teve um despertar similar que chamou de “despertar do sono dogmático”. Na época de Hume e Kant não existia mecânica quântica, mas o universo já era quântico e ninguém precisa de um acelerador de partículas para perceber isso.
Mas o que Hume, Kant e o Gato de Schrodinger tem a ver com você? Tem a ver que você, assim como todos os seres humanos, estão entrando na era quântica. “Isso significa que o universo vai deixar de ser físico?”, você pode perguntar. Não, porque o universo nunca foi físico, então, não tem como o universo deixar de ser o que nunca foi, era apenas você que acreditava que o universo era físico. “Ah! Então, a certeza vai desaparecer?”, você pode perguntar. Também não, porque nunca existiu certeza. Era você que acreditava em certeza. “Então, o que vai mudar?”, você pode perguntar. Vai mudar sua mentalidade.
A transição para a era quântica não é uma transição espacial. Não vai acontecer um show pirotécnico de partículas quânticas. A transição para a era quântica é uma transição consciencial. Atualmente seu sistema mental funciona baseado na fisicalidade e na certeza. Na era quântica, seu sistema mental irá funcionar baseado na experiência e na possibilidade. Nada mais será físico e certo, tudo será experiência e possibilidade. Resumindo: os mandamentos da era quântica não estarão escritos na pedra, a pedra é que estará escrita nos mandamentos da era quântica.
Ano 3050, um repórter entrevista o cientista chefe do experimento AGORAVAI sobre a descoberta cientifica mais revolucionária de todos os tempos.
— O que foi que vocês descobriram?
— Descobrimos a PDPN.
— O que é isso?
— É a partícula fundamental da matéria.
— Que partícula é essa?
— PDPN é a Partícula De Porra Nenhuma.
— Quer dizer que tudo é feito de porra nenhuma?
— Exato! PDPN é a porra que fecunda e dá origem a tudo.
O repórter vira para câmera e encerra a reportagem:
— Pronto! Finalmente descobrimos do que tudo é feito! Eu, você, tudo e todos somos feitos de porra nenhuma! Quando imaginaríamos uma porra dessas!? Direto do AGORAVAI, fui.
Você não tem como ficar de fora! Porque essa revolução não tem fora, nem dentro, nem tempo, nem templo, nem religião. Essa revolução não é teoria. Não é ficção. Não é superôme girando o mundo na contramão. Não é Harry Potter fazendo abracadabra. Não é Luke Skywalker contra Freddy Krueger. Não é mais um besteirol americano.
Essa revolução não tem patrocínio. Não desce redonda. Não vale por um bifinho. Não deixa o branco mais branco. Não é terrível contra os insetos. Não faz tchan, tchum e tchan tchan tchan.
Essa revolução não tem líder. Não é tropa do capitão nascimento. Não é movimento cultural, sindical, racial, extraterrestre, etc e tal.
Essa revolução não é do contra. Não toma partido. Não derruba muros. Não destrói torres. Não tira dos ricos para dar aos pobres. Não prende culpados, nem liberta inocentes.
Essa revolução não toca no rádio. Não faz sala de recepção. Não distrai motorista no trânsito. Não é hip-hop, nem rock and roll. Não tem perfil no Facebook. Não recebe sinal de curti. Não é comentada nos telejornais, nem é capa de revista.
Essa revolução não está acontecendo no que está acontecendo. Os acontecimentos são consequências dessa revolução, que marcha tão perto que você não escuta, que está tão perto que você não vê.
O motivo é um. Só um. Apenas um. Essa revolução é você.
Que distância? Qual é a distância entre você e sua realidade? Eis uma ótima prática para despertar a consciência! Observe a distância entre você e sua realidade. Pegue uma régua e procure medir a distância entre você e sua realidade. Você irá perceber que a régua também é realidade, então, não serve para você medir a distância entre você e sua realidade. Mas você pode colocar a régua na frente do seu corpo e medir a distância entre seu corpo e a parede. Só que tanto seu corpo, como a régua, como a parede, são a mesma experiência, é a mesma realidade. O desafio é você medir a distância entre você e sua realidade. Se você faz essa prática, se faz mesmo, você desperta e percebe que não existe distância, que distância é experiência de fisicalidade. Você é simultaneamente criador da sua realidade e a realidade que está experimentando. Não tem distância entre criador e criatura, entre observador e observado.
