— Eu tenho minha cabeça dura, você tem a sua. Eu ajo de acordo com minha cabeça dura, você age de acordo com a sua — disse o rapaz.
— Sim, é isso mesmo! — eu disse.
— Mas o que você faz me prejudica — disse o rapaz.
— E o que você faz me prejudica — eu disse.
— Como resolver isso? — o rapaz me perguntou.
— Primeiramente: diálogo. Eu não tenho como saber o que está dentro da sua cabeça dura se você não me contar. Você não tem como saber o que está dentro da minha cabeça dura se eu não te contar. O diálogo é o primeiro passo para solução — eu disse.
— E qual é o segundo passo? — o rapaz me perguntou.
— O segundo passo é o acordo. Devemos pensar em uma solução que beneficíe todas as cabeças duras envolvidas — eu disse.
— E se não tiver acordo — o rapaz me perguntou.
— Pode ser que a solução não apareça de imediato. Pode ser que leve algum tempo até pensar em uma opção que beneficíe todas as cabeças duras envolvidas. Mas sempre surge uma ideia conciliadora. E se não surgir e não tiver acordo, ainda tem uma alternativa infalível — eu disse.
— Qual? — o rapaz me perguntou.
— O respeito. Cada um faz o que acha certo e respeita o certo do outro — eu disse.
— Entendi! Foi uma boa conversa. Claro que não foi exatamente assim que essa conversa aconteceu. Você colocou palavras na minha boca e entendimentos na minha cabeça que não aconteceram de fato — disse o rapaz.
— Sim, pois o propósito desse texto não é descrever exatamente o que aconteceu, é ajudar o leitor a entender os dois tipos de teimosia: democrática e caga-regra. Acho que nossa conversa cumpriu esse propósito — eu disse.