Quando um niilista diz que não acredita em nada, ainda assim está acreditando em algo. Que algo? No nada. Um teísta diz: “eu acredito em Deus”. Deus é o objeto conceitual da crença do teísta. Um niilista diz: “eu não acredito em nada”. O nada é o objeto conceitual da crença negativa do niilista. Por isso o niilista usa a palavra “nada” na sua afirmação e não outra palavra. A mesma lógica se aplica ao niilismo do significado. Quando um niilista diz que a vida não tem sentido (significado), ainda assim está afirmando um significado. Que significado? O significado de “sem significado”. Um poeta diz: “a vida é bela”. Belo é o significado do poeta para vida. O niilista diz: “a vida não tem significado”. “Sem significado” é o significado que o niilista dá para vida. Por isso o niilista usa a expressão “sem significado” na sua afirmação e não outra.
Para existir niilismo de verdade, o verbo acreditar teria que ser intransitivo, ou seja, sem complemento. Bastaria você dizer “eu não acredito” e pronto, você já seria niilista. Porém, tanto o acreditar como o não-acreditar tem objeto (complemento). Quando você acredita, você acredita em algo. Quando não-acredita, também não-acredita em algo.
Ou seja, é impossível ser niilista porque é impossível não acreditar em algo e não atribuir significado. Para ser niilista de verdade, você teria que ser um repolho, ou uma vaca, ou um mosquito, ou uma pedra. Seres humanos são seres que inevitavelmente pensam e acreditam. Logo, são inevitavelmente incapazes de serem niilista.
