Reunião de sangha com 20 pessoas dentro do meu apartamento. Alguns médiuns incorporados, a gira girando e o pau comendo. Me deitei no chão para receber um reiki. Um amigo médium, que estava incorporado, se aproximou para falar no meu ouvido. Devia ser algo muito importante para ser dito de forma tão íntima. Redobrei a atenção. Ele me disse pausadamente:
— C.r.e.s.ç.a!
Arregalei os olhos. Era tudo que não queria ouvir. Mas também era tudo que precisava ouvir. Fiquei em dúvida se o autor do conselho era um guia espiritual ou meu amigo se valendo da situação. Cheguei a conclusão que era irrelevante.
— Você não é mais criança, pare de se comportar como uma — ele completou.
Minha infância acabou naquele instante, aos 38 anos.
Já havia entendido que não tinha obrigação de satisfazer as expectativas alheias. Mas, intimamente, ainda acreditava que o mundo tinha obrigação de satisfazer as minhas expectativas. Nesse instante, despertei desse equívoco. Não apenas pelo que foi dito, mas pelo entendimento disso.
Usando um simbolismo Freudiano: Vossa Majestade O Bebê foi esfaqueado. Usando um simbolismo popular e moderno: foi o fim do mimimi.
Cara dói pra caralho
amadurecer
Cara dói pra caralho
mas não tem atalho
pro que tem de ser
Eu queria voltar no tempo
antes da invenção da verdade
ser feliz sem saber do que
ser feliz sem saber porque
ser feliz sem saber o que
é felicidade