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É impossível viver em paz acreditando que Deus é outro. Nem Deus conseguiria. Como viver em paz se a qualquer instante um estranho, todo poderoso, criador do céu e da terra, pode fazer o que quiser com o céu e a terra? Pode destruir com um sopro tudo que você construiu com sangue, suor e lágrimas? Pode matar você sem dó nem piedade? Pode pintar você de preto e te bater com um chicote até suas costas ficarem em carne viva? Pode levar você para tomar banho em uma câmara de gás?

É impossível viver em paz acreditando que Deus é outro, porque essa crença é justamente a causa do seu pânico. Você morre de medo de viver, porque vive com medo de Deus. A qualquer instante, o imprevisível e desconhecido Deus, pode pegar você. A trilha sonora do seu relacionamento com Deus é: “Deeeus, Deeeus, Deeeus, Deus da cara preta…”.

Você até tenta se prevenir das chifradas. Você acredita que se não der sopa para o azar, ou seja, para Deus, o azar, ou seja, Deus, não tem como pegar você. Só que pega. Você viaja de ônibus para evitar que Deus derrube seu avião, mas Deus te passa uma rasteira no casamento, ou puxa seu tapete no emprego. Nada resolve seu problema com Deus, porque seu problema não é com Deus, mas com sua crença de que Deus é outro. Deus não é outro. Deus é você.

Simbolismos religiosos são o apogeu da arte humana, provavelmente produzidos pelos seres humanos mais talentosos e lúcidos que viveram em cada época e cultura. Quem pintou a Capela Sistina, por exemplo, não foi um pintor qualquer, foi Michelangelo. O problema é confundir arte com história. Adão não comeu uma maçã, nem foi expulso de um jardim. Simbolismo não é jornalismo. Simbolismo é arte, é metáfora.

As histórias contadas pelas tradições religiosas são como poesia. Todo símbolo religioso fala de você para você. Aliás, não tem outra coisa para o ser humano falar senão do ser humano. Não tem outro assunto. É só disso que o ser humano consegue falar o tempo todo, pois o ser humano está condenado ao ponto de vista humano.

A prática da autociência não diminui, nem retira a beleza das religiões, amplia. O que retira e diminui a beleza das religiões são os religiosos que repetem uma tradição simbólica acreditando que é factual. Símbolos religiosos são como cartas. Religiosos são adoradores de envelopes, idolatram cartas que nunca abriram e nunca leram. Autocientistas abrem as cartas, por isso entendem os simbolismos religiões melhores que os religiosos.

Imagine que você foi criado em uma sociedade que acredita que um homem gordo e barbudo, chamado Papai Noel, desce pela chaminé da sua casa e lhe traz presentes durante a noite do dia 24 de dezembro, mas você desconfia dessa história.

— Nós moramos em um apartamento, não tem chaminé aqui, como o Papai Noel entra em casa? — você questiona seu pai.

— Ele entra pela janela — seu pai responde.

— São milhões de crianças no mundo, como o Papai Noel consegue entrar em todas as casas em uma noite só? — você pergunta.

— O trenó dele é turbinado e anda na velocidade da luz — seu pai responde.

— São muitos presentes para entregar, como o Papai Noel carrega tudo em um trenó só? — você pergunta.

— Papai Noel tem um saco gigante que cabe tudo — seu pai responde.

Você conversa com seus amigos e todos repetem as mesmas crenças. Você suspeitaria que Papai Noel é uma farsa? E mesmo que suspeitasse, iria querer ser excluído por duvidar de algo que todos acreditam? Troque “Papai Noel” por “Papai do Céu”.

Eis o motivo da sua crença.

Manoel viajou para o Brasil e pediu para Joaquim cuidar da casa dele em Portugal. Passado um mês, chega uma carta do Joaquim: “Manoel, seu gato morreu”.

Manoel respondeu prontamente: “Isso é jeito de dar notícia, Joaquim?! Você quase me mata do coração! Vou te ensinar. Você precisa preparar a pessoa antes de contar o que aconteceu. Por exemplo, primeiro você me envia uma carta dizendo: Manoel, seu gato subiu no telhado. Passado uma semana, você me envia outra carta: Manoel, seu gato está andando no telhado. Passado outra semana, você me envia outra carta: Manoel, seu gato caiu do telhado. Então, passado um mês, você me conta: Manoel, seu gato morreu”.

Dois meses depois, chega outra carta do Joaquim: “Manoel, sua mãe subiu no telhado”.

Deus também subiu no telhado. Só que assim como na piada do Manoel, você ainda não está preparado para entender que Deus é você. É muito traumático assumir uma existência e uma responsabilidade que você passou a vida inteira empurrando para Deus. É mais traumático do que descobrir que não foi a cegonha que te trouxe ou que Papai Noel é seu pai vestido de pijama vermelho. Então, como na piada do Manoel, você está atualmente se enviando cartas preparatórias. Essa aqui é uma delas.

Você se questiona sobre terra plana, sobre o uso excessivo de uvas passas no arroz, sobre a arbitragem do jogo do Corinthians e até sobre as propriedades fitoterápicas do caroço de abacate, mas nunca se questiona sobre o todo poderoso que, por amor, te faz comer o pão que o diabo amassou.