Imagine que você está jogando um videogame. Você é um personagem em frente uma caixa. Você abre a caixa e tem um gato dentro. O gato estava dentro da caixa antes de você abrir? Se você partir da premissa materialista que supõe que a realidade é externa, dimensional, e temporal, independente da observação, você dirá que sim. Óbvio que o gato estava dentro da caixa, caso contrário, você não teria visto o gato quando abriu.
Essa resposta está perfeita na lógica materialista. Só que você é um personagem em um videogame e não um corpo material no universo. No videogame, nenhuma realidade se faz presente na tela até que você a crie através do controle (arbítrio). Enquanto você não opta por abrir a caixa, não tem sequer a imagem do interior da caixa, pois o videogame não criou essa imagem na tela ainda. Então, pode ter um gato dentro da caixa, mas também pode ter um repolho roxo, um pote de sorvete, um sapo, uma cebola, etc, infinitas possibilidades.
Sua decisão em abrir a caixa é o tal do colapso de onda. Você opta por abrir a caixa e experimenta a realidade resultante dessa opção. A partir desse momento, e só a partir desse momento, o videogame cria a realidade do interior da caixa com um gato dentro. Se você ignorasse que está jogando um videogame, você teria a convicção de que o gato é uma coisa material dentro de uma caixa material e que ele apareceu dentro da caixa porque já estava lá dentro.
Investigando porque você acredita que o mundo é externo. Olhe para isso que você chama de “externo” e investigue do que se trata através da auto-observação. O que é externalidade? Quanto mais você investigar, mais consciente irá ficar que se trata de uma perspectiva perceptiva de externalidade e não de externalidade.
Praticando auto-observação existencial. Se você observar atentamente os movimentos do mágico no vídeo abaixo, você se tornará consciente do truque que o mágico está executando. Você é um ser humano. Sua humanidade é um mágico. É sua humanidade que está produzindo o truque da experiência humana que inclui sua experiência de materialidade e externalidade. Auto-observação existencial é assistir seus próprios movimentos mentais até que o truque da materialidade e da externalidade se tornem evidentes. Uma vez que se tornam evidentes, não tem mais mágica, vira autoconhecimento.
Observe que lugar é experiência de fisicalidade. Observe que seu corpo é experiência de fisicalidade. Observe que seu corpo deslocando pelos lugares é experiência de fisicalidade. Observe que o ato de experimentar não é uma experiência e não sai do lugar.
Imagine que você (ser) e todos os outros (seres) humanos estão jogando um videogame. Todos nasceram com um óculos de realidade virtual e não conseguem tirar. Cada um está “enxergando” o mundo “externo” através dos seus óculos de realidade virtual. Vocês acreditam que existe um mundo externo, pois quando conversam, entram em acordo sobre o que estão “vendo”. Só que não tem nenhum mundo externo. Cada um está vendo apenas a telinha dos seus óculos de realidade virtual simulando um mundo externo. É mais ou menos assim.
Através do estímulo. Vamos supor que eu te envie uma fotografia de uma girafa. O que saiu do meu computador, viajou pela internet, chegou até o seu computador e está fazendo você ver essa girafa, foi uma girafa? Essa girafa foi andando pelo fio da internet e entrou na tela do seu computador? Foi isso que aconteceu? Não, o que viajou pela internet foi uma série de impulsos que o seu computador decodificou e mostrou na tela como girafa. Analogamente, o mesmo está acontecendo com tudo isso que você chama objetos materiais e externos.
Sim, tudo que você está vendo agora e sempre é virtual. Olhe para um objeto. Note que é um objeto tridimensional com altura, largura e profundidade. De onde vem altura, largura e profundidade? Faz parte da estrutura do universo? O universo é tridimensional? Não! O universo é adimensional. O universo não tem dimensão nenhuma. Altura, largura e profundidade são construções mentais humanas para você conseguir lidar de forma humana com os estímulos adimensionais que chegam até você.
