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É impossível viver em paz acreditando que Deus é outro. Nem Deus conseguiria. Como viver em paz se a qualquer instante um estranho, todo poderoso, criador do céu e da terra, pode fazer o que quiser com o céu e a terra? Pode destruir com um sopro tudo que você construiu com sangue, suor e lágrimas? Pode matar você sem dó nem piedade? Pode pintar você de preto e te bater com um chicote até suas costas ficarem em carne viva? Pode levar você para tomar banho em uma câmara de gás? É impossível viver em paz acreditando que Deus é outro, porque essa crença é justamente a causa do seu pânico. Você morre de medo de viver, porque vive com medo de Deus. A qualquer instante, o imprevisível e desconhecido Deus, pode pegar você. A trilha sonora do seu relacionamento com Deus é: “Deeeus, Deeeus, Deeeus, Deus da cara preta…”. Você até tenta se prevenir das chifradas. Você acredita que se não der sopa para o azar, ou seja, para Deus, o azar, ou seja, Deus, não tem como pegar você. Só que pega. Você viaja de ônibus para evitar que Deus derrube seu avião, mas Deus te passa uma rasteira no casamento, ou puxa seu tapete no emprego. Nada resolve seu problema com Deus, porque seu problema não é com Deus, mas com sua crença de que Deus é outro. Deus não é outro. Deus é você.
Manoel viajou para o Brasil e pediu para Joaquim cuidar da casa dele em Portugal. Passado um mês, chega uma carta do Joaquim: “Manoel, seu gato morreu”. Manoel respondeu prontamente: “Isso é jeito de dar notícia, Joaquim?! Você quase me mata do coração! Vou te ensinar. Você precisa preparar a pessoa antes de contar o que aconteceu. Por exemplo, primeiro você me envia uma carta dizendo: Manoel, seu gato subiu no telhado. Passado uma semana, você me envia outra carta: Manoel, seu gato está andando no telhado. Passado outra semana, você me envia outra carta: Manoel, seu gato caiu do telhado. Então, passado um mês, você me conta: Manoel, seu gato morreu”. Dois meses depois, chega outra carta do Joaquim: “Manoel, sua mãe subiu no telhado”. Deus também subiu no telhado. Só que assim como na piada do Manoel, você ainda não está preparado para entender que Deus é você. É muito traumático assumir uma existência e uma responsabilidade que você passou a vida inteira empurrando para Deus. É mais traumático do que descobrir que não foi a cegonha que te trouxe ou que Papai Noel é seu pai vestido de pijama vermelho. Então, como na piada do Manoel, você está atualmente se enviando cartas preparatórias. Essa aqui é uma delas.
Deus é o maior tabu humano. E não é só um tabu religioso, é um tabu científico também. Por isso que este estudo não é religioso, nem científico, é autocientífico. Autociência é similar à ciência tradicional, mas com um diferencial fundamental. A ciência tradicional é praticada através da observação e produz conhecimento. Autociência é praticada através da auto-observação e produz autoconhecimento. Assim, para que o descrito aqui se torne evidente para você e não fique apenas como crença, é imprescindível que você comprove através da auto-observação. Na ciência tradicional, um cientista comprova o que o outro cientista diz reproduzindo a mesma experiência. Na autociência, a comprovação se dá através da auto-observação. Pratique auto-observação. Não fique apenas na teoria. Enquanto você não despertar para si mesmo, Deus continuará sendo um tabu para você.
Imagine que você fosse o único ser humano do planeta. Sendo assim, não existiria cultura no planeta. Todo seu entendimento seria seu, só seu, autoral. Não existiria outro ser humano para educá-lo em nada. Não existiria religião. Não existiria ciência. Todo seu entendimento seria fruto do seu próprio entendimento. Mesmo assim, inevitavelmente, você iria produzir um entendimento sobre Deus. Por que inevitavelmente? Porque inevitavelmente você se questionaria sobre a fábrica da realidade. Quando você vê uma fruta, você se pergunta: “É fruta de que pé?” Você faz esta pergunta, porque fruta é produto e você está procurando a fábrica da fruta. Por você experimentar uma realidade, você faz uma pergunta similar: Qual é a fábrica da realidade? É assim que você chega ao entendimento de Deus. Deus é a fábrica implícita, da realidade explícita, que você está constantemente experimentando.
Quando você se pergunta, “Quem está criando essa realidade?”, você já está assumindo que o criador da sua realidade não é você, pois se você se entendesse como criador da sua realidade, você não faria a pergunta. Uma vez que você assume que o criador da sua realidade não é você, então, é outro. Quem está criando essa realidade é outro. O criador dessa realidade é outro. A fábrica desta realidade é outro. Quem é esse outro? É Deus. É assim que surge o Deus outro. E mesmo nas tradições espiritualistas, onde se afirma que você é apenas consciência assistindo a realidade, se a realidade que você está assistindo está sendo criada, quem está criando? Se o criador não é você, é outro. Então, mesmo nas tradições espiritualistas, Deus é outro também.
Deus não é outro. Deus é você. Mas o que muda do Deus-outro para o Deus-eu? O que muda é a qualidade consciencial com que você faz o que sempre faz: criar realidade. Você sempre foi, é, e será, criador da sua realidade. Isso é o que garante que você possa experimentar sempre o tipo de realidade que deseja experimentar. A crença de que Deus é outro, não lhe impede de ser Deus, criador da sua realidade, apenas lhe faz ser Deus inconsciente. Despertar para o fato de que você é Deus, é apenas uma mudança consciencial na forma de fazer o que você sempre faz: criar sua realidade. Você apenas deixa a brincadeira da criação inconsciente, ou seja, Deus inconsciente, para entrar na brincadeira de criação consciente, ou seja, Deus consciente.