Quando você, excepcionalmente, se questiona sobre Deus, acaba caindo em alguma doutrina religiosa que lhe convence que seu criador não deve ser questionado. Como se Deus fosse se ofender com uma pergunta ou fosse incapaz de respondê-la.

Deus é o maior tabu humano. E não é só um tabu religioso, é um tabu científico também. Por isso que este estudo não é religioso, nem científico, é autocientífico. A ciência tradicional é praticada através da observação e produz conhecimento. Autociência é praticada através da auto-observação e produz autoconhecimento.

Para que o descrito aqui se torne evidente para você e não fique apenas como crença, é imprescindível que você comprove através da auto-observação. Não fique apenas na teoria. Enquanto você não despertar para si mesmo, Deus continuará sendo um tabu para você.

Imagine que você fosse o único ser humano do planeta. Sendo assim, não existiria cultura no planeta. Todo seu entendimento seria seu, só seu, autoral. Não existiria outro ser humano para educá-lo em nada. Não existiria religião. Não existiria ciência. Todo seu entendimento seria fruto do seu próprio entendimento. Mesmo assim, inevitavelmente, você iria produzir um entendimento sobre Deus. Por que inevitavelmente? Porque inevitavelmente você se questionaria sobre a fábrica da realidade. Quando você vê uma fruta, você se pergunta: “É fruta de que pé?” Você faz esta pergunta, porque fruta é produto e você está procurando a fábrica da fruta. Por você experimentar uma realidade, você faz uma pergunta similar: Qual é a fábrica da realidade? É assim que você chega ao entendimento de Deus. Deus é a fábrica implícita, da realidade explícita, que você está constantemente experimentando.

Quando você se pergunta, “Quem está criando essa realidade?”, você já está assumindo que o criador da sua realidade não é você, pois se você se entendesse como criador da sua realidade, você não faria a pergunta. Uma vez que você assume que o criador da sua realidade não é você, então, é outro. Quem está criando essa realidade é outro. O criador dessa realidade é outro. A fábrica desta realidade é outro. Quem é esse outro? É Deus. É assim que surge o Deus outro. E mesmo nas tradições espiritualistas, onde se afirma que você é apenas consciência assistindo a realidade, se a realidade que você está assistindo está sendo criada, quem está criando? Se o criador não é você, é outro. Então, mesmo nas tradições espiritualistas, Deus é outro também.

“Meu ser”, “minha alma”, “minha mente”, “minha consciência”, “meu eu superior” é você terceirizando a si mesmo. Você não tem um ser, você existe. Você não tem uma alma, você vive. Você não tem uma mente, você pensa. Você não tem uma consciência, você sabe. Você não tem um eu superior, você é Deus (criador da sua realidade). Tudo que você supõe e acredita ser transcendente, é imanente. É você sendo você. Transcendência é um equívoco. Deus é você se olhando no espelho e acreditando que sua imagem está olhando para você.

Deus não é outro. Deus é você. Mas o que muda do Deus-outro para o Deus-eu? O que muda é a qualidade consciencial com que você faz o que sempre faz: criar realidade. Você sempre foi, é, e será, criador da sua realidade. Isso é o que garante que você possa experimentar sempre o tipo de realidade que deseja experimentar. A crença de que Deus é outro, não lhe impede de ser Deus, criador da sua realidade, apenas lhe faz ser Deus inconsciente. Despertar para o fato de que você é Deus, é apenas uma mudança consciencial na forma de fazer o que você sempre faz: criar sua realidade. Você apenas deixa a brincadeira da criação inconsciente, ou seja, Deus inconsciente, para entrar na brincadeira de criação consciente, ou seja, Deus consciente.

O argumento que lhe convence que Deus é outro, é assim: “Se eu fosse Deus, então, eu seria o criador de tudo. Mas isso é um absurdo, pois não estou criando essa árvore, as flores, o sol, a rua, a casa, as pessoas, os carros, etc. Eu não estou criando o universo. Como posso ser Deus? Absurdo! Deus não sou eu!”. A todo instante você está reforçando esta lógica, e consequentemente, reforçando a mentalidade de que Deus é outro. Como sair dessa mentalidade? Só tem um jeito. Investigando a natureza da sua realidade através da auto-observação e dando a si mesmo a evidência de que realidade é criação mental “dentro” de você. Despertar para o fato de que você é o criador da sua realidade é como despertar para o entendimento de que você é o sonho e também o sonhador. A virtualidade de um sonho é análoga à virtualidade da sua realidade. Em um sonho, você toca as coisas, sente sabores, vê cores, conversa com pessoas, tem gravidade, peso, tempo de deslocamento, tudo como se fosse realidade, física e externa, mas nada em um sonho é material, nem está “do lado de fora”. Tudo em um sonho é feito de sonho e está “dentro” de você. Analogamente, é assim que sua realidade está “dentro” de você.