Muito abstrato? Calma! Para facilitar o entendimento, vou explicar fazendo uma analogia. Pense na internet. Você está pesquisando um site para comprar um sapato. Você clica e aparece um sapato azul na tela do seu navegador. Esse sapato azul tridimensional que você está vendo na tela, com altura, largura e profundidade, saiu da loja, percorreu o fio da internet e chegou na tela do seu navegador?
Claro que não! O sapato é virtual. O que saiu da loja e chegou no seu navegador foram sinais de internet e não o sapato. O sinal da internet é feito de impulsos. Impulsos não tem altura, nem largura, nem profundidade. Impulsos são adimensionais. O que está criando um sapato tridimensional na tela do seu computador é a decodificação que seu computador está fazendo dos impulsos.
O mesmo está acontecendo com essa realidade que você está experimentando agora e sempre. Ela é sua decodificação humana e dimensional de impulsos adimensionais. Ou seja, é uma realidade virtual humana.
O que é carne? Ao que você está se referindo quando diz carne? Você está se referindo a uma experiência de carne. Sem a experiência de carne, que carne tem? Nenhuma! Por que não? Porque carne não é objeto físico, não é coisa feita de matéria, é objeto virtual, feito de experiência sensorial (visão, tato, paladar, audição e olfato). Todos os objetos que você supõe físicos, não são físicos, são objetos virtuais.
Carne não existe, acontece. Se carne existisse, nunca deixaria de existir. Existência nunca começa, por isso, nunca termina. O que começa e termina não existe, acontece, igual um filme na tela da televisão. O filme começa e termina. Mas a televisão não começa com o começo do filme, nem termina com o fim do filme. A televisão existe antes do filme começar e depois que o filme termina. O filme acontece, a televisão existe.
Se esses objetos que você supõe físicos, não são físicos, são virtuais: o que é isso que possibilita e dá corpo virtual a esses objetos? E mais! Pode isso que possibilita e dá corpo virtual aos objetos virtuais ser um corpo virtual também? Claro que não! A fábrica dos objetos está além dos objetos produzidos. É de outra natureza. Qual natureza? Existencial. E o que é isso que existe e produz os objetos virtuais? É você (você-ser).
Se é experiência, não é crença. O materialismo é uma crença. A experiência de materialidade é uma experiência. Não confunda pires de oliveira com pratinho de azeitona.
Não! Isso é consumismo.
Não prova, mas cria um enorme “ENTÃO PORQUÊ?”. Se matéria é material, ENTÃO POR QUE se comporta de forma diferente com a medição?
O que te impede é o hábito de acreditar no materialismo. Seus educadores lhe ensinaram a viver na mentalidade materialista e, desde cedo, você transformou essa mentalidade em um hábito. Esse hábito foi sendo alimentado e se tornou tão forte que você nem percebe que é um hábito.
A ciência, como estudo da realidade externa, desaparecerá, e os cientistas entenderão que, mesmo inconscientes, estavam praticando autociência. E tem mais! Se a realidade não é externa, se é virtual e imanente a você, criador da realidade, as leis naturais também são. Essa será a grande revolução da ciência, ela deixará de ser um estudo da realidade externa e se tornará o estudo da natureza humana, que cria a realidade que parece externa. Os cientistas irão descobrir que tempo e espaço fazem parte do sistema operacional humano (natureza humana). E não terão descoberto nada de novo. O filósofo Emanuel Kant, por exemplo, já explicou isso faz tempo.
Esse é o equívoco do materialismo. Para ficar consciente da natureza da matéria, você deve estudar OS cinco sentidos e não COM os 5 sentidos. Você deve investigar como os 5 sentidos criam a perspectiva perceptiva de materialidade que você chama de matéria.
Para criar a perspectiva perceptiva de mundo externo.
Não é difícil. É fácil. Olhe para o seu corpo. O que está acontecendo quando você está olhando para o seu corpo? Basicamente você está tendo uma experiência visual de corpo, não é? Isso é óbvio. A dificuldade não está em perceber o corpo como uma experiência, mas em perceber que você não é o corpo, que você é o experimentador do corpo.
