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CENA: Um grupo de cinco homens está em um bar onde se encontra um grupo de cinco mulheres. Todos os indivíduos do grupo masculino desejam fazer sexo com a mesma mulher do grupo feminino, ou seja, todos os indivíduos do grupo masculino têm o mesmo objetivo. Neste momento, John Nash, um dos indivíduos do grupo masculino, observa que se todos agirem em busca da realização de seus objetivos, uma vez que todos têm o mesmo objetivo, a ação de cada um só servirá para inviabilizar a realização do objetivo dos outros. Ou seja, se os indivíduos do grupo masculino agirem rumo à realização de seus desejos, o resultado é fracasso (não realização do desejo). Contudo, se não agirem rumo à realização de seus desejos, o resultado também é fracasso (não realização do desejo). Este é o Dilema do Objetivo. Qual é a solução?
Assista o vídeo abaixo antes de continuar na leitura:
Ao observar o Dilema, John Nash propõe que todos os indivíduos do grupo masculino mudem de objetivo. Todos os indivíduos do grupo masculino desejam (objetivam) fazer sexo com a mesma mulher, mas como a realização deste objetivo só serve para inviabilizar a própria realização deste objetivo, Nash propõe como solução a mudança de desejo. Ao invés de todos objetivarem fazer sexo com a mesma mulher, cada um deve objetivar fazer sexo com uma mulher diferente, pois assim ninguém inviabiliza a realização do objetivo do outro. Esta solução é conhecida como equilíbrio de Nash, e realmente funciona, só que o motivo de funcionar não é mudança de objetivo.
A solução de John Nash para o Dilema do Objetivo não é mudança de objetivo, é mudança de objeto. Embora a proposta de Nash envolva parar de objetivar a mesma mulher e objetivar mulheres diferentes, o objetivo continua o mesmo: sexo. A solução para o Dilema do Objetivo não é mudança de desejo, é mudança de objeto de desejo.
Desejo é objetivo. Objetivo é sempre o mesmo durante todo o jogo. Imagine um jogo de xadrez. Cada uma das 16 peças é um objeto diferente que o enxadrista usa para realizar seu único e constante objetivo. Quando o enxadrista muda de peça, ele não está mudando de objetivo, está mudando de objeto.
Agora, imagine que o enxadrista decida utilizar um único objeto, um peão, para realizar seu objetivo. Vai ficar difícil para o enxadrista realizar seu objetivo. Analogamente, o problema no grupo masculino não era objetivo comum, era objeto comum.
Objetivo é palavra do contexto dos jogos usada para expressar o desejo do jogador. Desejo é palavra do contexto da psicologia usada para expressar o objetivo de um ser humano. Objetivo e desejo são duas maneiras de dizer a mesma coisa. Dito isto, vamos entender porque você confunde objeto com objetivo.
O motivo é que desejo é inconsciente. O que você experimenta e chama de desejo, não é bem desejo, é desejo conscientizado. Imagine um arquivo de fotografia no computador, por exemplo. Assim como você não consegue visualizar o conteúdo do arquivo sem transformá-lo em imagem na tela do computador, você também não consegue experimentar seu desejo, que é inconsciente, sem transformá-lo em desejo consciente.
É por isto que você confunde objeto com objetivo. Objeto é seu objetivo inconsciente (desejo) sendo experimentado de forma consciente.
Todo ser é semente. Semente é potência. O desejo de todo ser é autorrealização. Toda semente objetiva se autorrealizar, objetiva se transformar em pé de si mesma. O objetivo inconsciente de uma semente de jabuticaba é se transformar em um pé de jabuticaba. O objetivo inconsciente de uma semente de azaleia é se transformar em um pé de azaleia. O objetivo inconsciente de uma semente de mostarda é se transformar em um pé de mostarda. O objetivo inconsciente de uma semente humana é se transformar em um pé de ser humano.
Todo ser deseja autorealização. Mas nem todo ser experimenta seu desejo de forma consciente. Uma semente de jabuticaba, por exemplo, não sabe que deseja, apenas deseja. A experiência humana é diferente, possui o consciente, é por isso que você tem a possibilidade de experimentar seu objetivo através dos objetos, é por isto também que você deseja uns objetos e INdeseja outros. Os objetos que deseja e INdeseja são desejáveis e INdesejáveis, porque são representativos do seu desejo (objetivo inconsciente).
Assim como você não consegue ver seu próprio rosto diretamente, mas precisa usar um espelho, você também não consegue conhecer seu objetivo inconsciente diretamente, você também precisa usar um espelho. O espelho que você usa é o objeto. É através dos objetos, e só através deles, que você pode conhecer seu desejo (objetivo inconsciente).
