“Não se faz ciência boa com palavra ruim”, me dizia um dos professores do grupo de ciências do Yahoogrupos. Durante meu percurso até a criação da 1ficina, percebi que as palavras do universo do autoconhecimento eram ruins, mal usadas, cheias de ranços e ruídos de interpretação. Hoje em dia, para fazer autociência boa, tem uma série de palavras que não uso, nem aconselho usar. Por exemplo, não uso as palavras “mente”, “ego”, “egoísmo”, “espírito”, ”espiritualidade”, entre outras.
Quando preciso explicar algo e não tem uma palavra boa para usar, invento uma. Já inventei dezenas de palavras. Por exemplo, “autociência”, “autoísmo”, “outroísmo”, “amor fácil”, “unitrindade”, “deusoutro”, “gps do destino”, “realidade multimídia”, “livre-click”, entre outras.
Na época que escrevia no blog, eu já inventava palavras. Uma palavra que inventei nessa época, foi “bici-vida-cleta”, outra que usava muito nessa época, foi a palavra “feliSIMdade”, que visava diferenciar as emoções felizes do jeito feliz de viver.
Na época que participei do EEU, tinha que usar os termos do EEU e do Joaquim. Não me agradava, mas era necessário. Porém, não conseguia engolir a dualidade espírito e ego. Desde o tempo da Gnose isso já me incomodava. Então, para acabar com essa dualidade, inventei uma palavra que ficou muito popular e gerou tanto apreço como repulsa.
Joaquim dizia que somos espíritos encarnados. Depois, explicava que encarnação é “entrar” em um ego humano. Por fim, dizia que não somos o ego, ou seja, que não somos humanos, somos espíritos. Joaquim não estava errado, mas a única coisa que conseguia com essa pedagogia, era empurrar os integrantes do EEU para autonegação.
Como todos queriam ser espíritos e não egos, como o ego é o humano, a solução era negar a própria humanidade. Haviam pessoas que entravam em estado de autonegação tão grande, que referiam a si mesmas na terceira pessoa. Por exemplo, a pessoa se chamava Carlos, daí, quando estava triste, dizia “Carlos está triste”, quando não desejava algo, dizia “Carlos não quer”. E assim por diante.
Era a velha morte do ego se repetindo. Eu não podia compactuar com aquilo. Então, inventei a palavra “espiritego” e comecei a divulgá-la nas palestras e reuniões de sangha. Usava a palavra “espiritego” para apontar para a lua. Quem olhava para lua, entendia e ficava agradecido pelo apontamento. Quem olhava para o dedo, não entendia e ficava bravo com minha heresia.