Você é uma consciência adormecida na mentalidade materialista. Esse adormecimento faz você acreditar que você é o corpo. A todo instante, o fato de você estar experimentando o corpo, te mostra que você está equivocado. Mas sua crença no materialismo é muito arraigada, desde que você nasceu você cultiva a crença de que você é o corpo. Virou uma verdade. A dificuldade é perceber que essa verdade é um equívoco.
Dito isso, outra dificuldade é que sua experiência de corpo acontece com perspectiva perceptiva de primeira pessoa. Essa perspectiva faz você acreditar que está percebendo o mundo através dos cinco sentidos do corpo, que está vendo com os olhos, ouvindo com os ouvidos, cheirando com o nariz, e etc. Essa perspectiva perceptiva de primeira pessoa é o videogame de simulação de realidade virtual perfeito.
E você não tem como sair dela assim como você sai de um videogame, tirando os óculos, ou desligando o videogame. O que você pode fazer é despertar a consciência dentro da realidade virtual e perceber que é uma realidade virtual e não material. Mas ainda assim você continuará tendo exatamente a mesma experiência que tinha antes de despertar.
No filme A Origem, o personagem principal responde sua pergunta assim: “Qual é o parasita mais resistente? Uma bactéria? Um vírus? Não. Uma ideia! Resistente e altamente contagiosa. Uma vez que uma ideia se apodera da mente, é quase impossível erradicá-la. Uma ideia totalmente formada e compreendida, permanece para sempre”. O que você acha que estou fazendo com você? Estou combatendo o vírus do materialismo arraigado em você. O materialismo é o vírus mais resistente da experiência humana. O materialismo é o vírus que cria e sustenta o sistema social que tritura diariamente seus integrantes. E ainda é defendido com unhas e dentes. Que vírus pode ser pior que o materialismo?
Porque matéria é experiência de materialidade e experiência acontece dentro do observador e não no objeto observado.
Porque sentir é uma experiência e despertar existencial não é uma experiência, é ficar consciente sobre o que é experimentar. Nesse caso, ficar consciente que a realidade externa não é externa, apenas parece externa, porque é uma experiência de externalidade.
Só que isso é tão simples que você começa a duvidar: “Iluminação não pode ser só isso. Não mudou nada. Está igual antes. Tem que ter alguma coisa a mais. Não sinto isso. Cadê o êxtase da iluminação? Cadê o nirvana? Cadê os códigos fontes da Matrix? Cadê a porra toda? Eu quero a porra toda!”. Desculpae, mas iluminação não acrescenta nada, retira os equívocos.
Iluminação é menos!
Ao entrar na experiência humana, você, assim como todo ser, assume a lógica materialista e a partir daí edifica todo seu conhecimento e autoconhecimento. Seu AUTOCONHECIMENTO está alicerçado no materialismo: eu sou um corpo. Seu CONHECIMENTO também está alicerçada no materialismo: o outro é outro corpo. Quando a 1ficina explica que matéria não é material, ou melhor, quando a 1ficina esfrega na sua cara que matéria é experiência de fisicalidade, é como se a 1ficina estivesse jogando uma bomba atômica na sua mentalidade materialista e explodindo sua noção de “eu”. Sua mentalidade materialista se sente ameaçada, ela não quer morrer. O que você chama de “resistência” é seu hábito de acreditar no materialismo lutando para sobreviver. Essa resistência é natural e inevitável. Faz parte do processo de despertar existencial.
Os cinco sentidos não percebem os objetos materiais que existem externamente independentemente de estarem sendo percebidos, os cinco sentidos criam os objetos e a perspectiva de alteridade (objeto externo). Essa é a resposta simples, óbvia e desconcertante. Retire o tato, a visão, a audição, enfim, retire os cinco sentidos que fazem você supor um objeto material e externo, que objeto material e externo tem? Não tem nenhum! E por que não? Porque não tem objeto material e externo em si para ser percebido pelos sentidos, nunca teve, nunca terá. Só tem experiência de objeto, que no caso do ser humano, é feita de cinco sentidos.