O argumento que lhe convence que Deus é outro, é assim: “Se eu fosse Deus, então, eu seria o criador de tudo. Mas isso é um absurdo, pois não estou criando essa árvore, as flores, o sol, a rua, a casa, as pessoas, os carros, etc. Eu não estou criando o universo. Como posso ser Deus? Absurdo! Deus não sou eu!”. A todo instante você está reforçando esta lógica, e consequentemente, reforçando a mentalidade de que Deus é outro. Como sair dessa mentalidade? Só tem um jeito. Investigando a natureza da sua realidade através da auto-observação e dando a si mesmo a evidência de que realidade é criação mental “dentro” de você. Despertar para o fato de que você é o criador da sua realidade é como despertar para o entendimento de que você é o sonho e também o sonhador. A virtualidade de um sonho é análoga à virtualidade da sua realidade. Em um sonho, você toca as coisas, sente sabores, vê cores, conversa com pessoas, tem gravidade, peso, tempo de deslocamento, tudo como se fosse realidade, física e externa, mas nada em um sonho é material, nem está “do lado de fora”. Tudo em um sonho é feito de sonho e está “dentro” de você. Analogamente, é assim que sua realidade está “dentro” de você.
Para brincar de criação inconsciente é preciso estar inconsciente. É por isso que até aqui você esteve inconsciente sobre o fato de que você é o criador da sua realidade. Você queria experimentar como é viver acreditando que Deus é outro, que a realidade é caótica, aleatória e sem proposito. Você também queria experimentar o sentimento de ser vítima das circunstâncias, vítima da vida, vítima das fatalidades, vítima de Deus. E você brincou muito dessa brincadeira. Mas sendo que está lendo esse livro. E mais do que lendo, criando este livro na sua realidade. Isso indica que está interessado em mudar de brincadeira. O caminho para a mudança é praticar auto-observação. O vídeo a seguir é para lhe ajudar com a prática da auto-observação.
Acreditar em Deus não resolve, pelo contrário, cria e perpetua o problema. Quando você acredita em Deus, você está supondo que a causa da realidade que você está experimentando transcende você, está além de você, não é você. Causa transcendente pode ter vários nomes, religiosos, místicos, filosóficos e científicos. Tenha o nome que tiver, quando você acredita em causa transcendente, sua crença é a mesma: “Eu não sou a causa da realidade que estou experimentando”.
O problema de acreditar em causa transcendente é que realidade é efeito imanente. Imanência é o oposto de transcendência. Imanente é inerente (em si). Se a causa da realidade que você está experimentando não é você, se transcende você, o efeito deveria transcender também. Ou seja, quem deveria estar experimentando a realidade que você está experimentando é o suposto causador transcendente e não você. Porém, o suposto causador transcendente dá uma martelada no seu dedão, mas quem experimenta a martelada é você.
Causa transcendente, efeito imanente. Esse é um dos problemas de acreditar em Deus, a realidade que você está experimentando fica parecendo injusta. Outro problema é que, mesmo que sua realidade seja indesejada, você não tem outra opção senão aceitá-la, pois o causador da sua realidade não é você.
A solução não é você se tornar ateu. Ateísmo também é acreditar em causa transcendente. A solução é despertar a consciência e evidenciar o óbvio: “Eu sou a causa da realidade que estou experimentando”. Causa imanente, efeito imanente. Problema resolvido.
Depois de intenso contato diplomático com a NASA e com o Vaticano, finalmente Deus concordou em dar uma entrevista no talkshow da ONU. O entrevistador foi selecionado através de um rigoroso teste de QI. O primeiro colocado foi um homem chamado Adão. No dia zero de zerozembro, as zero horas, a entrevista começou.
— O que é você? — Adão perguntou para Deus.
— Antes me diga o que é você? — Deus respondeu.
— Eu perguntei primeiro! — disse Adão.
— Sim, mas se você não souber o que é você…
— Qual é o problema? — perguntou Adão.
— Minha resposta não fará sentido! — disse Deus.
— E se eu souber? — perguntou Adão.
— Sua pergunta não fará sentido!
— De onde você vem? — Adão perguntou para Deus.
— Antes me diga de onde você vem? — Deus respondeu.
— Eu perguntei primeiro! — disse Adão.
— Sim, mas se você não souber de onde você vem…
— Qual é o problema? — perguntou Adão.
— Minha resposta não fará sentido! — disse Deus.
— E se eu souber? — perguntou Adão.
— Sua pergunta não fará sentido!
— Por que você existe? — Adão perguntou para Deus.
— Antes me diga por que você existe? — Deus respondeu.
— Eu perguntei primeiro! — disse Adão.
— Sim, mas se você não souber porque você existe…
— Qual é o problema? — perguntou Adão.
— Minha resposta não fará sentido! — disse Deus.
— E se eu souber? — perguntou Adão.
— Sua pergunta não fará sentido!
— Mais alguma pergunta? — disse Deus.
— Não! — disse Adão, para evitar ouvir a mesma ladainha.
— Então, vou embora! — disse Deus.
