Imprimir / PDF

O materialismo é o maior equívoco humano. Tão sutil, que só uma mínima porcentagem de seres humanos conseguiram desmascará-lo. Entre os que conseguiram, poucos explicaram o que descobriram. Suponho que por dois motivos. Primeiro, porque ninguém entende a explicação. Depois, porque explicar que o universo não é externo nem material, é pedir para ser internado em um hospício. Apesar disso, o objetivo desse livro é justamente ajudar você a desmascarar o equívoco do materialismo.

Quando você era criança, você acreditava piamente que Papai Noel existia. Seus colegas mais velhos lhe alertaram da farsa, porém, por mais que lhe dissessem que era história fantasiosa dos adultos, ainda assim, você continuava acreditando que Papai Noel existia. E por quê? Simples, porque você queria que Papai Noel existisse.

Eis a maior dificuldade de sair de um equívoco: sua vontade em acreditar nele. Você quer acreditar em Papai Noel, em unicórnios e em deusoutro. Você quer que o falso seja verdadeiro. Simplesmente quer. E por querer, faz de tudo para fugir do primeiro passo para desmascarar qualquer equívoco: questionar a veracidade da sua crença.

É impossível sair de um equívoco enquanto você não questionar a veracidade da sua crença. E como você pode fazer isso? Procurando por impossibilidades e fatos que demonstrem a farsa. Na infância, você poderia ter questionado a veracidade da existência do Papai Noel através das seguintes observações: “Eu moro em um apartamento e não tem chaminé aqui, como o Papai Noel consegue entrar na minha casa? São milhões de crianças no mundo, como o Papai Noel consegue entrar em todas as casas em uma só noite? São muitos presentes para entregar, como o Papai Noel consegue carregar tudo em um trenó só?”. E assim por diante.

Enfim, se é difícil desconfiar da existência de Papai Noel, muito mais difícil é desconfiar e sair do equívoco do materialismo. Esse livro contém quatro apontamentos para você começar a desconfiar que matéria não é material e desmascarar esse equívoco. Mas não é suficiente ler esse livro, pois o equívoco do materialismo está alicerçado na sua ignorância existencial. Use esse livro como ajuda na prática da auto-observação existencial. Só através da prática da auto-observação existencial você conseguirá comprovar o que está sendo apontado nesse livro.

Boa leitura e boa prática!

O primeiro equívoco da mentalidade materialista é assim:

O criador demorou seis dias para criar uma vaca. No sétimo dia o criador foi descansar. Daí para frente, o problema da criação passou a ser da vaca. Ela que fosse namorar o boi para criar mais vacas. O criador não tinha mais nada a ver com isso. Claro que essa mesma lógica se aplica aos seres humanos. Após criar a vaca, o criador criou o homem. Uma vez que os homens foram criados, o criador foi descansar. Daí para frente o problema da criação passou a ser do homem. O homem que fosse namorar a mulher para criar mais pessoas. O criador não tinha mais nada a ver com isso.

Qual é o equívoco dessa lógica? O equívoco é que o criador não cria a realidade e pronto, fim da criação. O criador está constantemente criando a realidade, caso contrário a realidade desaparece.

Toda a briga entre criacionistas e evolucionistas acaba com esse entendimento, porque criacionistas e evolucionistas pensam exatamente da mesma maneira, que a realidade foi criada e pronto, fim da criação. A diferença é que para os criacionistas o criador da realidade se chama Deus e para os evolucionistas o criador da realidade se chama matéria.

Nada nunca foi criado. As coisas não foram criadas. Realidade não é um criado. Realidade é criação. Ou seja, realidade está sendo criada instante após instante, agora, agora, agora, agora… Se a criação parasse de acontecer agora, tudo desapareceria agora porque não haveria mais criação para produzir realidade.

Observe essa vaca pastando na tela. Se o computador parar de criar a vaca na tela, o que acontece? A vaca desaparece imediatamente. Puf! Não tem mais vaca.

Outro exemplo. Imagine uma vaca. Está vendo essa vaca na sua imaginação? Essa vaca na sua imaginação foi criada? Não, essa vaca na sua imaginação está sendo criada. Se você parar de imaginar essa vaca, a vaca imaginada desaparece. Quer ver?