Percepção é um conceito de lógica materialista, supõe que pré-exista uma realidade externa dimensional antes de ser percebida e que você a experimenta através dos cinco sentidos. Experiência é um conceito de lógica existencialista, também diz respeito aos cinco sentidos, mas não supõe uma realidade externa dimensional pré-existente. Um sonho, por exemplo, é uma experiência dimensional, mas não uma realidade externa dimensional pré-existente.
A lógica da explicação existencial é a lógica existencial. Só que a lógica existencial é uma lógica atemporal e adimensional. Então, não tente entender a lógica maior pela menor. Não tente encaixar o atemporal e adimensional dentro do temporal e dimensional. Faça o oposto. Perceba que a lógica do materialismo está contida na lógica existencial. Perceba que temporalidade e dimensionalidade é produto da existência. Percebido isso, problema resolvido.
O paradigma materialista não é sempre um problema. Muitas vezes é solução. Você precisa usar o paradigma materialista para executar todas essas atividades físicas e práticas que você executa o tempo todo, como fritar um ovo e comê-lo, por exemplo.
Para entender quando o paradigma materialista é um problema, você deve se perguntar o inverso: “Para que NÃO SERVE o paradigma materialista?”. O paradigma materialista não serve para explicar o que é a vida e o que é ser humano. E por que não serve? Porque se servisse, já tinha servido e você viveria bem.
Ligue seu aparelho de som e coloque uma música para tocar. Quem está criando a música? Você dirá convicto que é o aparelho de som. Mas isso é um equívoco. Quem está criando a música é você, ouvinte, o aparelho de som está apenas produzindo estímulos, impulsos, frequências. Não tem nenhuma música saindo do alto-falante do aparelho de som, tem apenas vibração sonora. Quem está produzindo a música é a sua cabeça. Como? Através do processo mental de decodificação dos impulsos sonoros que saem da caixa de som e chegam até seus ouvidos.
Quem cria a música é o ouvinte, ou seja, o observador do som. O mesmo acontece com a matéria. Quem cria a matéria é você-observador. O que você chama de matéria é sua decodificação humana de impulsos. Quando um impulso chega em você, você o decodifica usando 5 bases sensoriais: audição, tato, olfato, paladar e visão. Esse processo de decodificação produz dentro de você um objeto que você chama de físico, material.
Observe um objeto. Qualquer objeto. Do que esse objeto é feito? É feito de dureza e temperatura. Isso é tato. É feito de largura, altura, profundidade e cor. Isso é visão. É feito de sabor doce. Isso é paladar. É feito de cheiro azedo. Isso é olfato. É barulhento. Isso é audição. Então, do que esse objeto material é feito? É feito de experiência sensorial: audição, tato, olfato, paladar e visão. E quem está dando corpo sensorial a estímulos sem forma? É você!
Quem cria a matéria é o observador. Você é um observador, então, você é um criador de matéria. Você é um observador humano, então, você é um criador de matéria humana. Outros tipos de observadores criam outros tipos de matéria porque possuem outros tipos de sistemas de decodificação sensorial.
Nem eu, nem você, nem ninguém, nem coisa alguma. Só que eu sei disso e você ignora. Se quiser saber também: acorde!
É errado usar o verbo ESTAR para tratar da existência, o correto é usar o verbo SER. Você É o espaço. Sua realidade ESTÁ em você.
Sim, o que você chama de matéria não é matéria, é experiência de fisicalidade. Experiência de fisicalidade é feita de uma gama de atributos: altura, largura, profundidade, cor, peso, textura, cheiro, etc. Esses atributos da experiência de fisicalidade são atribuídos pela sua natureza humana. Sua natureza humana está em você. Então, quando você estuda os atributos da matéria, está estudando a si mesmo, está estudando sua humanidade. Não existe conhecimento sem conhecedor, então, todo conhecimento é autoconhecimento.
Não é correto dizer que comprovei com o verbo no passado, pois é um saber constante, presente, no gerúndio. Eu vivo em constante comprovação. Eu vivo sabendo que matéria é experiência de fisicalidade.
Estudo do ser humano no aspecto existencial, psicológico, pessoal e social.
Aula do ciclo de estudos de autociência EUreka 2024