— Para onde você vai? — perguntou Adão.
— Antes me diga para onde você vai?
— Ok, já entendi! — disse Adão.
A raiva que você sente de Deus é justa, natural e saudável. Como não sentir raiva de um sádico que te dá a vida só para te matar aos poucos? Que destrói num instante tudo que você demorou tanto para construir? Que permite que sua criação perfeita seja um campo fértil de violência, injustiça e crueldade? Que te fode da gênese ao apocalipse e ainda exige que você o ame acima de todas as coisas com pena de queimar no inferno? Sentir raiva de Deus é o mínimo! Revolta é pouco! Só que você não dá um piu. Você quer esfregar a fuça de Deus na merda que ele faz na sua vida. Mas o que você faz? Você reprime sua raiva, reza o pai nosso e engole o pão bolorento de cada dia. Embora sua intenção seja positiva, reprimir sua raiva não produz bem viver, pelo contrário, produz úlceras, tumores e outras doenças psicossomáticas que você acrescenta na conta de Deus. Para sair desse círculo vicioso, o primeiro passo é você assumir sua raiva e mandar Deus a merda. Pagar de santo não é santidade. Fingir que está tudo bem só faz mal. Se você ainda não está consciente que Deus é você mesmo e que seu arbítrio é o fiat lux da sua realidade, não adianta fingir que está. Não é reprimindo sua raiva que você desperta a consciência, é trazendo sua raiva ao consciente. Despertar é o que vem depois do sono. Solução é o que vem depois do problema. Êxito é o que vem depois do desafio. Paz é o que vem depois da guerra. Para fazer as pazes com Deus, primeiro permita-se odiá-lo.
Primeiro você acreditou que coisas são coisas, físicas, sólidas, externas, etc. Depois, alguém te contou que o criador de todas as coisas era um cara chamado Deus. Daí, seus pais te colocaram no catecismo. Você indagou sobre Deus e a professora de catecismo usou a palavra “onipotente”. Você não entendeu o significado e um colega de catecismo, fã dos filmes da Marvel, te explicou que ninguém ganhava de Deus, nem o maior dos vilões: o Mala Man. Na aula seguinte, a professora de catecismo passou uma oração que dizia: “Deus, livrai-nos do Mala Man!”. Sua vida não era fácil. A cada esquina havia sempre a possibilidade de um ataque do Mala Man. Você pensou: “Como convenço Deus a me livrar do Mala Man?”. Após ouvir muitas respostas, você entendeu que deveria ser obediente e jamais desagradar Deus. E foi assim que você se tornou temente a Deus. Só que seu temor a Deus se tornou pior que seu temor do Mala Man. Ou seja, você começou a acreditar em Deus para resolver um problema e acabou com dois. Para resolver ambos, é simples, pratique autociência e descubra que Deus e o Mala Man é você mesmo.
Eu sou você em pessoa. Aliás, em pessoas, por isso você é diferente. Se você fosse igual, eu não seria deus, seria uma máquina de xerox. Um é impar. Eu não sei repetir. Nem desejo. Eu quero é experimentar todas as possibilidades de ser você. Eu quero ser você gordo, magro, forte, fraco e narigudo. Eu quero ser você loiro, ruivo, preto, amarelo e cor de rosa. Eu quero ter pé chato e unha encravada. Quero falar japonês, fazer gol no maracanã, passar pelos canais de Veneza, comer neve no Canadá, mascar folhas de coca em Cusco, assistir à missa do galo, ouvir fado e bater macumba. Eu quero ser você rico, pobre e classe média. Quero ser você na Disneylândia e no Boqueirão. Eu quero ser você tomando café em cama de hotel, mas também quero revirar lata de lixo.
Eu quero ser você lendo Aristóteles na poltrona da universidade e lendo Turma da Mônica na poltrona do banheiro. Eu quero ser você estudando, aprendendo, descobrindo e revelando o universo, mas também quero ser você coçando o saco, fumando maconha e tirando onda. Eu quero ser você advogado, manicure, taxista, padeiro, médico, motoboy, padre, cientista, agricultor, prostituta, veterinário e jogador de basquete. Eu quero ser você tendo filhos e sendo filho. Quero ser você deitado em colo de mãe e ouvindo conselho de pai. Eu quero ser você na fila do banco, reclamando da roleta, do governo, do sistema, da humanidade, do destino e de mim. Eu quero ser você compondo a décima sinfonia de Beethoven e o bonde do Tigrão. Quero ser você contando piada, jogando tomate no humorista e mijando de rir. Quero ser você pintando a Capela Sistina e os muros da Avenida Rebouças.
Eu quero ser você roubando e sendo roubado, torturando e sendo torturado, oprimindo e sendo oprimido, errando, se arrependendo, perdoando e corrigindo. Eu quero ser você pensando na morte e sentindo medo, quero ser você pensando na vida e sentindo medo. Quero ser você escrevendo sua história, lendo sua história e virando a página para escrever novas histórias todos os dias. Eu quero ser você esquecendo de mim. Quero ser você ateu. Quero ser você me negando. Quero ser você construindo ciências, religiões, filosofias e brigando pelo óbvio. Quero ser você vivendo o extraordinário êxtase de me descobrir ordinariamente você mesmo.