Imagine a vaca se transformando em um coelho. Um coelho branquinho, fofinho. Está imaginando o coelho? Então, cadê a vaca? A vaca desapareceu. Agora imagine o coelho se transformando em um elefante grandão, pesadão. Está imaginando o elefante? Então, cadê o coelho? E cadê a vaca? O coelho desapareceu e a vaca desapareceu. E por quê? Porque você parou de criar (imaginar) a vaca e o coelho.

Nada jamais foi criado. Não existe passado. Tudo é constantemente criado aqui, agora e sempre. A realidade é uma criatura enquanto o criador está criando, se o criador para de criar, a criatura desaparece, pois não está mais sendo criada.

Assim é com TUDO. Tuuuuuuudo, sem exceção.

Realidade não anda para frente, nem para trás, nem para cima, nem para baixo. Realidade não se desloca. Realidade é tudo. Tudo não tem para onde ir. Tudo vai e vem no mesmo lugar, feito imagem numa tela de televisão. Tudo se transFORMA. 

Observe o deslocamento da realidade numa tela de televisão. Surge um quadro na tela que se transforma no próximo quadro, e no próximo quadro, e assim por diante. De onde a realidade na televisão está vindo? Para onde está indo? Está indo e vindo do mesmo lugar: da transformação na tela. Cada novo estado da tela, não é uma nova tela, é a mesma tela transFORMAda.

O mesmo acontece com sua realidade: não se desloca, se transFORMA. O lugar onde sua realidade se transforma se chama: você. Big bang é um big engano. Você não está contido na realidade, é a realidade que está contida em você.

Se você não é o criador da sua realidade, sua realidade não tem relação causal com você. Logo, para que autoconhecimento se tudo que você experimenta é efeito de uma causa que não é você? “Autoconhecimento para viver melhor!”, mas se você não é o criador da sua realidade, você não vive, você é vivido, igual um boneco de marionete. Quando você vai para direita, não foi você que foi, não foi você que causou seu deslocamento, foi o criador-outro. Você é só uma criatura, um avatar na tela de um vídeo game que está sendo controlado por um criador que não é você.

O segundo equívoco da mentalidade materialista é o deusoutro (criador-outro). Para sair do equívoco do deusoutro, você precisa despertar para o fato que você é o criador da sua realidade. Você precisa despertar para o fato que Deus é você e não outro.

Você pensa assim: “Como posso ser o criador dessa realidade, se essa realidade é material e eu não sou criador da matéria? Como posso ser o criador do sol, das estrelas, dos planetas, dos bichos, das nuvens, das montanhas? Como posso ser o criador de todos os objetos se eu não consigo nem desenhar uma casa numa folha de papel? Impossível!”. Se o universo fosse externo e material, sim, seria impossível. Só que o universo não é externo, nem feito de matéria. O universo é imanente e feito de experiência de materialidade.

Uma coisa é um objeto ser duro, grande, tridimensional, colorido, quente, etc. Outra coisa é você ter uma experiência de dureza, grandeza, tridimensionalidade, cor, temperatura e, por conta disso, supor um objeto externo com essas características. Você é sim o criador da matéria, pois matéria não é feita de matéria, matéria é feita de experiência. Não existe objeto sol, existe experiência objetiva de sol. Sol é feito de experiência. Retire sua experiência de sol, que sol fica? Cadê o sol sem sua experiência de sol? Não tem sol sem experiência de sol. E por que não? Por que sol não é um objeto externo, é uma experiência dentro de você.

Está óbvio que tudo é feito de experiência? Ainda não! Então, descreva o sol. Descreva esse objeto que você chama de sol. Vamos supor que você descreva assim: “O sol é um objeto esférico, iluminado, quente, amarelo, que fica longe de mim”. Percebe que para descrever o sol você usa uma série de adjetivos: esférico, iluminado, quente, amarelo, distante? Onde estão os adjetivos? Nos objetos? Você supõe que sim. Você supõe que esférico, iluminado, quente, amarelo e distante saem do sol e entram em você. Só que não. Os adjetivos estão em você. São atribuições mentais suas. E pior! Objeto também é um adjetivo. Sem forma nenhuma, que objeto seria o sol?