Para brincar de criação inconsciente é preciso estar inconsciente. É por isso que até aqui você esteve inconsciente sobre o fato de que você é o criador da sua realidade. Você queria experimentar como é viver acreditando que Deus é outro, que a realidade é caótica, aleatória e sem proposito. Você também queria experimentar o sentimento de ser vítima das circunstâncias, vítima da vida, vítima das fatalidades, vítima de Deus. E você brincou muito dessa brincadeira. Mas sendo que está lendo esse livro. E mais do que lendo, criando este livro na sua realidade. Isso indica que está interessado em mudar de brincadeira. O caminho para a mudança é praticar auto-observação. O vídeo a seguir é para lhe ajudar com a prática da auto-observação.

Acreditar em Deus não resolve, pelo contrário, cria e perpetua o problema. Quando você acredita em Deus, você está supondo que a causa da realidade que você está experimentando transcende você, está além de você, não é você. Causa transcendente pode ter vários nomes, religiosos, místicos, filosóficos e científicos. Tenha o nome que tiver, quando você acredita em causa transcendente, sua crença é a mesma: “Eu não sou a causa da realidade que estou experimentando”.

O problema de acreditar em causa transcendente é que realidade é efeito imanente. Imanência é o oposto de transcendência. Imanente é inerente (em si). Se a causa da realidade que você está experimentando não é você, se transcende você, o efeito deveria transcender também. Ou seja, quem deveria estar experimentando a realidade que você está experimentando é o suposto causador transcendente e não você. Porém, o suposto causador transcendente dá uma martelada no seu dedão, mas quem experimenta a martelada é você.

Causa transcendente, efeito imanente. Esse é um dos problemas de acreditar em Deus, a realidade que você está experimentando fica parecendo injusta. Outro problema é que, mesmo que sua realidade seja indesejada, você não tem outra opção senão aceitá-la, pois o causador da sua realidade não é você.

A solução não é você se tornar ateu. Ateísmo também é acreditar em causa transcendente. A solução é despertar a consciência e evidenciar o óbvio: “Eu sou a causa da realidade que estou experimentando”. Causa imanente, efeito imanente. Problema resolvido.

Depois de intenso contato diplomático com a NASA e com o Vaticano, finalmente Deus concordou em dar uma entrevista no talkshow da ONU. O entrevistador foi selecionado através de um rigoroso teste de QI. O primeiro colocado foi um homem chamado Adão. No dia zero de zerozembro, as zero horas, a entrevista começou.

— O que é você? — Adão perguntou para Deus.
— Antes me diga o que é você? — Deus respondeu.
— Eu perguntei primeiro! — disse Adão.
— Sim, mas se você não souber o que é você…
— Qual é o problema? — perguntou Adão.
— Minha resposta não fará sentido! — disse Deus.
— E se eu souber? — perguntou Adão.
— Sua pergunta não fará sentido!

— De onde você vem? — Adão perguntou para Deus.
— Antes me diga de onde você vem? — Deus respondeu.
— Eu perguntei primeiro! — disse Adão.
— Sim, mas se você não souber de onde você vem…
— Qual é o problema? — perguntou Adão.
— Minha resposta não fará sentido! — disse Deus.
— E se eu souber? — perguntou Adão.
— Sua pergunta não fará sentido!

— Por que você existe? — Adão perguntou para Deus.
— Antes me diga por que você existe? — Deus respondeu.
— Eu perguntei primeiro! — disse Adão.
— Sim, mas se você não souber porque você existe…
— Qual é o problema? — perguntou Adão.
— Minha resposta não fará sentido! — disse Deus.
— E se eu souber? — perguntou Adão.
— Sua pergunta não fará sentido!

— Mais alguma pergunta? — disse Deus.
— Não! — disse Adão, para evitar ouvir a mesma ladainha.
— Então, vou embora! — disse Deus.
— Para onde você vai? — perguntou Adão.
— Antes me diga para onde você vai?
— Ok, já entendi! — disse Adão.

A raiva que você sente de Deus é justa, natural e saudável. Como não sentir raiva de um sádico que te dá a vida só para te matar aos poucos? Que destrói num instante tudo que você demorou tanto para construir? Que permite que sua criação perfeita seja um campo fértil de violência, injustiça e crueldade? Que te fode da gênese ao apocalipse e ainda exige que você o ame acima de todas as coisas com pena de queimar no inferno? Sentir raiva de Deus é o mínimo! Revolta é pouco! Só que você não dá um piu. Você quer esfregar a fuça de Deus na merda que ele faz na sua vida. Mas o que você faz? Você reprime sua raiva, reza o pai nosso e engole o pão bolorento de cada dia. Embora sua intenção seja positiva, reprimir sua raiva não produz bem viver, pelo contrário, produz úlceras, tumores e outras doenças psicossomáticas que você acrescenta na conta de Deus. Para sair desse círculo vicioso, o primeiro passo é você assumir sua raiva e mandar Deus a merda. Pagar de santo não é santidade. Fingir que está tudo bem só faz mal. Se você ainda não está consciente que Deus é você mesmo e que seu arbítrio é o fiat lux da sua realidade, não adianta fingir que está. Não é reprimindo sua raiva que você desperta a consciência, é trazendo sua raiva ao consciente. Despertar é o que vem depois do sono. Solução é o que vem depois do problema. Êxito é o que vem depois do desafio. Paz é o que vem depois da guerra. Para fazer as pazes com Deus, primeiro permita-se odiá-lo.