Quer me amar? Ame a si mesmo. Você sou eu em pessoa. Quer me louvar? Louve a si mesmo. Você sou eu em pessoa. Quer me conhecer? Conheça a si mesmo. Você sou eu em pessoa. Quer que seja feita a minha vontade? Seja você ao máximo. Você sou eu em pessoa.
Quem trata do existencial no ocidente não é a filosofia, são as religiões. Os filósofos ocidentais são materialistas e têm alergia de religião, por isso deixam de lado o existencial e pulam para o psicológico e o social. Prova disso é que Nietzsche matou Deus.
Você é Deus, inevitavelmente, acreditando ou não. Agora, acreditar não é saber. Então, imagine que eu te conte que tem uma tela colorida na parede do meu escritório. Eu não estou mentindo. É fato. Tem mesmo. Mas enquanto você não comprovar por si, mesmo sendo um fato, para você será apenas uma crença. Analogamente, para mim, é óbvio que voce é Deus. Mas a explicação do óbvio não é o óbvio. Então, enquanto você não despertar a consciência existencial, minha explicação será apenas uma crença, igual à crença de que tem um quadro colorido na parede do meu escritório.
A 1ficina encara tudo de frente, cabeça erguida e olhando nos olhos. Dito isso. “Ema, ema, ema, cada um com seus problemas!”. O que outras escolas, mestres, instrutores, gurus dizem, não é problema da 1ficina. O trabalho da 1ficina se baseia apenas nas explicações da 1ficina. Esse tipo de pergunta é muito frequente, pois quando calouros chegam aqui, estão cheios de bagagens. São informações acumuladas de diversas escolas, tradições e culturas. Essas informações ficam martelando dia e noite dentro da cabeça. Além de serem um fardo, são conflitantes e estressantes. Uma informação briga com a outra. É um inferno. O budismo briga com o cristianismo, que briga com espiritismo, que briga com o materialismo, que briga com o pensamento positivo, que briga com o carma, que briga com lei da atração, que briga com Nietzsche, que briga com Platão, que briga com Aristóteles, que briga com Física Quântica, que briga com O Segredo, que briga com o caralho-a-quatro. Nada encaixa em nada. Ao invés de solução, paz e felicidade, que foi o motivo de você acumular tanta bagagem, só aumenta o problema e o sofrimento. O motivo de nada se encaixar não é que nada se encaixa, é que você está desencaixado de si. Quando você está encaixado em si, tudo se encaixa por si só. Com consciência tudo se resolve. Então, a 1ficina simplesmente ignora suas bagagens e coloca você para praticar autociência que a única forma de você se encaixar em si.
Através da prática da autociência. Qualquer um pode se tornar ciente de Deus, basta praticar autociência. Só que, embora seja simples praticar, não é fácil, pois você nunca foi incentivado a procurar Deus em si mesmo, então, não sabe nem por onde começar. O primeiro passo é começar exatamente onde está, investigando a crença do deus_outro.
Da mesma forma que você explica a sua. Você sabe explicar a sua? Não sabe, não é mesmo? Dito isso, perceba como a mentalidade vitimista luta para provar que é vítima. Essa pergunta é uma tentativa disso. A mentalidade vitimista não aceita a responsabilidade. Junta isso com a crença no deusoutro e você estará se condenando a viver mal. Agora, suponha que você consiga provar que você é vítima. E daí? Você estaria provando para quem? E por quê?
Fica direcionada a manifestação dos outros seres. Você se sente grato pela oferta que os outros estão lhe dando e você está experimentando em forma de realidade. O sol, por exemplo. Tem um ser se manifestando e que você está experimentando em forma de sol. Pense na sua conta de energia. Aqui em Minas Gerais a empresa de fornecimento de energia se chama CEMIG. Todo mês a CEMIG manda um boleto cobrando a taxa de fornecimento de energia. Todo mês precisa pagar o boleto senão a CEMIG corta o fornecimento. Agora, pense no sol. Todo dia tem sol. Desde que você nasceu tem sol. O sol ilumina e aquece sua realidade. O sol é fundamental para vida orgânica no planeta, o que inclui seu corpo. Pense nisso e me diga: alguma vez o ser que manifesta o sol mandou um boleto para sua casa? Claro que não! E por que não? Porque a manifestação do sol é uma oferta, não é um serviço. Sendo assim, será que o ser que está manifestando o sol não merece no mínimo, mas no mínimo mesmo, sua gratidão pelo que está manifestando.
Vou te contar uma eureka que tive assistindo um show do cantor e compositor Vander Lee. Eu estava assistindo um show dele no youtube e, de repente, eu me dei conta que não estava apenas assistindo um show no youtube, estava recebendo em minha realidade a manifestação de um ser em forma de show do Vander Lee. E não era uma manifestação comum, era uma manifestação preparada com muita dedicação e carinho. O ser do Vander Lee teve que desenvolver sua competência em cantar e compor por anos e anos até chegar ao ponto de oferecer aquele show como se fosse um banquete feito por um chefe de restaurante cinco estrelas. Cada nota, cada frase de suas canções eram o apogeu do seu talento sendo colocado dentro da minha realidade em forma de música. Naquele momento, não estava mais assistindo ao show do Vander Lee no youtube, estava em contato direto com a manifestação de um ser. Era como se aquele show fossem os raios de um sol musical atravessando a janela do youtube e chegando em mim. Meu coração se encheu de gratidão pela oferta do Vander Lee e comecei a chorar. Nenhum dinheiro no mundo era suficiente para pagar todos os anos de dedicação e trabalho duro de compositor que Vander Lee teve para me ofertar aquele show. E como foi que paguei a oferta do Vander Lee? Me comprometendo com o universo em oferecer o mesmo que estava recebendo. Eu estava recebendo o melhor da manifestação de um ser humano, então, me comprometi em sempre oferecer o meu melhor também.