Matéria é feita de experiência e não de matéria. “Ah, mas tem o objeto em si, que eu vejo, e daí tenho a experiência de objeto dentro de mim”, você pode dizer. Essa é exatamente a suposição equivocada da mentalidade materialista.

Antes de prosseguir com a leitura assista esse vídeo:

Ano 3050, um repórter entrevista o cientista chefe do experimento AGORAVAI sobre a descoberta cientifica mais revolucionária de todos os tempos.

— O que foi que vocês descobriram?
— Descobrimos a PDPN.
— O que é isso?
— É a partícula fundamental da matéria.
— Que partícula é essa?
— PDPN é a Partícula De Porra Nenhuma.
— Quer dizer que tudo é feito de porra nenhuma?
— Exato! PDPN é a porra que fecunda e dá origem a tudo.

O repórter vira para câmera e encerra a reportagem:

— Pronto! Finalmente descobrimos do que tudo é feito! Eu, você, tudo e todos somos feitos de porra nenhuma! Quando imaginaríamos uma porra dessas!? Direto do AGORAVAI, fui.

O quarto equívoco da mentalidade materialista é o dualismo. Você é a fábrica da realidade, mas não está além da realidade. Não tem criador e criatura: criador é criatura e criatura é criador. O criador da realidade não está separado da realidade. Esse é o equívoco do dualismo. Realidade é o estado do ser (criador). Eis o monismo. Fim da dualidade.

Vamos voltar ao exemplo da vaca pastando na tela do seu computador.

Se você acreditar que a vaca é um objeto independente da tela, surge a dualidade: vaca e tela. Se você perceber que a vaca pastando no monitor são estados da tela, que é a tela se transformando, instante após instante, fim da dualidade. Eis o monismo. Só tem um único ser, uma única existência, a tela, que por estar se manifestando em forma de vaca pastando, produz a ilusão, o efeito, a realidade de vaca pastando.

Não existe criador e criatura. A criatura é o criador se vendo como criatura.

Imagine que a tela do computador fosse consciente, mas só conseguisse ver o que ela cria. Quando a tela criasse uma vaca pastando, devido à impossibilidade de ver outra coisa senão o que está criando, o que a tela iria acreditar ser? A tela iria acreditar que ela é uma vaca pastando. E se alguém dissesse para tela que ela é muito mais que uma vaca, que ela é uma tela, que ela é uma fábrica de realidade com potencial infinito. O que a tela diria?

Por favor, presta atenção, que agora é o ponto alto do equívoco. Vou repetir! Se alguém dissesse para a tela que ela é muito mais que uma vaca, que ela é uma tela, que ela é uma fábrica de realidade com potencial infinito. O que a tela diria? Clique no play para ouvir o que a tela diria:

Você é a fábrica da sua realidade. Mas quando eu lhe digo isso, o que você diz? Clique no play para ouvir o que você diz:

Por que você afirma que uma maçã existe?

— Porque eu vejo, pego, cheiro, saboreio, enfim, tenho uma experiência de maçã.

E o que faz sua experiência de maçã ser diferente de uma experiência de abacate?

— Maçã é uma experiência que tem forma, cheiro e gosto de maçã. Abacate é uma experiência que tem forma, cheiro e gosto de abacate.

Sendo assim, do que maçã e abacate são feitos?

— São feitos de paladar, tato, cheiro, sabor e visão.

O que é paladar, tato, cheiro, sabor e visão?

São formas conscienciais.

Então, do que maçã e abacate são feitos de fato?

— São feitos de consciência.

Sair do materialismo é simples assim, basta você perceber que nunca esteve dentro. E esse tutorial não serve apenas para desmaterializar maçãs e abacates, tem o poder de desmaterializar todos os corpos do universo, inclusive o seu.

PERGUNTAS

Imagine que você está jogando um videogame. Você é um personagem em frente uma caixa. Você abre a caixa e tem um gato dentro. O gato estava dentro da caixa antes de você abrir? Se você partir da premissa materialista que supõe que a realidade é externa, dimensional, e temporal, independente da observação, você dirá que sim. Óbvio que o gato estava dentro da caixa, caso contrário, você não teria visto o gato quando abriu.