É aí que os objetos entram na sua história, ou melhor, entram para lhe contar histórias. Objetos, sejam concretos ou abstratos, não são desejados ou INdesejados aleatoriamente, mas por refletirem seu desejo. O desejável e Indesejável que você vê nos objetos, é reflexo do seu desejo (objetivo). Então, como todo espelho, o que você vê lhe conta sobre você.
Pense em uma pessoa que você ama muito. Vamos supor que, sem que você saiba, essa pessoa seja substituída por um clone de aparência idêntica à pessoa original e que se comportasse de forma idêntica à pessoa original. Você continuaria amando esse clone como se fosse a pessoa original? Claro que sim! Mas por que se o clone não é a pessoa e seu amor é pela pessoa? Ora, porque seu amor nunca foi e nunca será pelo outro e sim pela felicidade que você experimenta em si durante sua convivência com o outro.
O que você busca no outro, nunca esteve e nunca estará no outro. Quando o outro te beija, por exemplo, você experimenta felicidade, mas essa felicidade não saiu da boca do outro e entrou na sua, foi produzida inteiramente dentro de você, pelo seu sistema emocional.
Claro que você precisa do estímulo do outro para que seu sistema emocional produza a felicidade, mas isso não significa que você ame o outro, o que você ama é a felicidade, tanto que se o outro lhe estimular sofrimento, você imediatamente deixa de amá-lo e começa a odiá-lo.
O filme Volto Já, da série Black Mirror, oferece um ótimo exemplo para essa reflexão e entendimento. E não se preocupe em ficar consciente da função espelho, você não deixará de amar quem você ama, pois você nunca amou.
Você é um consumidor de significados. Claro que você não tem consciência disso, mas é isso. Produto é significante, coisa, objeto. Seu consumismo não é por significante, você não compra coisas, você compra o significado que está mentalmente associado as coisas. Coisa é substantivo, significado é adjetivo associado ao objeto. Então, o que você deseja em uma coisa é o que não está na coisa.
O que você deseja ao comprar um produto é o significado que está associado ao produto e não o produto. Por isso, tão logo você percebe que a coisa que você comprou é o que é, uma coisa, você perde o interesse pela coisa. Ver coisa como coisa retira da coisa o que nunca esteve nela, o significado.
O sorriso encantador não está no creme dental. A beleza não está no vestido, nem no sapato, nem nos cosméticos. O orgasmo não está na lingerie, nem no chocolate. A festa não está dentro da lata de cerveja. O sucesso e a masculinidade não estão no cigarro. A família feliz não está no pote de margarina. A juventude não está na garrafa de coca cola. O American Dream não está no Big Mac.
Significado é associação mental. E não acontece só para produtos físicos e monetariamente lucrativos, acontece para produtos ideológicos e socialmente lucrativos também. Por exemplo. O reino dos céus não está no cristianismo. A iluminação não está no budismo. A verdade não está no espiritismo. O bem estar não está na yoga. A igualdade social não está no comunismo. A liberdade não está no capitalismo. E assim por diante.
Consumo é você usando uma coisa (dinheiro) para comprar outra coisa (produto). Só que você não deseja coisas, você deseja o significado associado as coisas. Entender isso transforma seu consumismo em uma aula de autoconhecimento.
Quando você é criança e olha no espelho, você acredita que a imagem que está vendo está no espelho. Demora um tempo até você entender que não está. Você faz uma careta e a imagem te imita. Você levanta a mão e a imagem te imita. Você mostra a língua e a imagem te imita. Por fim, você entende que a imagem no espelho é um reflexo seu.
Acreditar que a imagem que você está vendo no espelho está no espelho é um equívoco. Mas você consegue sair desse equívoco observando a relação entre seu corpo e a imagem no espelho. Só que tem outro equívoco semelhante que você comete mesmo sendo adulto e que não consegue sair. Qual? Acreditar que o que você está vendo no celular está no celular.
“Como assim? Claro que está!” você pode pensar. Bem, a imagem está, mas o que você está pensando e sentindo em relação ao que está vendo, não está. Se estivesse, todas as pessoas pensariam e sentiriam o mesmo. As dancinhas de tiktok, por exemplo. Tem gente que adora, tem gente que detesta.
As dancinhas são boas ou ruins, certas ou erradas? Nem uma coisa, nem outra, as dancinhas são as dancinhas. Mas o celular funciona igual um espelho, refletindo o que você pensa e sente sobre o que está vendo. O bom e o ruim, o certo e o errado, o que você pensa e sente quando está rolando a tela do celular, não sai da tela e entra em você, sai de você e fica refletido na tela.