No universo não se paga nada com dinheiro, se paga tudo com gratidão. Esse dinheiro que usamos na experiência humana, é apenas papel com tinta. O valor do dinheiro não está no dinheiro, está no que ele representa. E o que o dinheiro representa? Representa gratidão. Por isso, quando você se sente grato por algum serviço, ou produto adquirido, você tem vontade de pagar o dobro do valor. No futuro, os seres humanos, por estarem despertos, irão entender isso e não haverá mais a necessidade de dinheiro. Cada ser humano neste planeta será um sol oferecendo sua manifestação e recebendo a manifestação dos outros seres sem necessidade de cobrar ou pagar por isso. O simples sentimento de gratidão será o pagamento. O simples compromisso de cada um em oferecer o seu melhor será a base de todo o sistema sócio-econômico da sociedade humana.
Praticando auto-observação existencial, e através dessa prática, despertando a consciência para sua existência, para a natureza da sua realidade e para o processo através do qual você está constantemente criando sua realidade.
Da mesma forma que esse texto está aparecendo no seu WhatsApp. O outro se manifesta, você recebe a manifestação do outro, decodifica essa manifestação com seu sistema humano e experimenta essa manifestação decodificada em si.
Tudo que surge, desaparece. Ser não surge, nem desaparece, ser existe. O que surge e desaparece não existe, acontece. Tudo que você experimenta e chama de realidade não existe, acontece, pois surge e desaparece. Agora, observe que tudo surge e desaparece em um lugar. Esse lugar onde tudo surge e desaparece também surge e desaparece? Não! Esse lugar é permanente. Que lugar é esse? Esse lugar é você-ser, você-existência.
Para isso não precisa despertar a consciência, basta usar um revólver.
Se é difícil sair do equívoco do Bicho Papão, que dirá do equívoco do Deusoutro. Deus é o maior tabu humano. Ao despertar para Deus-eu você mata o Deusoutro. Que pecado pode ser pior? Que heresia pode ser maior? Também passei por essa fase de profunda angústia. É normal passar por aí sim. Todo ser humano com mentalidade materialista fica se debatendo nessa angústia enquanto procura a porta de saída da mentalidade materialista. O livro Deus Da Cara Preta é a maçaneta da porta. Logo você irá girar a maçaneta e começará a sair. Quanto mais sair, menos angustia existencial. Sua briga com Deus é uma lagarta no casulo se transformando em borboleta. Imagina a intensidade do processo bioquímico que acontece dentro de um casulo para transformar uma lagarta em borboleta. Sua angústia é isso, bioquímica do despertar existencial. Tem gente que lê o livro Deus da Cara Preta e ainda consegue dormir. Não entendeu nada! Você teve insônia e ficou angustiado, é sinal que entendeu. Mais para frente, com a prática da autociência, essa angustia terá completado seu propósito de transformá-lo em borboleta e você sairá voando pelo bem viver.
Sim, tudo que você está vendo agora e sempre é virtual. Olhe para um objeto. Note que é um objeto tridimensional com altura, largura e profundidade. De onde vem altura, largura e profundidade? Faz parte da estrutura do universo? O universo é tridimensional? Não! O universo é adimensional. O universo não tem dimensão nenhuma. Altura, largura e profundidade são construções mentais humanas para você conseguir lidar de forma humana com os estímulos adimensionais que chegam até você. Não entendeu? Muito abstrato? Calma! Para facilitar o entendimento, vou explicar fazendo uma analogia. Pense na internet. Você está pesquisando um site para comprar um sapato. Você clica e aparece um sapato azul na tela do seu navegador. Esse sapato azul tridimensional que você está vendo na tela, com altura, largura e profundidade, saiu da loja, percorreu o fio da internet e chegou na tela do seu navegador? Claro que não! O sapato é virtual. O que saiu da loja e chegou no seu navegador foram sinais de internet e não o sapato. O sinal da internet é feito de impulsos. Impulsos não tem altura, nem largura, nem profundidade. Impulsos são adimensionais. O que está criando um sapato tridimensional na tela do seu computador é a decodificação que seu computador está fazendo dos impulsos. O mesmo acontece com essa realidade que você está experimentando agora e sempre. Ela é sua decodificação humana e dimensional de impulsos adimensionais. Ou seja, é uma realidade virtual.
A resposta é ambos e simultaneamente. Vou pegar eu e você de exemplo. Você não está me experimentando enquanto ser. Isso é impossível. Você está experimentando minha manifestação decodificada pelo seu sistema de decodificação. Essa manifestação decodificada é o que você chama de Ferrari e entende como sendo eu. Esse Ferrari dentro de você é o seu Ferrari. Minha mãe experimenta o Ferrari dela. Minha esposa experimenta o Ferrari dela. Meu cachorro experimenta o Ferrari dele. O pernilongo experimenta o Ferrari dele. Até eu experimento um Ferrari diferente de todos os outros. Então, existem tantos Ferraris como seres que convivem comigo. Qual é o Ferrari verdadeiro? Todos e nenhum! Cada Ferrari é verdadeiramente a experiência que aquele ser está tendo e que ele chama de Ferrari. Só que nenhum desses Ferraris, nem mesmo o meu próprio, sou eu. Eu sou um ser. Eu existo. Eu sou uma fábrica de realidade. Eu sou a causa sem a qual nenhum desses Ferraris seriam efeito, nem mesmo o meu Ferrari.