Primeiro você acreditou que coisas são coisas, físicas, sólidas, externas, etc. Depois, alguém te contou que o criador de todas as coisas era um cara chamado Deus. Daí, seus pais te colocaram no catecismo. Você indagou sobre Deus e a professora de catecismo usou a palavra “onipotente”. Você não entendeu o significado e um colega de catecismo, fã dos filmes da Marvel, te explicou que ninguém ganhava de Deus, nem o maior dos vilões: o Mala Man. Na aula seguinte, a professora de catecismo passou uma oração que dizia: “Deus, livrai-nos do Mala Man!”. Sua vida não era fácil. A cada esquina havia sempre a possibilidade de um ataque do Mala Man. Você pensou: “Como convenço Deus a me livrar do Mala Man?”. Após ouvir muitas respostas, você entendeu que deveria ser obediente e jamais desagradar Deus. E foi assim que você se tornou temente a Deus. Só que seu temor a Deus se tornou pior que seu temor do Mala Man. Ou seja, você começou a acreditar em Deus para resolver um problema e acabou com dois. Para resolver ambos, é simples, pratique autociência e descubra que Deus e o Mala Man é você mesmo.

Eu sou você em pessoa. Aliás, em pessoas, por isso você é diferente. Se você fosse igual, eu não seria deus, seria uma máquina de xerox. Um é impar. Eu não sei repetir. Nem desejo. Eu quero é experimentar todas as possibilidades de ser você. Eu quero ser você gordo, magro, forte, fraco e narigudo. Eu quero ser você loiro, ruivo, preto, amarelo e cor de rosa. Eu quero ter pé chato e unha encravada. Quero falar japonês, fazer gol no maracanã, passar pelos canais de Veneza, comer neve no Canadá, mascar folhas de coca em Cusco, assistir à missa do galo, ouvir fado e bater macumba. Eu quero ser você rico, pobre e classe média. Quero ser você na Disneylândia e no Boqueirão. Eu quero ser você tomando café em cama de hotel, mas também quero revirar lata de lixo.

Eu quero ser você lendo Aristóteles na poltrona da universidade e lendo Turma da Mônica na poltrona do banheiro. Eu quero ser você estudando, aprendendo, descobrindo e revelando o universo, mas também quero ser você coçando o saco, fumando maconha e tirando onda. Eu quero ser você advogado, manicure, taxista, padeiro, médico, motoboy, padre, cientista, agricultor, prostituta, veterinário e jogador de basquete. Eu quero ser você tendo filhos e sendo filho. Quero ser você deitado em colo de mãe e ouvindo conselho de pai. Eu quero ser você na fila do banco, reclamando da roleta, do governo, do sistema, da humanidade, do destino e de mim. Eu quero ser você compondo a décima sinfonia de Beethoven e o bonde do Tigrão. Quero ser você contando piada, jogando tomate no humorista e mijando de rir. Quero ser você pintando a Capela Sistina e os muros da Avenida Rebouças.

Eu quero ser você roubando e sendo roubado, torturando e sendo torturado, oprimindo e sendo oprimido, errando, se arrependendo, perdoando e corrigindo. Eu quero ser você pensando na morte e sentindo medo, quero ser você pensando na vida e sentindo medo. Quero ser você escrevendo sua história, lendo sua história e virando a página para escrever novas histórias todos os dias. Eu quero ser você esquecendo de mim. Quero ser você ateu. Quero ser você me negando. Quero ser você construindo ciências, religiões, filosofias e brigando pelo óbvio. Quero ser você vivendo o extraordinário êxtase de me descobrir ordinariamente você mesmo.

Quer me amar? Ame a si mesmo. Você sou eu em pessoa. Quer me louvar? Louve a si mesmo. Você sou eu em pessoa. Quer me conhecer? Conheça a si mesmo. Você sou eu em pessoa. Quer que seja feita a minha vontade? Seja você ao máximo. Você sou eu em pessoa.

Tudo começa quando o despertador toca as 6:27 da manhã. Crianças acordam, apenas acordam. Adultos não. Adultos controlam o tempo. Adultos acordam as 6:27. E como se não bastasse, as 6:43, já sabem se vai chover na frança, que teve terremoto de escala 3,2 na china, que aumentou o preço da gasolina e também o que vai acontecer no próximo capítulo da novela.

Acha pouco! Das 6:43 as 6:57, enquanto você está tentando dar seu primeiro passo e articular seu primeiro gugu-dadá, os adulto já andaram pela casa inteira doze vezes, produziram palavras suficientes para cantar todas as músicas do Roberto Carlos, fritaram ovos, lhe deram mamadeira, vestiram e desvestiram suas roupas umas três vezes, escovaram os dentes, passaram fio dental, mijaram em pé. E mais incrível! Amarram o cadarço do sapato sem precisar fazer orelhinhas de coelho.