Você comete com o celular o mesmo equívoco que cometia com o espelho quando era criança. Mas por que você consegue se livrar do equívoco do espelho, mas não consegue se livrar do equívoco do celular? Porque o celular não é um espelho físico, é um espelho psicológico. O celular não reflete seu estado e conteúdo físico, reflete seu estado e conteúdo psicológico.
Não adianta você fazer careta para o celular para descobrir que seus pensamentos e sentimentos ao rolar a tela se tratam de espelhamentos. Por isso, é muito mais difícil sair do equívoco do espelhamento psicológico. Mas não é impossível. Praticando autociência você sai. A prática da autociência te deixa consciente sobre o que é significante e significado.
Pensamentos e sentimentos são significados. O que surge na tela do celular são significantes, sem nenhum significado. O significado que você vê no significante é um reflexo psicológico. Ao perceber isso, você sai do equívoco do espelhamento psicológico. O que não significa que o espelhamento deixa de acontecer. Continua. Só desaparece o equívoco.
Mas com o fim do equívoco, seu celular ganha uma nova função, uma que você jamais imaginou que ele teria e que não é instalada através de aplicativo, mas através do despertar da consciência. Seu celular ganha a função de professor de autoconhecimento.
Assim como o espelho físico te mostra quem você é fisicamente, o espelho psicológico te mostra quem você é psicologicamente. Uau! Nunca tinha pensado nisso antes? Pois é, me mostre seu histórico do youtube, do instagram, do google e te direi quem você é.
De agora em diante, quando estiver rolando a tela do celular, além de olhar para a tela, olhe também para quem está olhando para a tela, olhe para si, olhe para o que você está pensando e sentindo enquanto rola a tela. Essa prática produz autoconhecimento. Quanto mais autoconhecimento, mais bem viver.
A maneira como você se relaciona com um objeto, seja concreto ou abstrato, não depende apenas da natureza do objeto, mas da forma como seu desejo se relaciona com esse objeto. Quando a natureza de um objeto é Imagem e Semelhança com seu desejo, você deseja o objeto, sente atração. Quando a natureza de um objeto é Imagem Sem Semelhança com seu desejo, você INdeseja o objeto, sente repulsa.
Macaco deseja comer banana e não deseja comer terra. Minhoca deseja comer terra e não deseja comer banana. Terra e banana são apenas objetos. É o desejo (objetivo inconsciente) do macaco e da minhoca que fazem os objetos banana e terra serem desejados ou INdesejados. Analogamente, Luiz deseja ser político e não deseja ser jogador de futebol. Edson deseja ser jogador de futebol e não deseja ser político. Político e jogador de futebol são apenas objetos. É o desejo (objetivo inconsciente) de Luiz e Edson que fazem os objetos político e jogador de futebol serem desejados ou INdesejados.
Você confunde objeto com objetivo por causa da função espelho dos objetos, mas a causa de você viver mal não é a função espelho dos objetos, é sua ignorância da função espelho.
Quando você ignora a função espelho dos objetos, você:
A) Prende os objetos desejados e, por consequência, vive preso a eles.
B) Tenta mudar os objetos indesejados e, por consequência, vive preso a eles.
Quando você está consciente da função espelho dos objetos, você:
C) Liberta os objetos desejados e, por consequência, vive livre com eles.
D) Permite os objetos indesejados e, por consequência, vive livre com eles.
Tem um meme clássico na internet que diz assim: “Quando Pedro me fala de João, sei mais de Pedro do que de João”. Esse meme está se referindo a função espelho da atribuição de significado. Quando você olha para um objeto e entende que esse objeto é uma fruta chamada laranja, não é você, conscientemente, que está atribuindo a esse objeto o significado de fruta chamada laranja, é sua memória que está fazendo isso para você.
As pessoas, coisas e acontecimentos não têm o significado que você atribui a elas, mas o significado que sua memória atribui. Significado é uma atribuição automática da memória sobre a realidade objetiva, não é uma atribuição consciente sua. Entender a função espelho da memória no processo de atribuição de significado é fundamental para a produção de autoconhecimento pessoal.
Praticar auto-observação pessoal é olhar para as pessoas, objetos e eventos, consciente que o significado que você está vendo não está lá fora, mas em você, assim como a pessoa no espelho não está no espelho, também está em você.
Em um dos mais famosos textos do filósofo Platão, intitulado Hípias Maior, Sócrates questiona seu interlocutor sobre a beleza. A pergunta de Sócrates é: o que é o belo? O texto termina sem resposta objetiva. E por que? Simples! Porque beleza é significado e significado é sempre subjetivo, pessoal, relativo, particular, nunca é objetivo.