Essa resposta está perfeita na lógica materialista. Só que você é um personagem em um videogame e não um corpo material no universo. No videogame, nenhuma realidade se faz presente na tela até que você a crie através do controle (arbítrio). Enquanto você não opta por abrir a caixa, não tem sequer a imagem do interior da caixa, pois o videogame não criou essa imagem na tela ainda. Então, pode ter um gato dentro da caixa, mas também pode ter um repolho roxo, um pote de sorvete, um sapo, uma cebola, etc, infinitas possibilidades.

Sua decisão em abrir a caixa é o tal do colapso de onda. Você opta por abrir a caixa e experimenta a realidade resultante dessa opção. A partir desse momento, e só a partir desse momento, o videogame cria a realidade do interior da caixa com um gato dentro. Se você ignorasse que está jogando um videogame, você teria a convicção de que o gato é uma coisa material dentro de uma caixa material e que ele apareceu dentro da caixa porque já estava lá dentro.

Você é um monismo. O outro é outro monismo. Você só pode entender o seu monismo, mas entendendo o seu, por analogia, você entende o monismo dos outros.

Praticando auto-observação existencial. Se você observar atentamente os movimentos do mágico no vídeo abaixo, você se tornará consciente do truque que o mágico está executando. Você é um ser humano. Sua humanidade é um mágico. É sua humanidade que está produzindo o truque da experiência humana que inclui sua experiência de materialidade e externalidade. Auto-observação existencial é assistir seus próprios movimentos mentais até que o truque da materialidade e da externalidade se tornem evidentes. Uma vez que se tornam evidentes, não tem mais mágica, vira autoconhecimento.

Observe que lugar é experiência de fisicalidade. Observe que seu corpo é experiência de fisicalidade. Observe que seu corpo deslocando é experiência de fisicalidade. Observe que experimentar não é uma experiência e não sai do lugar.

Imagine que você (ser) e todos os outros (seres) humanos estão jogando um videogame. Todos nasceram com um óculos de realidade virtual e não conseguem tirar. Cada um está “enxergando” o mundo “externo” através dos seus óculos de realidade virtual. Vocês acreditam que existe um mundo externo, pois quando conversam, entram em acordo sobre o que estão “vendo”. Só que não tem nenhum mundo externo. Cada um está vendo apenas a telinha dos seus óculos de realidade virtual simulando um mundo externo. É mais ou menos assim.

Através do estímulo. Vamos supor que eu te envie uma fotografia de uma girafa. O que saiu do meu computador, viajou pela internet, chegou até o seu computador e está fazendo você ver essa girafa, foi uma girafa? Essa girafa foi andando pelo fio da internet e entrou na tela do seu computador? Foi isso que aconteceu? Não, o que viajou pela internet foi uma série de impulsos que o seu computador decodificou e mostrou na tela como girafa. Analogamente, o mesmo está acontecendo com tudo isso que você chama objetos materiais e externos.

Tem uma história famosa de dois passageiros que sobreviveram a queda de um avião. Um deles nunca mais andou de avião. O outro continuou andando de avião normalmente. Perguntaram ao passageiro que parou de andar de avião, porque parou. Ele respondeu: “O avião caiu e eu podia ter morrido, não quero morrer, então, não ando de avião nunca mais”. Quando perguntaram ao passageiro que continuou andando de avião, porque continuou. Ele respondeu: “O avião caiu e eu podia ter morrido, mas não morri, então, não morro nunca mais”.

Percebe que a mesma experiencia pode gerar ânimo ou desânimo. Quando você descobre que existe além do tempo e do espaço, que é criador da sua realidade, isso é como cair de um avião e sobreviver. Tudo depende da sua interpretação disso. Se você tinha esperanças de que tudo fosse se resolver com a morte, ou de que Deus fosse resolver sua realidade por você, provavelmente o despertar existencial é desanimador. Se você entender que sua realidade está sobre o seu controle e você tem a eternidade para moldá-la tal como deseja, provavelmente o despertar existencial será animador.