E o que você fez? Você babou. E nem foi baba voluntária. Diante sua total incompetência, e vendo os adultos fazerem tudo isso, com tanta certeza, rapidez e precisão, qual é sua conclusão? Os adultos sabem o que estão fazendo. É inevitável que você pense assim. Um ser que acorda exatamente as 6:27 da manhã, só pode saber o que está fazendo. Um ser que usa garfo e faca, que bebe leite no copo, e que sabe a cotação diária do dólar, com certeza absoluta sabe o significado da sua existência.

Este é seu primeiro e recorrente equívoco existencial. É este equivoco que lhe convence a atravessar toda a tediosa e desagradável burocracia que o leva ao diploma de adulto. Infinitas horas de caligrafia, tabuada e absorção de conhecimentos que vão muito além de garfo e faca. Tortura primária, média, fundamental, superior e pós-graduada. É uma missão impossível. Mas se você, por um milagre, consegue chegar vivo ao morro do calvário, daí você tem uma iluminação: Adultos, eu lhes perdoo, vocês não sabem o que fazem.

Seu equívoco fica evidente quando você se dá conta que é um adulto, registrado, carimbado, avaliado, mas não sabe o que está fazendo. E se sua iluminação é profunda, se é capaz de transcender tudo que você decorou para passar no vestibular, se é capaz de transcender todo catecismo, se é capaz de transcender toda ciência, se é capaz de transcender até René Descartes, então, você imediatamente entende que ninguém sabe o que está fazendo. E quando digo ninguém, é ninguém mesmo. Nem o papa, nem o presidente, nem anjos, nem os arcanjos, nem mesmo deus.

Você entende que todos estão apenas fazendo. Até porque, não tem outra coisa para fazer, senão fazer alguma coisa. A única diferença, é que uns estão fazendo o que querem, enquanto outros estão fazendo o que não querem, uns estão inventando impossibilidades, enquanto outros estão realizando o impossível, uns estão fazendo o que foram ensinados a fazer, enquanto outros estão fazendo o que se ensinaram a fazer, uns estão brigando com os outros, se obrigando e obrigando todos serem iguais, outros estão desfrutando uns aos outros, curtindo as diferenças complementares, uns são Deus acreditando que Deus sabe o que está fazendo, outros são Deus se Deuscobrindo.

PERGUNTAS

Quem trata do existencial no ocidente não é a filosofia, são as religiões. Os filósofos ocidentais são materialistas e têm alergia de religião, por isso deixam de lado o existencial e pulam para o psicológico e o social. Prova disso é que Nietzsche matou Deus.

Você é Deus, inevitavelmente, acreditando ou não. Agora, acreditar não é saber. Então, imagine que eu te conte que tem uma tela colorida na parede do meu escritório. Eu não estou mentindo. É fato. Tem mesmo. Mas enquanto você não comprovar por si, mesmo sendo um fato, para você será apenas uma crença. Analogamente, para mim, é óbvio que voce é Deus, que eu sou Deus, que cada ser é um Deus. Mas a explicação do óbvio não é o óbvio. Então, enquanto você não despertar a consciência existencial, minha explicação será apenas uma crença, igual à crença de que tem um quadro colorido na parede do meu escritório.

A 1ficina encara tudo de frente, cabeça erguida e olhando nos olhos. Dito isso. “Ema, ema, ema, cada um com seus problemas!”. O que outras escolas, mestres, instrutores, gurus dizem, não é problema da 1ficina. O trabalho da 1ficina se baseia apenas nas explicações da 1ficina. Esse tipo de pergunta é muito frequente, pois quando calouros chegam aqui, estão cheios de bagagens. São informações acumuladas de diversas escolas, tradições e culturas. Essas informações ficam martelando dia e noite dentro da cabeça. Além de serem um fardo, são conflitantes e estressantes. Uma informação briga com a outra. É um inferno. Nada encaixa em nada. Ao invés de solução, paz e felicidade, que foi o motivo de se acumular tanta bagagem, só aumenta o sofrimento. O motivo de nada se encaixar, não é que nada se encaixa, é que você está desencaixado de si. Quando você está encaixado em si, tudo se encaixa em você. Com consciência tudo se resolve. Então, a 1ficina simplesmente ignora suas bagagens e coloca você para praticar autociência, que a única forma de você se encaixar em si.

Através da prática da autociência. Qualquer um pode se tornar ciente de Deus, basta praticar autociência. Só que, embora seja simples, não é fácil, pois você nunca foi incentivado a procurar Deus em si, então, não sabe nem por onde começar. O primeiro passo é começar exatamente onde está, investigando a crença do deusoutro.

Da mesma forma que você explica a sua. Você sabe explicar a sua? Dito isso, perceba como a mentalidade vitimista luta para provar que é vítima. Essa pergunta é uma tentativa de defesa da posição de vítima. Agora, suponha que você consiga provar que você é vítima. Você estaria provando para quem? E por quê? Você quer ser vítima?