Por mais estranho que possa parecer, não existe beleza no mundo, só existe mundo. Objetivamente falando, uma flor não é bela, uma flor é uma flor, o canto do rouxinol não é bonito, o canto do rouxinol é o canto do rouxinol. Não existem significados na realidade objetiva, só existem significantes, formas, objetos. Os significados que você vê constantemente no mundo, não estão no mundo, é projeção da sua memória pessoal.
Se você ainda não está consciente disso, se você ainda confunde significante e significado, tem um jeito muito fácil de você sair da confusão. Pegue seu telefone celular e ligue a câmera. Tudo que você conseguir fotografar, está no mundo, é significante. Tudo que você não conseguir fotografar, está dentro da sua cabeça, é significado.
Se você considera o Elvis Presley bonito, pegue o celular e tente fotografar a beleza do Elvis Presley. É impossível. Você só conseguirá fotografar o Elvis Presley, pois beleza é significado, não é significante. Se você considera errado roubar, pegue o celular e tente fotografar o errado. É impossível. Você só conseguirá fotografar pessoas roubando, pois errado é significado, não é significante. Se você considera chocolate gostoso, pegue o celular e tente fotografar o gostoso. É impossível. Você só conseguirá fotografar bombons e barras de chocolate, pois gostoso é significado, não é significante. É por isso que pessoas diferentes veem significados diferentes em um mesmo objeto (significante), o significado não está no objeto, está dentro da cabeça das pessoas.
Entendido isso, para viver bem, é fundamental estar consciente também que o significado que você projeta no mundo está intimamente ligado a cultura em que você foi criado. Uma vaca, por exemplo, significa religião para um indiano, mas significa churrasco para um brasileiro. Qual é o significado certo? Qual é o significado objetivo? Qual é o significado absoluto? Nenhum. Não existe significado objetivo e absoluto, significado é sempre subjetivo e pessoal.
Vaca não é religião, nem churrasco. Vaca é vaca. Mas na cultura indiana uma vaca significa religião e na cultura brasileira uma vaca significa churrasco. Então, pessoas que foram criadas na cultura indiana irão projetar o significado de religião e idolatrar a vaca, e pessoas de cultura brasileira irão projetar o significado de churrasco e comer a vaca.
Até aí, tudo bem! Projetar o significado da cultura em que você foi criado é natural e inevitável, não tem nenhum mal nisso. O mal viver começa quando você ignora que o significado projetado é projeção sua. Quando você ignora isso, você cai no equívoco de acreditar que o significado que você está projetando está objetivamente no mundo, logo, todas as pessoas devem ver o mesmo significado que você está vendo. Não bastasse isso, o outro, também ignorante do processo de projeção de significado, vai fazer o mesmo com você, tentando impor o significado dele a você. Entende como a convivência ignorante do processo de projeção do significado se torna uma conversa de surdo mudo?
O filme Silêncio mostra isso. Para os portugueses, a cruz é sagrada, pois eles foram criados em uma cultura cristã. Para os japoneses, a cruz é demoníaca, pois eles foram criados em uma cultura budista. A cruz é sagrada ou demoníaca? Nem sagrada, nem demoníaca. A cruz é cruz. Sagrado e demoníaco são projeção de significado. Se você considera a cruz sagrada, pegue o celular e tente fotografar o sagrado. É impossível. Você só conseguirá fotografar uma cruz, pois sagrado é significado, não é significante.
Para abrir os objetos e descobrir seu objetivo inconsciente, você deve usar a pergunta: Para quê? Quanto mais você se indaga Para Que, mais você se aproxima da descoberta do seu desejo.
Por exemplo, se seu desejo for: jogar futebol. Você se pergunta: “Para que desejo jogar futebol?”. A resposta pode ser: “Desejo jogar futebol para fazer exercício físico“. Dai você se pergunta: “Para que desejo fazer exercício físico?”. A resposta pode ser: “Para cuidar da saúde”.
Pronto! Você chegou no seu objetivo inconsciente: bem-estar. E uma vez consciente, você não precisa mais ficar preso ao objeto “futebol”, você pode realizar seu objetivo de bem-estar através de diversos outros objetos.
Mas sua resposta pode ser, por exemplo: “Desejo jogar futebol para encontrar meus amigos”. Dai você se pergunta: “Para que desejo encontrar meus amigos?”. Sua resposta pode ser: “Para conversar”.
Daí você se pergunta: “Para que desejo conversar?”. Sua resposta pode ser: “Para socializar”. Dai você se pergunta: “Para que desejo socializar?”. A resposta pode ser: “Para me sentir querido”.
Pronto! Você chegou no seu objetivo inconsciente: valor (afeto). E uma vez consciente, você não precisa mais ficar preso ao objeto “futebol”, você pode realizar seu objetivo de valor (afeto) através de diversos outros objetos.
