Quando meu amigo Ricardo percebeu que seu coração pulsava feito bumbo de rock, redirecionou suas finanças para comprar discos. Por conta disso, se tornou frequentador do sebo do bairro. De tanto ir ao sebo, acabou arranjando um emprego lá. Ser pago para ouvir música e vender discos, foi o paraíso. Ricardo estava sentado no colo do seu destino, mas ainda não havia percebido. Tanto que, passado algum tempo, na expectativa de ficar rico, saiu do sebo e se tornou vendedor numa loja de instrumentos musicais.
Certa tarde, em que a loja estava vazia, um dos vendedores da loja ligou uma guitarra e começou a tocá-la. Ricardo sentou na bateria e tentou acompanhar a música. E conseguiu! Facilmente! Sem nenhum esforço! Para seu próprio espanto. Tanto que começou a brincar com o ritmo, fazendo variações e viradas.
Terminada a brincadeira, o guitarrista elogiou o talento do meu amigo e o convidou para tocar bateria na banda dele. Foi nesse momento que meu amigo encontrou seu destino. Ele podia até ficar rico trabalhando com vendas, porém, não podia mais alegar ignorância. Seu destino ficou óbvio, estava escorrendo em sua cara junto com o suor. “Além de ouvir música, posso fazer música também?” Ricardo pensou espantado.