Fica direcionada a manifestação dos outros seres. Você se sente grato pela oferta que os outros estão lhe dando e você está experimentando em forma de realidade. O sol, por exemplo. Tem um ser se manifestando e que você está experimentando em forma de sol. Pense na sua conta de energia. Aqui em Minas Gerais a empresa de fornecimento de energia se chama CEMIG. Todo mês a CEMIG manda um boleto cobrando a taxa de fornecimento de energia. Todo mês precisa pagar o boleto senão a CEMIG corta o fornecimento. Agora, pense no sol. Todo dia tem sol. Desde que você nasceu tem sol. O sol ilumina e aquece sua realidade. O sol é fundamental para vida orgânica no planeta, o que inclui seu corpo. Pense nisso e me diga: alguma vez o ser que manifesta o sol mandou um boleto para sua casa? Claro que não! E por que não? Porque a manifestação do sol é uma oferta, não é um serviço. Sendo assim, será que o ser que está manifestando o sol não merece no mínimo, mas no mínimo mesmo, sua gratidão pelo que está manifestando.

Vou te contar uma eureka que tive assistindo um show do cantor e compositor Vander Lee. Eu estava assistindo um show dele no youtube e, de repente, eu me dei conta que não estava apenas assistindo um show no youtube, estava recebendo em minha realidade a manifestação de um ser em forma de show do Vander Lee. E não era uma manifestação comum, era uma manifestação preparada com muita dedicação e carinho. O ser do Vander Lee teve que desenvolver sua competência em cantar e compor por anos e anos até chegar ao ponto de oferecer aquele show como se fosse um banquete feito por um chefe de restaurante cinco estrelas. Cada nota, cada frase de suas canções eram o apogeu do seu talento sendo colocado dentro da minha realidade em forma de música. Naquele momento, não estava mais assistindo ao show do Vander Lee no youtube, estava em contato direto com a manifestação de um ser. Era como se aquele show fossem os raios de um sol musical atravessando a janela do youtube e chegando em mim. Meu coração se encheu de gratidão pela oferta do Vander Lee e comecei a chorar. Nenhum dinheiro no mundo era suficiente para pagar todos os anos de dedicação e trabalho duro de compositor que Vander Lee teve para me ofertar aquele show. E como foi que paguei a oferta do Vander Lee? Me comprometendo com o universo em oferecer o mesmo que estava recebendo. Eu estava recebendo o melhor da manifestação de um ser humano, então, me comprometi em sempre oferecer o meu melhor também.

No universo não se paga nada com dinheiro, se paga tudo com gratidão. Esse dinheiro que usamos na experiência humana, é apenas papel com tinta. O valor do dinheiro não está no dinheiro, está no que ele representa. E o que o dinheiro representa? Representa gratidão. Por isso, quando você se sente grato por algum serviço, ou produto adquirido, você tem vontade de pagar o dobro do valor. No futuro, os seres humanos, por estarem despertos, irão entender isso e não haverá mais a necessidade de dinheiro. Cada ser humano neste planeta será um sol oferecendo sua manifestação e recebendo a manifestação dos outros seres sem necessidade de cobrar ou pagar por isso. O simples sentimento de gratidão será o pagamento. O simples compromisso de cada um em oferecer o seu melhor será a base de todo o sistema sócio-econômico da sociedade humana.

Praticando auto-observação existencial e tendo um despertar existencial.

Para isso não precisa despertar a consciência, basta usar um revólver.

Só Deus existe, todo resto, acontece. Só que Deus não é um criador separado de você, igual o escultor é separado da escultura. Deus não é outro. Deus é você, imanente, igual o dançarino e a dança.

Tem uma história famosa de dois passageiros que sobreviveram a queda de um avião. Um deles nunca mais andou de avião. O outro continuou andando de avião normalmente. Perguntaram ao passageiro que parou de nadar de avião, porque parou. Ele respondeu: “O avião caiu e eu podia ter morrido, não quero morrer, então, não ando de avião nunca mais”. Quando perguntaram ao passageiro que continuou andando de avião, porque continuou. Ele respondeu: “O avião caiu e eu podia ter morrido, mas não morri, então, não morro nunca mais”. Percebe que a mesma experiencia pode gerar ânimo ou desânimo. Quando você descobre que existe além do tempo e do espaço, que é criador da sua realidade, isso é como cair de um avião e sobreviver. Tudo depende da sua interpretação disso. Se você tinha esperanças de que tudo fosse se resolver com a morte, ou de que um deusoutro fosse resolver sua realidade por você, provavelmente o despertar existencial é desanimador. Se você entender que sua realidade está sobre o seu controle e você tem a eternidade para moldá-la tal como deseja, provavelmente o despertar existencial será animador.

Deus é o maior tabu humano. Se é difícil sair do equívoco do bicho papão, que dirá do equívoco do deusoutro. Ao despertar para Deus-eu você mata o deusoutro. Que pecado pode ser pior? Que heresia pode ser maior?

Também passei por essa angústia. É normal. Todo ser humano de mentalidade materialista fica se debatendo nessa angústia em busca da porta de saída. O livro Deus Da Cara Preta é a maçaneta da porta. Logo você irá girar a maçaneta e começará a sair. Quanto mais sair, menos angustia existencial.

Sua briga com Deus é uma lagarta no casulo se transformando em borboleta. Imagina a intensidade do processo bioquímico que acontece em um casulo para transformar uma lagarta em borboleta. Sua angústia é isso, bioquímica do despertar existencial.