Toda vez que você usa o abridor de objetos você chega inevitavelmente nos quatro desejos humanos descritos, explicados e desenhados no livro QUATRIX. Então, recomendo a leitura do livro QUATRIX como complemento ao que você acabou de ler neste livro. Por fim, procure se manter consciente da função espelho, já é de grande ajuda para viver bem.
Sucesso em seus quatro objetivos.
Não sei. Isso também acontece comigo. Eu amo banana. Sou apaixonado por banana. Só que a banana não me ama. O que eu faço?
Você está no pomar tentando pegar uma manga na mangueira. Você tenta, tenta e não consegue. Daí, você desiste e volta para casa. Foi uma desistência ou foi uma troca? Foi uma troca. Você trocou a manga pela casa. Desistir é trocar. Toda vez que você desiste de algo, você está trocando esse algo por outro algo, mesmo que esse algo for nada.
Sim, pode existir até quatro objetivos. O bem, o bom, o caro e o vero. Para fcar consciente de todos os objetivos atrás de um mesmo objeto você deve usar o abridor de objetos.
Não! Essa responsabilidade é sua.
Se você quer felicidade constante e ininterrupta, o caminho é o oposto, ao invés de dar liberdade aos objetos, aumente ao máximo seu poder de controle sobre os objetos. Dar liberdade aos objetos não produz felicidade, bloqueia. Dar liberdade aos objetos produz bem viver e boa convivência. Só isso! Se você quer viver bem e conviver bem, então, você deve dar liberdade aos objetos. Se você quer vida boa (felicidade), aprisione e escravize os objetos.
Impossível! Você é uma unidade existencial desejante. Logo, você é “escravo” da sua vontade (desejo).
O desejo vem primeiro e o arbítrio vem depois, assim como a gasolina vem primeiro e o volante do carro vem depois. Arbítrio é volante, serve para dirigir e não para impulsionar. Desejo é o que impulsiona. Sem desejo você seria um ser inerte, morto.
Sua função, como motorista, não é se livrar do desejo, é usar o desejo como gasolina na viagem de auto-realização. Para fazer isso bem, você precisa de lucidez e maestria. Tentar eliminar o desejo é indicativo claro de falta de lucidez.
Desejo não, mas como você lida com o desejo, sim. Outroísmo não é desejo, é como você lida com o desejo. Outroísmo é farinha, as diferentes neuroses são diferentes bolos, parecem diferentes, mas são todas feitas da mesma coisa: outroísmo.
Você tem dó do outro porque julga ruim a realidade que o outro está experimentando. Só que você não está experimentando a realidade que o outro está experimentando, nem está usando o critério de avaliação dele. Você não tem acesso a experiência nem ao critério do outro. E vice versa. Então, de fato, você não sabe se a realidade que o outro está experimentando é boa ou ruim para o outro. Você supõe. Dó significa que você não deseja aquela SUPOSIÇÃO para você. O que não significa que a realidade que está sendo experimentada pelo outro não possa ser exatamente o que o outro deseja para si. Dó é espelho do seu desejo. Dó é o que você não quer. Inveja é o oposto. Inveja é o que você quer. Dó não é santidade e inveja não é maldade, ambas são função espelho. Servem para que você fique consciente da sua vontade e viva em acordo com ela.
Para termos uma resposta a sua pergunta teríamos que fazer uma pequisa com todas as pessoas do planeta. Contudo, quando uma pessoa tem autoconhecimento e sabe usar bem seu arbítrio, sim, pois uma pessoa assim buscará optar sempre em acordo com seus quatro desejos, ou pelo menos com a maioria deles.
E quando é que tem dois objetos iguais? Você já viu duas pessoas iguais? Impossível. Não existe nada igual no universo, nem dois grãos de areia. Cada pessoa é única e singular. Em questão de unicidade, cada pessoa é insubstituível. Agora, em questão de satisfação do desejo, toda pessoa é substituível. E não há dificuldade nenhuma em mudar de uma pessoa para outra, basta usar o arbítrio.
Não! Pois desejo não é humano, é existencial. Você não tem desejo, você é desejo.
Não, é impossível. Se fosse possível, você já teria conseguido e não haveria tanta música de sofrência no mundo. Mas é preciso se conscientizar que você só tem quatro desejos. Você deseja o bem, o bom, o caro e o vero. Só isso! Esses quatro desejos são constantes e inevitáveis. Você não tem como inibi-los ou alterá-los. Seu poder frente esses quatro desejos é o poder de gestão. O que você pode fazer é gerir esses quatro desejos da melhor forma possível.
É meio caminho andado. Você fez sua parte para produção de uma boa convivência. A outra metade do caminho depende do outro estar consciente também.