A ilusão está acontecendo de fato, obviamente.

O que é carne? Ao que você está se referindo quando diz carne? Você está se referindo a uma experiência de carne. Sem a experiência de carne, que carne tem? Nenhuma! Por que não? Porque carne não é objeto físico, não é coisa feita de matéria, é objeto virtual, feito de experiência sensorial (visão, tato, paladar, audição e olfato). Todos os objetos que você supõe físicos, não são físicos, são objetos virtuais.

Carne não existe, acontece. Se carne existisse, nunca deixaria de existir. Existência nunca começa, por isso, nunca termina. O que começa e termina não existe, acontece, igual um filme na tela da televisão. O filme começa e termina. Mas a televisão não começa com o começo do filme, nem termina com o fim do filme. A televisão existe antes do filme começar e depois que o filme termina. O filme acontece, a televisão existe.

Se esses objetos que você supõe físicos, não são físicos, são virtuais: o que é isso que possibilita e dá corpo virtual a esses objetos? E mais! Pode isso que possibilita e dá corpo virtual aos objetos virtuais ser um corpo virtual também? Claro que não! A fábrica dos objetos está além dos objetos produzidos. É de outra natureza. Qual natureza? Existencial. E o que é isso que existe e produz os objetos virtuais? É você (você-ser).

Se é experiência, não é crença. O materialismo é uma crença. A experiência de materialidade é uma experiência. Não confunda pires de oliveira com pratinho de azeitona.

Não prova, mas cria um enorme “ENTÃO PORQUÊ?”. Se matéria é material, ENTÃO POR QUE se comporta de forma diferente com a medição?

Essa realidade que você está experimentando agora e sempre é feita de quê? Se você usar a lógica científica para responder, sua resposta será: “A realidade é feita de matéria”. Daí eu te pergunto: “Do que a matéria é feita?”. Se você continuar usando a lógica científica, você não terá como responder, pois a ciência não sabe do que a matéria é feita, a ciência sabe apenas como a matéria se comporta.

Se eu te perguntar do que a realidade é feita e você usar a lógica autocientífica para responder, sua resposta será: “Realidade é feita de experiência”. Daí eu te pergunto: “Experiência é feita de que?”. Sendo que experiência é uma criação mental dentro de você, para responder essa pergunta, você tem que investigar a natureza dessa sua criação mental.

Então, finalmente, respondendo sua pergunta: investigar a natureza da sua realidade é investigar a natureza dessa criação mental constante e ininterrupta que você chama de realidade.

O que te impede é o hábito de acreditar no materialismo.

A ciência, como estudo da realidade externa, desaparecerá, e os cientistas entenderão que, mesmo inconscientes, estavam praticando autociência. E tem mais! Se a realidade não é externa, se é virtual e imanente a você, criador da realidade, as leis naturais também são. Essa será a grande revolução da ciência, ela deixará de ser um estudo da realidade externa e se tornará o estudo da natureza humana, que cria a realidade que parece externa. Os cientistas irão descobrir que tempo e espaço fazem parte do sistema operacional humano (natureza humana). E não terão descoberto nada de novo. O filósofo Emanuel Kant, por exemplo, já explicou isso faz tempo.

Esse é o equívoco do materialismo. Para ficar consciente da natureza da matéria, você deve estudar OS cinco sentidos e não COM os 5 sentidos. Você deve investigar como os 5 sentidos criam a perspectiva perceptiva de materialidade que você chama de matéria.

Não é difícil. É fácil. Olhe para o seu corpo. O que está acontecendo quando você está olhando para o seu corpo? Basicamente você está tendo uma experiência visual de corpo, não é? Isso é óbvio. A dificuldade não está em perceber o corpo como uma experiência, mas em perceber que você não é o corpo, que você é o experimentador do corpo.

Você é uma consciência adormecida na mentalidade materialista. Esse adormecimento faz você acreditar que você é o corpo. A todo instante, o fato de você estar experimentando o corpo, te mostra que você está equivocado. Mas sua crença no materialismo é muito arraigada, desde que você nasceu você cultiva a crença de que você é o corpo. Virou uma verdade. A dificuldade é perceber que essa verdade é um equívoco.