A função da 1ficina não é lhe dizer como você deve viver. A função da 1ficina é lhe explicar o que é viver. Como você opta viver é seu arbítrio. Você decide.
Os personagens do seu sonho desaparecem, mas você, sonhador, permanece. Você, sonhador, existe antes do sonho começar e continua existindo depois que o sonho acaba. O mesmo acontece com você-ser. Sua realidade surge e desaparece em você-ser a todo instante, igual em um sonho, e você-ser está sempre presente, igual o sonhador. Só que em relação ao sonho, você não ignora que você é o sonhador, o criador do sonho. Mas em relação à realidade dita material, você ignora essa obviedade, você acredita que o criador não é você mesmo, é deus.
Você é a causa primária da sua realidade, então, você é Deus Causa Primária. A ideia de um ser supremo separado e além de todos os seres do universo é exatamente a ideia de Deusoutro. Deus é o coletivo dos seres e não um ser absoluto. Cardume é o coletivo de peixe. Existe cardume? Não! Existe a coletividade dos peixes que recebe o nome de cardume. Mas é só nomenclatura. Cardume só existe como conceito para representar o coletivo de peixes. O mesmo com Deus. Deus é o coletivo de seres (D-eus). Existe Deus? Não! Existe a coletividade de seres que recebe o nome de Deus. Mas é só nomenclatura. Deus só existe como conceito para representar o coletivo de seres. Deus é cardume.
Essa realidade que você está experimentando agora e sempre é feita de quê? Se você usar a lógica científica para responder, sua resposta será: “A realidade é feita de matéria”. Daí eu te pergunto: “Do que a matéria é feita?”. Se você continuar usando a lógica científica, você não terá como responder, pois a ciência não sabe do que a matéria é feita, a ciência sabe apenas como a matéria se comporta. Por exemplo, a lógica científica sabe que água vira gelo quando resfriada e vira vapor quando aquecida, mas, em última instância, não sabe do que água é feita. Mas se eu te perguntar do que a realidade é feita e você usar a lógica autocientífica para responder, sua resposta será: “Realidade é feita de experiência”. Daí eu te pergunto: “Experiência é feita de que?”. Sendo que experiência é uma criação mental dentro de você, para responder essa pergunta, você tem que investigar a natureza dessa sua criação mental. Então, finalmente, respondendo sua pergunta: investigar a natureza da sua realidade é investigar a natureza dessa criação mental constante e ininterrupta que você chama de realidade.
A palavra religião vem do latim: religare. Religare significa religar. Tem duas coisas interessantes nesse entendimento. A primeira é que religar é verbo. Então, religião não é teoria, é verbo, é prática. A segunda é que você só pode se religar a algo do qual está desligado. E do que você está desligado? Você está desligado de si, da sua unicidade. Na 1ficina, esse desligamento recebe o nome de “outroísmo”. Você se desliga de si toda vez que vive outroísta. Por exemplo, você acha isso certo, mas sua sociedade, seus familiares e seus amigos, acham isso errado. Para ficar igual aos outros, você se obriga a concordar com o que não concorda, se obriga a viver sendo outro (outroísta). Toda vez que você faz isso, você se desliga um pouco mais de si. E pior! Você reforça sua programação mental outroísta. Religião é a prática de se desligar do outroísmo e se religar em si (autoísmo).
Muda sua forma de viver. Quando você acredita no deusoutro, você vive de forma vitimista. Afinal, se o criador da sua realidade é Deus, você é só uma vítima dele. Quando você está consciente que Deus é você, não tem mais espaço para o vitimismo, pois você sabe que a realidade que está experimentando é criação sua.
Teve uma época que eu participei de um grupo de poetas que ministrava uma oficina de literatura em um centro cultural. Basicamente pedíamos para os participantes escreverem redações. Quando era minha vez de coordenar, eu deixava o tema livre. Passava uma folha em branco e pedia para que escrevessem sobre o que quisessem. Ninguém escrevia nada. Era impressionante. Ficava todo mundo travado olhando para folha em branco. Daí eu encaixotava eles num tema. Dizia, por exemplo: “Escrevam sobre a amizade”. Pronto! Uma vez encaixotados, começavam a escrever. O ser humano não tem medo de ser Deus, tem medo de ser autônomo, autor da sua própria redação. O ser humano troca sua liberdade de criador por segurança. É mais seguro escrever dentro da caixa, escrever a redação que lhe dizem para escrever e não sua própria. O ser humano não tem medo de ser Deus, tem medo de ser deus ao máximo. O ser humano é um deus mendigo, um deus que morre de fome em um universo que é um banquete de possibilidades. O ser humano é um Deus que prefere a mediocridade do que dar um passo para fora do conhecido, do certo, do conforto, do seguro.
Porque o despertar existencial faz sua busca espiritual entrar em colapso total. Sua busca espiritual fica sem sentido. Que sentido tem você buscar deus quando você descobre que Deus é você? Para onde você vai evoluir se você não tem como sair de si? Que êxtase, que experiência transcendente você pode ter, se toda experiência é imanente?