Lei da atração é um equívoco. Desejo não atrai, empurra. O desejo do macaco não atrai a banana, empurra o macaco para ir de encontro a banana. O funcionamento do desejo é exatamente o oposto do que é divulgado pelos ensinamentos da lei da atração.
Função espelho é um funcionamento mental subconsciente, automático e constante. Esteja você consciente ou inconsciente da função espelho, continua acontecendo.
Não, impossível. Você sempre deseja o bem, bom, caro e vero. Isso nunca muda. Não tem engano nenhum nisso. O que pode te enganar é sua crença. Optar antecede experimentar. Na hora de optar, você pode estar equivocado em sua suposição sobre o objeto. Você pode supor que o objeto é bom. Daí, você opta e ao experimentar descobre que é ruim. Quem te enganou fui sua crença, não seu desejo.
O primeiro obstáculo é a ignorância da existência da função espelho. A função espelho faz parte da experiência humana assim como o tato, o paladar, a visão, etc. Só que você nasce, cresce e morre ignorante da função espelho. Você vive convicto de que os significados estão nos objetos. Esse equívoco é o primeiro obstáculo para percepção da função espelho. Quando você desperta para a existência da função espelho, surge o segundo obstáculo: a ignorância do Quatrix, ou seja, a ignorância da sua natureza humana. Quando você desperta para quaternalidade da natureza humana, surge o terceiro obstáculo: falta de prática na autoobservação e na autoanálise.
Faz o mesmo que deveria fazer com tudo que experimenta: usa como estudo de caso para produção de autoconhecimento. Isso está explicado no livro Apocalip-se. Você não está vivendo uma vida, você está vivendo uma eurekatividade. A vida não é uma atividade biológica, é uma atividade pedagógica.
O que você chama de Luciana, não é uma pessoa, é uma escola. A função das neuroses da Luciana não é te fazer viver mal, pelo contrário, é te ensinar a viver bem através do mal. A Lucina te faz viver mal para que você aprenda a viver bem. Use as neuroses da Luciana como estudo de caso e estará aproveitando a Luciana, caso contrário, estará desperdiçando e sofrendo à toa.
Cada caso é um caso. A resposta para o seu caso, requer análise do seu caso. Contudo, tem sempre duas causas fundamentais para você permanecer grudada em um objeto: desejo e arbítrio.
Significa que esse personagem está espelhando algo sobre quem é você, sobre sua personalidade.
Quando você liga a televisão, você acredita que está assistindo televisão. Não está! A televisão é um espelho. Por isso tem um famoso seriado que se chama Black Mirror. A tradução de Black Mirror é Espelho Preto. Uma televisão desligada é um espelho preto. Um celular desligado é um espelho preto.
Assistir televisão e olhar no celular é se olhar no espelho. Tanto os conteúdos que te afetam positivamente, de forma atraente, como os que te afetam negativamente, de forma repelente, espelham algo sobre quem é você, sobre sua personalidade. Não é a toa que atração e repulsa acontecem, é devido a função espelho.
Pessoas, reais ou fictícias, para você, são igualmente personalidades. Quando você interage com uma personalidade alheia, seja através de uma pessoa real ou personagem fictício (filme ou livro), a função espelho acontece subconscientemente. Se você observar acontecendo, o conteúdo subconsciente se tornar consciente e vira autoconhecimento.
Sim, tanto as competências que você vê em Fulano, como sua admiração por essas competências, estão em você. Mas tem uma sutileza nesse entendimento. Vou explicitá-la. Mas primeiro, para facilitar a explicação, vamos nomear as competências que você admira em Fulano. Vamos chamá-las de Respeito e Lucidez. Se você não tivesse ao menos o conceito de Respeito e Lucidez em si, você seria incapaz de reconhecer isso em Fulano, e consequentemente, de admirar. Uma criança pequena, por exemplo, não é capaz de reconhecer a mentira, nem a inveja, nem a cobiça, nem a amizade, nem a paciência, nem o respeito, nem a sinceridade, nem qualquer competência do outro, pois a criança sequer tem a ideia abstrata dessas competências dentro de si. Conforme a criança vai vivendo, tendo experiências e fazendo abstrações, ela vai criando todos os conceitos das competências humanas, e daí sim, vai se tornando capaz de reconhecer essas competências nos outros. Depois, você só é capaz de reconhecer a competência do Respeito e da Lucidez em Fulano, porque Fulano possui tal competência, caso contrário, seria impossível. Como você poderia ver o cabelo ruivo de Fulano se Fulano tivesse cabelo preto? Então, a competência que você vê em Fulano, está tanto em Fulano como em você. Talvez ela seja apenas um conceito para você e uma maestria para Fulano, mas o espelhamento só acontece porque estão em ambos. Por fim, tem a questão da admiração. O fato de você admirar o Respeito e a Lucidez de Fulano significa que são competências desejadas por você, que você também deseja ser uma pessoa respeitadora e lúcida, caso contrário, você sentiria desprezo por essas competências e não admiração. Então, é a função espelho que lhe permite identificar competências nos outros e sucessivamente ficar consciente se são competências desejadas ou indesejadas. Se forem desejadas, significa que você deve praticá-las e transformá-las em maestria, que irá viver melhor. Se forem indesejadas, significa que você deve abandoná-las e praticar as competências opostas, que irá viver melhor.