Tem gente que lê o livro Deus da Cara Preta e consegue dormir. Não entendeu nada! Você teve insônia e angustia, é sinal que entendeu. Mais para frente, com a prática da autociência, essa angustia terá completado o propósito de transformá-lo em borboleta e você sairá voando.

A função da 1ficina não é lhe dizer como você deve viver, é lhe explicar o que é viver. Você decide.

A resposta é ambos e simultaneamente. Vou pegar eu e você de exemplo. Você não está me experimentando enquanto ser. Isso é impossível. Você está experimentando minha manifestação decodificada pelo seu sistema de decodificação. Essa manifestação decodificada é o que você chama de Ferrari e entende como sendo eu.

Esse Ferrari dentro de você é o seu Ferrari. Minha mãe experimenta o Ferrari dela. Minha esposa experimenta o Ferrari dela. Meu cachorro experimenta o Ferrari dele. O pernilongo experimenta o Ferrari dele. Até eu experimento um Ferrari diferente de todos os outros.

Existem tantos Ferraris como seres que convivem comigo. Qual é o Ferrari verdadeiro? Todos e nenhum! Cada Ferrari é verdadeiramente a experiência que aquele ser está tendo e que ele chama de Ferrari. Só que nenhum desses Ferraris, nem mesmo o meu, sou eu.

Eu sou um ser. Eu existo. Eu sou uma fábrica de realidade. Eu sou a causa, sem a qual nenhum desses Ferraris, seriam efeito.

Não, isso é impossível. Caso fosse possível, sua realidade seria imposta e injusta. E não haveria como executar o arbítrio. O que pode existir é desconhecimento da causa.

Você é a causa primária da sua realidade, então, você é Deus Causa Primária. A ideia de um ser supremo separado e além de todos os seres do universo é exatamente a ideia de Deusoutro. Deus é o coletivo dos seres e não um ser absoluto.

Cardume é o coletivo de peixe. Existe cardume? Não! Existe a coletividade dos peixes que recebe o nome de cardume. Mas é só nomenclatura. Cardume só existe como conceito para representar o coletivo de peixes.

O mesmo com Deus. Deus é o coletivo de seres (D-eus). Existe Deus? Não! Existe a coletividade de seres que recebe o nome de Deus. Mas é só nomenclatura. Deus só existe como conceito para representar o coletivo de seres.

Deus é cardume.

A palavra religião vem do latim: religare. Religare significa religar. Tem duas coisas interessantes nesse entendimento. A primeira é que religar é verbo. Então, religião não é teoria, é prática. A segunda é que você só pode se religar a algo do qual está desligado. E do que você está desligado? Você está desligado de si, da sua unicidade. Na 1ficina, esse desligamento recebe o nome de “outroísmo”. Você se desliga de si toda vez que vive outroísta. Religião é a prática de se desligar do outroísmo e se religar em si (autoísmo).

Muda sua forma de viver. Quando você acredita no deusoutro, você vive de forma vitimista. Afinal, se o criador da sua realidade é Deus, você é só uma vítima dele. Quando você está consciente que Deus é você, não tem mais espaço para o vitimismo, pois você sabe que a realidade que está experimentando é criação sua.

Porque o despertar existencial faz sua busca espiritual entrar em colapso total. Sua busca espiritual fica sem sentido. Que sentido tem você buscar Deus quando você descobre que Deus é você? Para onde você vai evoluir se você não tem como sair de si? Que êxtase, que experiência transcendente você pode ter, se toda experiência é imanente?

Porque realidade é efeito. Efeito é desdobramento da causa. A causa da sua realidade é seu arbítrio. Logo, sua realidade não aleatória.

Tudo que você acredita é você acreditando. Tudo que você não-acredita também é você acreditando, só que no oposto. O crente (teísta) acredita que deus existe, o ateu acredita no oposto, que deus não existe. A diferença é apenas o tipo de crença acreditada.

Quando você acredita que deus existe, você está acreditando na crença: deus existe. Quando você acredita que deus não existe, você está acreditando na crença: deus não existe. Mudar de crença não faz com que você deixe de ser um crente.

Eis porque ateus também são crentes.

Porque todo ser é igualmente um ser.

Essa palavra é uma pedagogia para explicar o equívoco do deusoutro. Deus é o coletivo dos seres e não um ser absoluto (deusoutro). Cardume é o coletivo de peixe. Existe cardume? Não! Existe a coletividade dos peixes que recebe o nome de cardume. Mas é só nomenclatura. Cardume só existe como conceito para representar o coletivo de peixes. O mesmo com Deus. Deus é o coletivo de seres (d-eus). Existe Deus? Não! Existe a coletividade de seres que recebe o nome de Deus. Mas é só nomenclatura. Deus só existe como conceito para representar o coletivo de seres. Deus é cardume.