Porque realidade é efeito. Efeito é desdobramento da causa. A causa da sua realidade é seu arbítrio. Logo, não é a aleatoriedade.
Tudo que você acredita é você acreditando. Tudo que você não-acredita também é você acreditando, só que no oposto. O crente (teísta) acredita que deus existe, o ateu acredita no oposto, que deus não existe. A diferença é apenas o tipo de crença acreditada. Quando você acredita que deus existe, você está acreditando na crença: deus existe. Quando você acredita que deus não existe, você está acreditando na crença: deus não existe. Mudar de crença não faz com que você deixe de ser um crente. Eis porque ateus também são crentes.
Essa palavra é uma pedagogia para explicar o equívoco do deusoutro. Deus é o coletivo dos seres e não um ser absoluto (deusoutro). Cardume é o coletivo de peixe. Existe cardume? Não! Existe a coletividade dos peixes que recebe o nome de cardume. Mas é só nomenclatura. Cardume só existe como conceito para representar o coletivo de peixes. O mesmo com Deus. Deus é o coletivo de seres (d-eus). Existe Deus? Não! Existe a coletividade de seres que recebe o nome de Deus. Mas é só nomenclatura. Deus só existe como conceito para representar o coletivo de seres. Deus é cardume.
Porque despertar existencial não é sentir, é estar consciente que a realidade externa não é externa, é apenas experiência de externalidade. Você fica consciente disso, mas a experiência de externalidade continua acontecendo, tal e qual, sem tirar nem por, igualzinha como era antes. Só que isso é tão simples que você começa a duvidar: “Não pode ser só isso. Não mudou nada. Está igual antes. Tem que ter alguma coisa a mais. Não sinto que sou deus. Cadê o êxtase? Cadê a porra toda? Eu quero a porra toda!”.
Verdade é uma crença que você acredita ser verdadeira. Realidade é o que você está experimentando agora e sempre. Existência é você-ser, experimentador da sua realidade.
Essa crença inverte seu entendimento sobre a criação da realidade te colocando na posição de vítima. — MENTALIDADE VITIMISTA: Existe vida. A vida me cria. Logo, sou produto da vida. Logo, sou efeito. Logo, sou vítima. — MENTALIDADE RESPONSÁVEL: Existe viver. Meu viver cria a vida. Logo, sou produtor da vida. Logo, vida é produto do meu viver. Logo, sou causa. Logo, sou responsável.
Primeiro que é um equívoco. Depois, não tem paz dentro da mentalidade materialista, só tem medo. Viver acreditando que você é um espermatozoide em evolução, é angustiante. O espermatozoide pira! Mesmo que você seja um espermatozoide que acredita em deusoutro, mesmo que você seja o mais fervoroso dos crentes, é um inferno, porque acreditar não é certeza e você sabe disso. E para fugir do medo, para viver em paz, o que o espermatozoide faz? Cerveja, pinga, maconha, Rivotril, chocolate, chocolate, Netflix, trabalho, trabalho, sexo, punheta, política, religião, Facebook, outra cerveja, casamento, filhos, muitos filhos, enfim, qualquer coisa que adormeça a consciência. Ah! Cigarro, muito cigarro, para morrer logo e dar fim ao sofrimento.
Para alguém que me diga que Deus é outro, eu digo: me prova. Para alguém que duvide que é Deus, eu digo: se prove. (Se prove = se auto-observe). Daí sim tem solução, pois você retira a questão do campo da crença e traz para o campo da ciência e da autociência.
Sentimento de perplexidade. É espantoso ver como o equívoco do materialismo é sutil e por isso muito difícil de despertar.
Ligue seu aparelho de som e coloque uma música para tocar. Quem está criando a música? Você dirá convicto que é o aparelho de som. Mas isso é um equívoco. Quem está criando a música é você, ouvinte, o aparelho de som está apenas produzindo estímulos, impulsos, frequências. Não tem nenhuma música saindo do alto-falante do aparelho de som, tem apenas vibração sonora. Quem está produzindo a música é a sua cabeça. Como? Através do processo mental de decodificação dos impulsos sonoros que saem da caixa de som e chegam até seus ouvidos.
Quem cria a música é o ouvinte, ou seja, o observador do som. O mesmo acontece com a matéria. Quem cria a matéria é você-observador. O que você chama de matéria é sua decodificação humana de impulsos. Quando um impulso chega em você, você o decodifica usando 5 bases sensoriais: audição, tato, olfato, paladar e visão. Esse processo de decodificação produz dentro de você um objeto que você chama de físico, material.
Observe um objeto. Qualquer objeto. Do que esse objeto é feito? É feito de dureza e temperatura. Isso é tato. É feito de largura, altura, profundidade e cor. Isso é visão. É feito de sabor doce. Isso é paladar. É feito de cheiro azedo. Isso é olfato. É barulhento. Isso é audição. Então, do que esse objeto material é feito? É feito de experiência sensorial: audição, tato, olfato, paladar e visão. E quem está dando corpo sensorial a estímulos sem forma? É você!
Quem cria a matéria é o observador. Você é um observador, então, você é um criador de matéria. Você é um observador humano, então, você é um criador de matéria humana. Outros tipos de observadores criam outros tipos de matéria porque possuem outros tipos de sistemas de decodificação sensorial.