Objeto é significante, não é significado. Mas a função espelho é como um truque de mágica e se você não percebe esse truque, você cai no equívoco de acreditar que significante é significado. O espelho é um ótimo exemplo para entender esse truque. Quando você olha no espelho, o que você vê? Você vê o espelho? Não! Você vê seu cabelo, seu nariz, seus dentes, sua cabeça, seu corpo, etc. Tudo isso está no espelho? Não, está em você. O que tem no espelho? Nada! O espelho é vazio. No caso da convivência, o outro é o outro. O que você vê no outro, é o que VOCÊ vê no outro, não é o outro. Por isso que cada um vê um outro diferente. Por exemplo, você me vê como professor. Minha esposa me vê como marido. Minha mãe me vê como filho. Meu amigo me vê como amigo. O governo me vê como contribuinte. E assim por diante. Eu sou tudo isso? Não. Eu sou eu. O que você vê no outro espelha suas crenças, valores, preferências, desejos, etc. E vice-versa. O outro é um espelho para sua prática de autoconhecimento. Você jamais conseguiria se ver sem espelho. Você jamais conseguiria produzir autoconhecimento sem o outro.
Um grupo de discípulos levou seu mestre para tomar sopa e testar sua maestria. O garçom, como combinado, serviu sopa para todos os discípulos, mas não serviu o mestre. Toda vez que o garçom voltava na mesa, fazia a mesma coisa. Enchia novamente o prato dos discípulo, mas deixava o prato do mestre vazio. Quando os discípulos já estavam saciados e prontos para irem embora, o mestre chamou o garçom e disse: “Você não me serviu sopa nenhuma!” O garçom, como combinado, respondeu grosseiro: “Está caduco velhote! Eu lhe servi sopa três vezes!”. O mestre respondeu: “É verdade! Você está certo! É que a sopa estava tão deliciosa que vou aceitar mais um pouco”. Você prefere ter razão ou tomar sopa? Pense bem! Mesmo que você prove para o outro por A mais B que ele está errado. Mesmo que fique óbvio. Mesmo que o outro perceba o próprio erro. Ainda assim ele pode não lhe servir sopa (não admitir o próprio equívoco). E se você insistir em ter razão, quem vai ficar sem sopa é você. Além do que, se você tem razão, então, razão você tem. Por que perder tempo e energia tentando mostrar o óbvio para quem não quer ver? Foca na sopa! Foca na realização do seu desejo! Foca na solução do seu problema! Deixe os outros acreditarem no que bem ou mal entenderem. Problema deles. Prefira ser feliz.
Porque você acredita que ama o outro, mas isso é um equívoco. Você não ama o outro, você ama o prazer que o outro te proporciona e não o outro. Tanto é assim, que no instante em que o outro deixa de ser uma fonte de prazer e se transforma em uma fonte de dor, você imediatamente deixa de amar o outro e começa a odiá-lo. Mas quando você ignora isso, você precisa ter alguma moeda de troca para comprar o amor do outro, essa moeda de troca é a submissão.
Cada caso é um caso. A resposta para o seu caso, requer análise do seu caso. Contudo, o motivo básico é uma dessas três ignorâncias ou as três:
1) Você ignora a existência da função espelho.
2) Você ignora qual é seu objetivo espelhado no objeto (outro).
3) Você quer mudar o espelho (outro).
Dei o nome de Romeu para seu marido para facilitar responder. A resposta é simples! Você permanece casada com Romeu porque opta por permanecer casada com Romeu. Ninguém te obriga a permanecer. Nada lhe impede de mudar de opção. Todo dia você acorda e continua casada com Romeu porque todo dia você diz sim para Romeu, igual você disse no dia do seu casamento. No momento em que você decidir dizer não para Romeu, pronto, será o fim do seu casamento com Romeu. Entendido isso, você pode me perguntar: E por que eu opto por continuar casada com Romeu? Eu lhe pergunto: Quem opta por permanecer casada com Romeu? Você responde: Sou eu que opto. Eu lhe pergunto: Então, por que está perguntando o motivo para mim? Eu não sei o que acontece dentro de você. Certamente você tem um motivo para optar por continuar casada com Romeu. Porém, só você tem acesso a você, então, só você pode saber o motivo. E se quiser saber, se pergunte: por que opto por permanecer casada com Romeu? Encare a resposta, seja qual for. Uma vez que você descobrir o motivo, você pode avaliar se é um bom motivo se perguntando exatamente isso: esse motivo é um bom motivo para permanecer casada com Romeu? Se você continuará casada com Romeu depois disso, não sei, você decidirá, mas você ficará mais consciente do motivo de permanecer casada e isso lhe ajudará a optar melhor.