Claro que é decisão sua. O que acontece é que você desconsidera as decisões anteriores que te levaram a experiência presente. Por exemplo, você decide fazer uma viagem. Você decide não dirigir. Você decide comprar uma passagem e ir de ônibus. O motorista cachaceiro dorme de volante, bate o ônibus e você quebra a perna. O que você faz? ( A ) Assume sua culpa pela perna quebrada, uma vez que foi você que decidiu viajar de ônibus. ( B ) Desconsidera sua decisão em viajar de ônibus e coloca toda a culpa no motorista cachaceiro que dormiu no volante. Esclareceu?

Verdade é uma crença que você acredita ser verdadeira. Realidade é o que você está experimentando agora e sempre. Existência é você-ser, experimentador da sua realidade.

Para alguém que me diga que Deus é outro, eu digo: me prova. Para alguém que duvide que é Deus, eu digo: se prove. (Se prove = se observe). Daí, sim, tem solução, pois você retira a questão do campo da crença e traz para o campo da ciência (autociência).

Quando começa a acreditar no equívoco do materialismo.

Ligue seu aparelho de som e coloque uma música para tocar. Quem está criando a música? Você dirá convicto que é o aparelho de som. Mas isso é um equívoco. Quem está criando a música é você, ouvinte, o aparelho de som está apenas produzindo estímulos, impulsos, frequências. Não tem nenhuma música saindo do alto-falante do aparelho de som, tem apenas vibração sonora. Quem está produzindo a música é a sua cabeça. Como? Através do processo mental de decodificação dos impulsos sonoros que saem da caixa de som e chegam até seus ouvidos.

Quem cria a música é o ouvinte, ou seja, o observador do som. O mesmo acontece com a matéria. Quem cria a matéria é você-observador. O que você chama de matéria é sua decodificação humana de impulsos. Quando um impulso chega em você, você o decodifica usando 5 bases sensoriais: audição, tato, olfato, paladar e visão. Esse processo de decodificação produz dentro de você um objeto que você chama de físico, material.

Observe um objeto. Qualquer objeto. Do que esse objeto é feito? É feito de dureza e temperatura. Isso é tato. É feito de largura, altura, profundidade e cor. Isso é visão. É feito de sabor doce. Isso é paladar. É feito de cheiro azedo. Isso é olfato. É barulhento. Isso é audição. Então, do que esse objeto material é feito? É feito de experiência sensorial: audição, tato, olfato, paladar e visão. E quem está dando corpo sensorial a estímulos sem forma? É você!

Quem cria a matéria é o observador. Você é um observador, então, você é um criador de matéria. Você é um observador humano, então, você é um criador de matéria humana. Outros tipos de observadores criam outros tipos de matéria porque possuem outros tipos de sistemas de decodificação sensorial.

Você precisa saber quem inventou um jogo para jogá-lo. Não! É irrelevante. Você precisa saber quem inventou o celular para usá-lo. Não! É irrelevante. Você precisa saber quem inventou o chocolate para saboreá-lo. Não! É irrelevante. Da mesma forma, tanto faz quem inventou a experiência humana.

Seja quem for, é irrelevante para você brincar a brincadeira. O inventor da experiência humana pode ter sido qualquer ser do universo, inclusive você, que inventou, entrou dentro da brincadeira e depois esqueceu disso. E mesmo que tenha sido você, saber disso também é irrelevante.

O que você usa para chutar a bola: o pé ou a perna? Você usa tanto o pé como a perna. Até porque o pé faz parte da perna. Analogamente, quem está criando sua realidade é você-ser, mas através da interface humana.

Sim, totalmente. Porém, é um tiro no pé, pois é impossível fugir da responsabilidade. Até para fugir da responsabilidade você precisa optar por isso, e optar é você executando sua responsabilidade.

Porque você é deus dormindo.

Quando digo que você é Deus, não estou dizendo que você é o criador absoluto de todas as realidades do universo. Você é o criador da sua realidade e apenas da sua. O criador da realidade do outro é o outro. O universo é a coletividade dos seres. Cada ser no universo é um Deus, criador da própria realidade. Você é um ser, então, você é um Deus entre os infinitos Deuses do universo. Você não é onipresente, você é autopresente, você está em toda sua realidade. Você não é onipotente, você é autopotente, você controla sua realidade. Você não é onisciente, você é autociente, você é consciente da sua realidade.

Não sou ateu, nem crente, sou consciente. Para mim Deus não é crença, é ciência. Sou ciente do que é Deus. Só existe crença em estado de ignorância, quando se é ciente de algo, a ciência substitui a crença. Um cego ignora as cores, então, só lhe resta acreditar. Quando você enxerga as cores, não precisa acreditar, você é ciente das cores. Sou ciente do que é Deus. Deus para mim é evidente. Deus é o que eu sou, você é, todos somos. Deus é a coletividade dos seres.

Eu sou Deus, assim como você e todos os seres. Sendo que Deus não acredita em Deus, então, sim, pode-se dizer que sou um deus ateu.

A explicação sobre deus-eu não visa matar Deus, visa matar o deusoutro, é diferente. Nesse sentido, a 1ficina ressuscita Deus. Quem mata Deus é a religião, ou melhor, os religiosos.

Sei e não tenho como deixar de saber. Seria imprudência minha falar sobre criação de realidade se não soubesse. Deus sou eu. Deus é você. Deus é a coletividade dos seres.

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