Você precisa saber quem inventou um jogo de videogame para jogá-lo. Não! É irrelevante. Você precisa saber quem inventou o celular para usá-lo. Não! É irrelevante. Você precisa saber quem inventou o chocolate para saboreá-lo. Não! É irrelevante. Da mesma forma, tanto faz quem inventou a experiência humana. Seja quem for, é irrelevante para você brincar a brincadeira. O inventor da experiência humana pode ter sido qualquer ser do universo, inclusive você, que inventou, entrou dentro da brincadeira e depois esqueceu disso. E mesmo que tenha sido você, saber disso também é irrelevante para você brincar a brincadeira.
Imagine que você é um jogador de futebol. O que você usa para chutar a bola: o pé ou a perna? Você usa tanto o pé como a perna, não é? Até porque o pé faz parte da perna. Analogamente, quem está criando sua realidade é você-ser, mas através do humano e do fulano. Só ser, sem o humano, não tem como criar realidade, seria como um pintor sem tinta. Ser humano, sem fulano, também não tem como criar realidade, seria como um pintor com muitas tintas, mas com Alzheimer. Ou seja, incapaz de usar as tintas.
Sim, totalmente. Porém, é um tiro no pé, pois é impossível fugir da responsabilidade. Até para fugir da responsabilidade você precisa optar por isso e optar é você executando sua responsabilidade. Fugir da responsabilidade é tipo você gritando: “Eu sou mudo!”.
Você está conversando comigo através do celular. Minha imagem está aparecendo no vídeo do seu celular e minha voz está saindo no alto-falante. Sendo assim, pergunto: eu estou dentro do seu celular? Sim e não. Sim, porque você está me vendo no seu celular. E não, porque o que você está vendo é uma construção virtual de mim e não eu. Analogamente, o mesmo acontece quando você interage com os outros seres. A existência dos outros seres não está dentro de você, mas a construção mental que você faz deles, sim.
Um dos motivos é justamente sua ignorância de que é você que cria seu sofrimento. Tem outros motivos. Estudaremos todos em breve. Mas sua pergunta tem uma lógica implícita muito interessante de observar. Você aceita que deusoutro crie sofrimento para você, mas não aceita que você mesmo crie sofrimento para você. Não deveria ser o oposto?
De alguma forma surgiu por uma decisão sua. Por exemplo, você decide fazer uma viagem. Você decide não dirigir. Você decide comprar uma passagem e ir de ônibus. O motorista cachaceiro dorme de volante, bate o ônibus e você quebra a perna. O que você faz? ( A ) Assume sua culpa pela perna quebrada, uma vez que foi você que decidiu viajar de ônibus. ( B ) Desconsidera sua decisão em viajar de ônibus e coloca toda a culpa no motorista cachaceiro que dormiu no volante. Esclareceu?
Quando digo que você é Deus, não estou dizendo que você é o criador absoluto de todas as realidades do universo. Você é o criador da sua realidade e apenas da sua. O criador da realidade do outro é o outro. O universo é a coletividade dos seres. Cada ser no universo é um Deus, criador da própria realidade. Você é um ser, então, você é um Deus entre os infinitos Deuses do universo. Você não é onipresente, você é autopresente, você está em toda sua realidade. Você não é onipotente, você é autopotente, você controla sua realidade. Você não é onisciente, você é autociente, você é consciente da sua realidade.
Você está buscando provar que é vítima. “Tá vendo! Eu sou uma vítima! Tem obrigação sim, não é escolha minha!”. Eu honro sua busca. Também não me dobrei até comprovar o contrário. O vitimismo não morre nem que Deus chegue na sua orelha e te fale que você está equivocado. Só morre quando você desperta a consciência. Dito isso, vamos supor que você consiga provar que é vítima. Para quem você estaria provando? Para Deus? “Olha aqui, Deus, sou uma vítima sua, eis aqui a prova”. Ou então, para os outros? “Olha aqui, povo, somos vítimas da vida, do universo e da porra toda, eis aqui a prova”. Para mim? “Você está errado cara, eu sou uma vítima”. Enfim, para quem você quer provar que é vítima? E para quê?
Não sou ateu, nem crente, sou consciente. Para mim Deus não é crença, é ciência. Sou ciente do que é Deus. Só existe crença em estado de ignorância, quando se é ciente de algo, a ciência substitui a crença. Um cego ignora as cores, então, só lhe resta acreditar. Quando você enxerga as cores, não precisa acreditar, você é ciente das cores. Sou ciente do que é Deus. Deus para mim é evidente. Deus é o que eu sou, você é, todos somos. Deus é a coletividade dos seres. Mas não adianta eu lhe dizer isso quando você não sabe isso por si mesmo, quando não é óbvio para você, quando não tem esse autoconhecimento. É igual explicar cor para cego. Quando digo que eu sou Deus, que você é Deus, que todos os seres são Deus, não estou me referindo a minha pessoa, nem a sua, nem de ninguém. Estou me referindo ao que é anterior ao tempo e ao espaço. Estou me referindo a causa de tudo que existe no tempo e no espaço. Estou me referindo a minha existência eterna.
A explicação sobre deus-eu não visa matar Deus, visa matar o deusoutro, é diferente. Nesse sentido, a 1ficina ressuscita Deus. Quem mata Deus é a religião, ou melhor, os religiosos.
Sei e não tenho como deixar de saber. Seria imprudência minha falar sobre criação de realidade se não soubesse. Deus sou eu. Deus é você. Deus é a coletividade dos seres.