Espelho psicológico

22/07/2024 by in category Capitulos, Dilema do objetivo tagged as , , with 0 and 0

Quando você é criança e olha no espelho, você acredita que a imagem que está vendo está no espelho. Demora um tempo até você entender que não está. Você faz uma careta e a imagem te imita. Você levanta a mão e a imagem te imita. Você mostra a língua e a imagem te imita. Por fim, você entende que a imagem no espelho é um reflexo seu.

Acreditar que a imagem que você está vendo no espelho está no espelho é um equívoco. Mas você consegue sair desse equívoco observando a relação entre seu corpo e a imagem no espelho. Só que tem outro equívoco semelhante que você comete mesmo sendo adulto e que não consegue sair. Qual? Acreditar que o que você está vendo no celular está no celular.

“Como assim? Claro que está!” você pode pensar. Bem, a imagem está, mas o que você está pensando e sentindo em relação ao que está vendo, não está. Se estivesse, todas as pessoas pensariam e sentiriam o mesmo. As dancinhas de tiktok, por exemplo. Tem gente que adora, tem gente que detesta.

As dancinhas são boas ou ruins, certas ou erradas? Nem uma coisa, nem outra, as dancinhas são as dancinhas. Mas o celular funciona igual um espelho, refletindo o que você pensa e sente sobre o que está vendo. O bom e o ruim, o certo e o errado, o que você pensa e sente quando está rolando a tela do celular, não sai da tela e entra em você, sai de você e fica refletido na tela.

Você comete com o celular o mesmo equívoco que cometia com o espelho quando era criança. Mas por que você consegue se livrar do equívoco do espelho, mas não consegue se livrar do equívoco do celular? Porque o celular não é um espelho físico, é um espelho psicológico. O celular não reflete seu estado e conteúdo físico, reflete seu estado e conteúdo psicológico.

Não adianta você fazer careta para o celular para descobrir que seus pensamentos e sentimentos ao rolar a tela se tratam de espelhamentos. Por isso, é muito mais difícil sair do equívoco do espelhamento psicológico. Mas não é impossível. Praticando autociência você sai. A prática da autociência te deixa consciente sobre o que é significante e significado.

Pensamentos e sentimentos são significados. O que surge na tela do celular são significantes, sem nenhum significado. O significado que você vê no significante é um reflexo psicológico. Ao perceber isso, você sai do equívoco do espelhamento psicológico. O que não significa que o espelhamento deixa de acontecer. Continua. Só desaparece o equívoco.

Mas com o fim do equívoco, seu celular ganha uma nova função, uma que você jamais imaginou que ele teria e que não é instalada através de aplicativo, mas através do despertar da consciência. Seu celular ganha a função de professor de autoconhecimento.

Assim como o espelho físico te mostra quem você é fisicamente, o espelho psicológico te mostra quem você é psicologicamente. Uau! Nunca tinha pensado nisso antes? Pois é, me mostre seu histórico do youtube, do instagram, do google e te direi quem você é.

De agora em diante, quando estiver rolando a tela do celular, além de olhar para a tela, olhe também para quem está olhando para a tela, olhe para si, olhe para o que você está pensando e sentindo enquanto rola a tela. Essa prática produz autoconhecimento. Quanto mais autoconhecimento, mais bem viver.

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