Dito isso, outra dificuldade é que sua experiência de corpo acontece com perspectiva perceptiva de primeira pessoa. Essa perspectiva faz você acreditar que está percebendo o mundo através dos cinco sentidos do corpo, que está vendo com os olhos, ouvindo com os ouvidos, cheirando com o nariz, e etc. Essa perspectiva perceptiva de primeira pessoa é o videogame de simulação de realidade virtual perfeito.

E você não tem como sair dela assim como você sai de um videogame, tirando os óculos, ou desligando o videogame. O que você pode fazer é despertar a consciência dentro da realidade virtual e perceber que é uma realidade virtual e não material. Mas ainda assim você continuará tendo exatamente a mesma experiência que tinha antes de despertar.

No filme A Origem, o personagem principal responde sua pergunta assim: “Qual é o parasita mais resistente? Uma bactéria? Um vírus? Não. Uma ideia! Resistente e altamente contagiosa. Uma vez que uma ideia se apodera da mente, é quase impossível erradicá-la. Uma ideia totalmente formada e compreendida, permanece para sempre”.

O que você acha que estou fazendo com você? Estou combatendo o vírus do materialismo arraigado em você. O materialismo é o vírus mais resistente da experiência humana. O materialismo é o vírus que cria e sustenta o sistema social que tritura diariamente seus integrantes. E ainda é defendido com unhas e dentes. Que vírus pode ser pior que o materialismo?

Porque matéria é experiência de materialidade e experiência acontece dentro do observador e não no objeto observado.

Por que você quer ser alguma COISA. Mesmo que for uma COISA espiritual, ou uma COISA transcendental, ou uma COISA quântica, ou uma COISA metafísica. Enfim, qualquer COISA é melhor que nada.

Porque você acredita que é um corpo. Quando digo que a realidade está dentro de você, não estou dizendo que está dentro da sua barriga, ou dentro da sua cabeça, estou dizendo que a realidade é imanente a consciência. Você não é um corpo, você é uma consciência.

Porque você QUER ACREDITAR que é um corpo. Você pensa assim: “Se não sou um corpo, então, o que eu sou? Um fantasma? Um nada? Um vazio? Não! Isso é loucura! Não, não, não! É óbvio que sou um corpo! Olha o corpo aqui! Estou vendo! Estou pegando! Isso é conversa de maluco!”

Os cinco sentidos não percebem os objetos materiais que existem externamente, os cinco sentidos criam os objetos e a perspectiva de externalidade. Essa é a resposta simples, óbvia e desconcertante.

Retire os cinco sentidos que fazem você supor um objeto material e externo, que objeto material e externo tem? Não tem nenhum! E por que não? Porque não tem objeto material e externo em si para ser percebido pelos sentidos, nunca teve, nunca terá. Só tem experiência de objeto, que no caso do ser humano, é feita de cinco sentidos.

O paradigma materialista não é sempre um problema. Muitas vezes é solução. Você precisa usar o paradigma materialista para executar todas essas atividades físicas e práticas que você executa o tempo todo, como fritar um ovo e comê-lo, por exemplo.

Para entender quando o paradigma materialista é um problema, você deve se perguntar o inverso: “Para que NÃO SERVE o paradigma materialista?”.

O paradigma materialista não serve para explicar o que é a vida e o que é ser humano. E por que não serve? Porque se servisse, já tinha servido e você viveria bem.

Nem eu, nem você, nem ninguém, nem coisa alguma. Só que eu sei disso e você ignora. Se quiser saber também: acorde!

Tocar é experiência de fisicalidade. Você não toca os objetos, você tem uma experiência de fisicalidade de que você é um corpo físico tocando outros objetos físicos. Parece concreto porque experiência de fisicalidade é exatamente assim, experiência de forma, experiência de corpo, experiência de objeto, experiência de concretude.

Não é correto dizer que comprovei com o verbo no passado, pois é um saber constante, presente, no gerúndio. Eu vivo em constante comprovação. Eu vivo sabendo que matéria é experiência de fisicalidade.

AULAS

FRASES

© 2025 • 1FICINA • Marcelo Ferrari