Discriminação é bom

25/07/2024 by in category Capitulos, Narciso Nu tagged as , , with 0 and 0

A palavra “discriminação” é inadequada para descrever o comportamento a que se refere. Discriminar significa separar em categorias. Discriminar é um processo mental natural, saudável e inevitável. Caso contrário, você estaria morto, pois seria incapaz de discernir a diferença entre as coisas.

Dizer que abacate é fruta, por exemplo, é fazer uma discriminação. Significa que abacate pertence ao grupo das frutas. Dizer que fulano é brasileiro, significa que fulano pertence ao grupo dos brasileiros. Dizer que beltrano é feio, significa que, para você, beltrano pertence ao grupo das pessoas feias.

Porém, quando você discrimina alguém (tal como a palavra discriminação é cotidianamente usada) você não está colocando a pessoa na categoria a qual acredita que ela pertence, pelo contrário, você está querendo que a pessoa se enquadre em uma categoria na qual ela não pertence.

Por exemplo, quando você proíbe uma pessoa de ser gorda, você não está discriminando a pessoa, pois a pessoa gorda se encaixa na categoria de gorda, o que você está executando não é discriminação, é uniformização (padronização). Você está querendo que a pessoa gorda se encaixe na categoria de magra.

Esse é o equívoco de usar a palavra “discriminação”, onde o correto seria dizer “uniformização”. Comportamentos como racismo, xenofobia, misoginia, capacitismo, etarismo, aporofobia, intolerância religiosa, etc. Não são discriminações, são uniformizações.

É fundamental entender isso, pois sendo a discriminação um processo mental automático, discriminar não é opcional. Quer você queira, quer não, o processo mental de discriminação acontece. Uniformização, sim, é uma escolha. E uma péssima escolha, pois sendo impossível que algo deixe de ser o que é, resulta em mal viver e má convivência.

© 2023 • 1FICINA • Marcelo Ferrari