Por que seus filhos são caros para você e o filho dos outros são nulos. Se o filho dos outros fossem caros para você e os seus filhos fossem nulos, seu comportamento seria o oposto.
Porque esse comportamento te prejudica quando é executado pelo outro, mas te beneficia quando é executado por você. Roubar, por exemplo, prejudica o roubado e beneficia o ladrão. Por isso o ladrão rouba o outro, mas não quer ser roubado pelo outro.
Para ficar consciente do seu desejo.
Sim, você tem arbítrio para isso, basta usá-lo.
No rigor da definição de dicionário: Para que = Finalidade. Porquê = Causalidade. Por isso que a pergunta abridora de objetos é “para quê?”, pois a busca é pela finalidade que determinado objeto tem para você. Porém, muitas vezes, no linguajar popular, usa-se a palavra “porquê” com significado de finalidade. Então, para fins práticos, sendo que a busca seja pela finalidade, tanto faz você se perguntar “para quê?” ou “porquê?”, ambas funcionam.
Significa que seu desejo pelo oposto também é muito forte. Vamos supor que você tenha uma enorme repulsa pela mentira. Isso significa que você tem um forte desejo pelo verdadeiro.
O conceito de maldade sim, caso contrário você seria incapaz de reconhecer e nomear o que está vendo. A intensão ou a prática de ser maldoso, não necessariamente. Mas pode ser que a maldade que você está vendo no outro, não está no outro, só está em você. Isso acontece porque bem e mal depende do sistema de crenças do observador. Vamos supor que o seu sistema de crenças, por algum motivo, tenha uma programação assim: “Pessoas de cabelo grisalho são pessoas do mal”. Quando você olhar para mim, mesmo que não exista maldade em mim, você verá maldade, pois bem e mal, para você, depende da programação mental que está em você.
Se for para objetos melhores, mais em acordo com seu objetivo, sim. Se for para objetos piores, menos em acordo com seu objetivo, não.
Quando o monge vai para caverna, ele não vai sozinho. O monge leva o mundo inteiro na memória dele. Ele olha para parede da caverna e vê o pai, a mãe, as cidades e tudo que já viveu. Então, não está sozinho. Quando se vai praticar Zazen, por exemplo, você deve ficar sentado em posição de lótus, de olhos abertos, olhando para parede. Uma hora assim: olhando para parede. Quem é leigo em autoconhecimento pensa “Pra que ficar uma hora olhando para uma parede?”. Simples! Se durante essa uma hora você conseguir ver a parede por pelo menos um segundo, é gooooooool, você atingiu a iluminação. Durante a prática do Zazen, você vê de tudo na parede, menos a parede. Você vê seus pais, todos seus relacionamentos, a crise política, o shopping center, sua caixa de esmaltes, a cor do sabonete em cima da pia, a viagem que irá fazer no mês que vem, tudo que aconteceu nessa viagem que ainda não aconteceu, e assim por diante. Você vê tudo na parede, menos a parede. O mesmo com o monge dentro da caverna. Ele fica meditando dentro da caverna até conseguir ver a caverna. No dia que ele finalmente vê a caverna, sai da caverna e medita em qualquer lugar.
Se seu objetivo ao satisfazer um desejo for nunca mais desejar, daí, não adianta nada, pois isso é impossível. Como você observou, fome não tem cura. Não importa o tanto que você comeu hoje, amanhã você terá fome novamente e desejará comer novamente. Agora, se seu objetivo ao satisfazer um desejo for gerenciar sua experiência humana e viver bem, daí, satisfazer seu desejo servirá exatamente para isso: gerenciar sua experiência humana e viver bem.
Fugir do outro não é ausência de convivência, é um tipo de convivência. A forma como o coelho convive com a raposa é fugindo da raposa. Se o coelho mudar o tipo de convivência que ele tem com a raposa, se parar de fugir da raposa, ele morre. Dito isso, você decide o tipo de convivência que é mais apropriado ter com o outro (objeto). Se o outro for uma raposa e você for um coelho, o mais apropriado é fugir.
Estudo do ser humano no aspecto existencial, psicológico, pessoal e social.
Aula do ciclo de estudos de autociência – EUreka 2022